quarta-feira, 10 de março de 2010

272 - LEÕES
Autor: Carlos Henrique Rangel

Olham
Os leões da praça.
Poses de artistas...
No banco,
Olho o mundo
Em movimento
E sou quase
Um ausente.

Que falta faria
Se desaparecesse?
Tudo continuaria...
E os leões...

A metrópole
Parece eterna
E respira
Se alimenta
Se droga...
Suas veias
Estão sujas
E suas carnes
Apresentam
Impurezas...

Ela se maltrata
Mas respira...

É eterna...

Olham
Os leões...
Inanimados,
Eles e eu.
A metrópole
Gira sobre si,
Animal
Sem mente
Que age
Por instinto.

Há de tudo
Nesse corpo:
Amor, ódio,
Tristezas, alegrias,
Fomes diversas,
Solidão...
Tudo é movimento.

Parados
Somente eu
E os leões.

273 - TRATADO
Autor: Carlos Henrique Rangel


Não rimo nada.
Acho que poesia
Não precisa
Ser rimada.
Apenas jogo letras
No papel.
Palavras soltas,
Palavras ao Leo.

Como disse:
Não rimo nada.
Para escrever
Basta uma musa
Uma amada...
Ou tudo
Ou nada.

Apenas avanço
Minha mão e deixo
O controle ao coração.
Ou não...

Poesia não precisa
Ser rimada.


274 - POÇAS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Pisaram e a água espirra
Ganhando espaço.
Parada, nunca está...
Ou o vento que acaricia
Ou passos que oprimem.
Movimento é a sina
Da poça solitária.
Acidente da calçada,
Falha urbana...
Ignorada, ela é parte
da vida.
Transtorno de alguns.
Solitária, ela quer mais.
Quer correr o mundo.
Mas está limitada
À fenda, sua prisão.
O tempo lhe garante
A vida.
Seu tempo
É quase um não.

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