domingo, 21 de março de 2010

282 - APENAS UM TIJOLO
Autor: Carlos Henrique Rangel

No vazio do lote ocupado por matos,
lixos e ratos,
um tijolo perdido me lembra o passado...
O sobrado parece ressurgir do nada na tela de minha mente
e quase ouço as vozes da elite da terra em seus saraus restritos.

Nunca fui convidado porque não existia ainda para esse mundo de contrastes.
Meu pai e minha mãe também não...

Mas a casa “bacana”nos fascinava pela beleza...
Pelo que significava: beleza, riqueza, poder...

Depois o tempo, esse devastador de utopias, descorou sua tinta.
Envelheceu seus moradores.
Desfez a magia...
As massas em relevo de suas fachadas
caíram deixando à mostra os tijolos comuns a todas as casas.

O telhado que cobria a riqueza fez água...

Por fim, o pedaço da história se foi...
A cidade continuou o seu caminho com a memória empobrecida...

Apenas um tijolo perdido me lembra o passado entre matos lixos e ratos.

2 comentários:

  1. Sobrou apenas um vestígio que troxe lembranças, um único tijolo que trouxe memórias a tona,foi o que sobrou com o passar dos anos.

    Parabéns! Belo Poema! :D

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