terça-feira, 20 de dezembro de 2016

FALAR DE AMOR E OUTRAS COISAS I

FALAR DE AMOR
E
OUTRAS

COISAS





Autor: Carlos Henrique Rangel

Novembro/2016










1 - FALAR DE AMOR
Autor: Carlos H. Rangel

E por falar
De amor
Lembra daquele
Filme?
Aquele que
Me inspirou
Para te dizer
Com ardor
Palavras do coração?
Lembra quando
Te dei a mão?
O tremor
A emoção
De ser quase original
Na doce repetição
Do dito em várias
Línguas
Com a mesma entonação?



2 - APENAS UMA MULHER
Autor: Carlos H. Rangel

Apenas uma Mulher
Eu desejo
No vai e vem
Do meu leito.
Apenas uma Mulher
Neste momento
Em que a intimidade
Exclui amigos
E recebe bem a doce
Sonoridade romântica
Da noite...
Apenas uma mulher
E seu calor repetido...
Seu gemido conhecido
Ocupando o espaço
Dos mitos no peito de um faminto...
Apenas uma Mulher
Eu digo e repito
Na velha fórmula poética
Dizendo amem aos céus
A dádiva que tenho recebido...







3 - PEDAÇOS DE AMOR
Autor: Carlos H. Rangel

Em cada curva
Um pedaço de amor...
A dor
A força da dor
O ser que ama
Na dor...

Um pedaço de amor
Em cada curva
Em cada músculo...
No respirar
No suspirar
Em cada curva...

Um pedaço de amor
Por ti
Por só
Assim viver...

Em cada curva
Em pedaços de amor...


4 - COISAS DE BAR
Autor : Carlos H. Rangel

O Sol ...
Congela meus movimentos...
Preguiça gostosa
Cheiro de cerveja fresca...

Um som semi-distante
Fecha meus olhos por instantes
E eu quase deito sobre a mesa...

Companheiros de momentos
Levantam seus copos
Em cadência
Desordenada
E palavras úmidas de álcool
Passeiam pelos meus ouvidos
Pouco atentos...
A garrafa chora pedindo amigas...
Eu espero...









5 - POR QUE
Autor: Carlos H. Rangel

Porque será
Que seu corpo
Me ama
Como eu
Gostaria
Que você me
Amasse?


6 - SABEDORIA
Autor: Carlos H. Rangel

A sabedoria passeia sobre meu corpo
Mas eu ainda a ignoro em minha vontade
De ser um EU.
Luto ainda
Mordo a injustiça
Sendo injusto...
Grito no vazio
crenças idiotas
Franzindo a testa em quixotices que sei...
Me retraio várias vezes sabendo tudo...
Mas o movimento carnal me arrasta
Para inimizades com o Profundo...
Sei do Rio
O verdadeiro caminho
Mas a corrente perde para minhas braçadas...
E luto por um poder que sei
Não quero...
A sabedoria na simplicidade íntima
Passeia em meu corpo.
Eu ainda sonho com o silêncio
E poder sorrir para as feridas
Da carne...


7 - CONHECER
Autor: Carlos H. Rangel

Meu amor
Me trata com carinho
Me diz o que quero
Muitas vezes não...
Meu amor sabe de mim
Como a palma de sua mão...








8 - COISAS DE BAR
Autor: Carlos H. Rangel

A juventude grita em mim
Aos goles de cerveja.
Subo nas cadeiras
Beijando seus lábios
Numa audácia tímida...
Não tente entender a cor
Dos meus olhos...
Eles olham
O seu jeito de moça Normal
Com um sorriso doido...

Os cabelos são longos
Mas não me cobre posturas...
Sou novo homem com ódios antigos
E sorriso de recém-nascido.

Lá em baixo
Os desejos são os mesmos...
Não me pergunte se te amo...
Só quero um beijo regado
A pinga com mel...
Amanhã quem sabe,
Agente se fala...


9 - COISAS DE BAR
(Decadente)
Autor: Carlos H. Rangel

Tanto faz
Tanto fez...
Só quero beber
o que cabe deste Fel
Molhando meu cotovelo
Na sarjeta deste bar...

A noite,
Essa bela Companhia
Me consola da monotonia
E eu finjo  que não haverá Mais dia...

Nesta fantasia
Me misturo aos meus iguais
Enquanto sonho com um pedaço
De paz...
Em meio aos ruídos confusos
Tento distinguir sua voz moça
Quase pura
Chorando suas verdades noturnas
E me delicio Com o desenho
Do seu corpo
Que descubro nos passeios
Dos meus dedos...
Assim passam-se as horas
Meu Deus!
Chega o dia...


10 - PLATINA
Autor: Carlos H. Rangel

Minha moça
Tem a cor
Semi branca
Das mulheres
Latinas
E sorri
Com dentes
De platina
Quando feliz...

Este estado
Não é freqüente...
Minha prematura
Esclerose
Lhe deixa infeliz...

Mas é amor
O que sinto
Mesmo quando
Brigo
Mesmo quando
Brinco
E não sei
Viver
Sem esse abrigo.



11- COISAS DE BAR
Autor: Carlos H. Rangel

Entre um copo
E outro
Seus beijos me distraem
Os lábios...
Lá fora as estrelas
Se misturam aos brilhos
Néons da vida artificial...
Meu sorriso de mentira
É a minha resposta
Aos patrulheiros
De plantão...





12 - AMIGO ANTIGO
Autor: Carlos H. Rangel

A imagem no espelho
Reflete o amigo que descobri
E descobri
Ser mais quando me sinto menos...
E descobri crescer
Em minha companhia
Aquele amigo constante
Que sou de mim.

A crescente luta do dia a dia
No andar
No pensar
No vencer passos
Onde mais não se pode ir...
Venci
Andei
Lutei
Com um novo amigo...
Amigo antigo que sou de mim.
E descobri
Ao me ver só
A fazer amigos
Mais fácil
Mais tranqüilo
Mais corajoso
Mais amigo de mim mesmo
E mais disposto a continuar
Na luta pela vida.



13 - AMAR É...
Autor: Carlos H. Rangel

Amar é...
Te encontrar
Em beijos de menino
Te sorrindo carinhos
Em uma sexta feira...
Amar é...
Beber seus lábios
Numa mesa
A dois
Pensando no depois...
Correr as mãos
Em teu corpo
Com fome de você...
Amar é...
Te ter no ir e vir
No ficar depois de ir
Com sorriso bobo
De quem gostou
De ir e vir...
Amar é
Delirar sobre
Teu corpo
Numa enxurrada
De prazer
Num desejo
Ardente
De minutos de êxtase total
De entrega total
De consumo descomunal
No aqui
Deste momento sublime
De contatos de corpos
Liberando desejos
Loucos
Sado-masoquistas
Na fuga cretina
Das patrulhas moralistas...
Amar é...
Te ter em pensamento
No gozo
De belos momentos...
Amar é...
A maré de amor
No depois
O beijo depois
O cigarro depois...
O abraço com frio
Te empurrando um pouquinho
Para ficar mais pertinho
E fingir dormir...


14 - COISAS DE BAR
(Beat-Hippie)
Autor: Carlos H. Rangel

Estou mordendo
Minha língua
Em cada fim de semana
Parecendo beat em pele
De um ser contra cultural...
Espero que meu sangue
Colora muitos caminhos
E destrua a virgindade
Desta gente...










15 - COISAS DE BAR
Autor: Carlos H. Rangel

Alguma coisa
Anda colorindo
Essa caminho...
Que perfume gostoso
O hálito
Desta gente...


16 - SE
Autor: Carlos H. Rangel

Se você me ama
Jogando no dengo
Sua sensualidade,
Me entrega teu corpo
Num martírio louco
De sua virgindade...



17 - AMOR MENINO
Autor: Carlos H. Rangel

Meu amor de menino
É pequenino
Para você...
Mas cresce
Cresce, cresce
Todas às vezes
Que te vê...


18 - COISAS DE BAR
Autor: Carlos H. Rangel

Horas a fio
Mesas cheias
E desejos
E vontades
Sobre o olhar
Dos moços que olham
Das moças olhadas...
Dos que apenas bebem...
Bares cheios
De todos os sentidos
Quase sem sentido
Quase sem razão...
Bares monótonos
Em suas diferenças.
Quase marginais
Quase animais
Em seus desejos...

Cervejas diversas
Diversas vontades...
Sonhos diversos
Vidas quase iguais...

Noite que vara a noite
Chega ao dia
Sem deixar de ser noite...
Amanhã será o mesmo dia...


19 - HOMENINO
Autor: Carlos H. Rangel

Sou seu menino feio
De desejos lindos
Esperando a piedade
De um olhar
E te tornar real...
Força feminina
Derrotando minha fortaleza
Sensual...


20 - HOMENINO
Autor: Carlos H. Rangel

Sou o homenino
Adolescendo em sonhos
Caindo da cama
E levantando quase rindo.
Aprendendo sempre
Que os dias
São os mesmos sempre
E que o homem muda
Ao sabor dos ventos...
Sou homenino
Amando e odiando
Meu amor
Pedindo colo e chorando
Por mim mesmo
Nas horas dos anjos...
Querendo ser feliz no futuro
Com olhos no passado
Com medo do presente...
Sou homenino antigo
Com antigas crises
Desejos caducos
E rebeldia de terceira idade
Brandindo meus cabelos brancos
Com fome de ser.




21 - EXÓTICA
Autor: Carlos H. Rangel
Meu corpo clama:
Me ama
Deixa eu mergulhar
No quase profundo
Fosso carnal
Essa minha fome
Animal.
Deixa eu lamber
Um pouco do sal
Que te cobre o corpo
E me queimar em
Sua febre natural...
Meu corpo clama
Pelo gozo mútuo
Sem vergonha
Sujando colchas
Lençóis e fronhas.
Meu corpo clama
Me ama
Me arranha com sua gana
Me leva para sua cama
E me faz viver uma noite
Santa ao som
De música profana...


22 - BAÚ
Autor: Carlos H. Rangel

Quase esgotei meu baú
Com você...

Não vou mais falar de amor
Ou de dor para rimar
Com amor...
A dor de amor
É como pequenos
Choques
Mostrando-nos que ainda estamos
Vivos
Dói mas é bom....

Melhor falar de vida
Como diz Cora,
Faz-se poesia
Até com lixo...

Eu faço com sorrisos
Lágrimas,
Pombos
Janelas e flor...
Melhor é ter
Quem nos ouça/ler.
Eu fico aqui
Quase escondido
Brincando de te ver...
Já não sou Homenino
Sou mais Velhomenino
Com fome de você...


23 - JÁ
Autor Carlos H. Rangel

Você já assistiu
Mama Mia?
Covades?
Manto Sagrado?
Já viu 2001?
Guerra nas Estrelas?
Perdidos no Espaço?
Nacional Kid?
Já pisou em poça d´água?
Roubou manga?
Traiu a mulher/marido?
Já tomou pinga com mel
E “capeta”, Vodka,
Cerveja e Campari
Na mesma noite....?


24 - ONHAS
Autor: Carlos H. Rangel

O bar me viu de novo
E os meninos pareciam
Quentes de cervejas geladas.
As moças...
Uma me pertenceu
Num beijo cumprido
E eu molhei seu pescoço
Nas várias horas da noite
Sem saber seu nome.
Não lembro a marca
Da cerveja
Nem a música que
Gritava na viola
Da mesa ao lado.
Os vasos e bonecos
Regionais me sorriam
Familiares
E meus dedos
Escondiam seus cabelos
E ela fingia me amar...
O bar me via de novo
E os meninos.
Verdades importantes
Eram ditas
Nas mesas de pedra
E o cinzeiro
Fixo incomodava
Menos que o banco
Sem encosto.
Ela sujava o copo
De baton
E meu rosto
E meu corpo.

O cheiro bom
De mulher
Sempre igual
Em sua diferença...
Eu sonhava com outra
No final da noite...



25 - LEOPOLDINA
Autor Carlos H. Rangel

A Praça
Diz mais
Sobre a bela
Leopoldina.
Na majestade
De sua escola
No brilho
De suas meninas...

A praça e
Seu cheiro
De sorvete...
O clube em
Uma das esquinas....
A pureza das
Suas ruas...
O sorriso
De sua gente...
Leopoldina
Feminina,
Jóia rara
Jóia fina.


26 - AMAR
Autor Carlos H. Rangel

A vida continua
Mesmo que as desilusões
Venham criar loucuras na mente
Mesmo que a verdade crie esperanças
E que as esperanças não passem de impulsos
Para viver...
Mesmo que viver se torne amargura
E a amargura a vontade de amar
E amar seja um doce sofrimento
E que o remédio seja o esquecimento
E o esquecimento um remédio não querido
E o querido, o que se sabe já perdido
E o perdido, uma vontade de chorar...
A vida continua...



27 - MACHO
Autor: Carlos H. Rangel

Meu macho
Vem devagar
Me acaricia
Com seus dentes
Trilhando caminhos
Conhecidos
Descobrindo caminhos
Novos
Em surpreendentes
Explorações...

O calor de seu
Corpo
Me estimula
Me desperta
E suas mãos
Sobre
Meus cabelos
São mornas ondas
De ternura...
Fecho os olhos
E sinto sua língua
Sobre os meus lábios
E meu sorriso
É quase um gozo
Em seus braços...
No calor da união
Desmancho de amor
E meu macho
Como um cobertor
Me protege o sono.



28 - COISAS DE BAR
Autor: Carlos H. Rangel

A cerveja
Desce bem
Quando estou
Com alguém.

Qualquer alguém
Desce bem
Enquanto o suor
Do copo
Se mantém....

Ao sabor
Das músicas
O desejo
Contido
Se liberta
Sem pudor
Anestesiado
Pelo gostoso
Cheiro de suor
Cerveja
E amor...

Eu finjo que esqueço
Quem sou
E mergulho
Na mentira
Vagabunda
De minha mesa.

Amanhã a cabeça
Dirá o preço da noite
E a cama me terá
Por mais alguns instantes...

29 - O SER
Autor: Carlos H. Rangel

Que venha esse ser
Cheio de pureza
Para embelezar nosso horizonte
Para alegrar nosso futuro
Para estar ao nosso lado
Agora e sempre...
Que venha esse ser
Pequenino
Que se fará
Grande como nosso amor
Por ele....
Que venha esse ser
Para ser apertado
Em nossos braços
Com força
E estar ao nosso lado
Em cada amanhecer.
Que venha esse ser
Sempre
Em sua juventude
Em nossa velhice
Em toda eternidade...



30 - COISAS DE BAR
Autor : Carlos H. Rangel

A cerveja escorre dos lábios
Em forma de sorriso
E finjo alegria
De primeiro mundo
Ao som de mesas sujas.
A menina brinca de dançar
Ao redor das cadeiras
E os moços derramam os
Copos acompanhando
A música.
Na euforia
Não escuto
As vozes da angustia
E do cansaço
Somente o zumbido do
Álcool ecoa no ambiente...
Eu bebo em minha
Homenagem
Sorrindo aos outros
Com jeito de feliz...
O tempo, esse inimigo,
Balança em meus braços...
“Amanhã é domingo
E segunda feira
Ninguém sabe o que será...”

31 - TERRA MINEIRA
AUTOR : Carlos Henrique Rangel

Quero ser Minas Gerais
Na subida das montanhas
Descendo à beira do rio
Me escondendo em seus
Canteiros,
Cantados pelos músicos errantes
Em suas viagens alucinantes...
Na janela da casinha
Nos braços de uma menina
Sentindo o cheiro do mato
Invadindo minhas narinas
Bebendo água da bica
Curtindo minha presença
Natural
Naturalmente sendo
Minas Gerais.








32 - TEMPO DE AMOR
Autor: Carlos H. Rangel

Te amo
Mais a cada
Segundo
Te quero mais
Cada minuto
E morro por você
A cada hora
E me destruo
A cada dia
Pensando em você
Pensando em te ter
Sempre ao meu lado
Em cada segundo
Em cada minuto
Em todas as horas
Do dia.

33 - APENAS UMA MULHER II
AUTOR Carlos Henrique Rangel

Apenas uma mulher
E seu sorriso
De feliz
Que diz
Em cada curva do corpo
Um pouco de muito.
Apenas uma mulher
E muitas mil
Nas emoções e reações
Nas respostas diárias
Várias...
Apenas uma mulher
E muito mais
Eu vejo em seu jeito
De fera nervosa
Raivosa
Gostosa
Esbanjando a força do sexo
Como guerreira orgulhosa.
Apenas uma mulher
Arvore frondosa
De raízes firmes
E emoções ao vento
Alimento
De fomes e desejos.
Apenas uma mulher
E eu mesmo
Sobre os lençóis cobertos
Abertos
Para o que der e vier
No silencio noturno
De nossa intimidade.

34 - BAR
Autor: Carlos Henrique Rangel

O bar
Os ruídos
Do bar
As mulheres
E o Bar...
Minha solidão
É quase
Uma multidão
E se perde no ar.
As mulheres...
As cervejas...
Eu espero
Paciente
O tempo
Passar...

35 - COISAS DE BAR
Autor: Carlos H. Rangel

A garganta
Molhada
De cerveja
Quase não diz nada...
Ouve os ruídos...
O som da vitrola
Os risos...
A mulher
Do lado
Me sorri
E eu a beijo
Com gosto
De cama
E aguardo
O desenrolar
Noturno da trama...
Do carma
Da cama
Da lama...
Lá fora
A noite fria
Cheira a realidade
Eu me finjo
De feliz...


36 - VOCÊ
Autor: Carlos H. Rangel

Você...
Não te vejo
Em ninguém
Em que me obrigo
A ficar...
E fico por gostar
Do doce perfume
Feminino...
Mas não é VOCÊ...
Eu não sei outra coisa...
Só sei VOCÊ...
Nenhuma cor
De mulher
Nenhum beijo...
Me faz esquecer
VOCÊ.
Todas as belezas
Mundanas...
Você eu penso
Nos instantes...
Naqueles mais
Íntimos...
VOCÊ eu sinto falta.
VOCÊ eu amo
No corpo,
No amor
Do momento...
No momento
Da dor de
Quem gosta
De gostar
E sofrer
Pensando
Em VOCÊ.


37 - MADRUGADA
Autor: Carlos H. Rangel

Nessa madrugada
minha alma parece uma metralhadora disparando poesias
para te preencher o dia...
Minha moça virtual...
já não consigo viver sem te escrever
e você some e eu te ligo...
Finjo um dialogo contigo...
Te jogo letras borrifadas de cervejas do passado...
E espero suas palavras...
Não quero dizer mais nada...
As palavras... São perigosas lâminas
que podem acariciar e ferir...
(Não necessariamente nessa ordem)


38 - TOQUES
Autor: Carlos Henrique Rangel

Olha,
Feche os olhos...
Fechou?
Minhas mãos tocam
Seus cabelos...
Sentiu?
Estão no seu rosto agora
Seguram suas faces...
Sente meus lábios?
Eles beijam seu rosto...
Seus olhos...
Seu nariz...
Sua boca...
Abra a boca...
Deixe que te sinta...
Que te veja por dentro...
Deixa...

Me sinta
E deixe que te sinta.
Me abrace
Assim... Forte...
O seu calor...
O seu calor...
Sinta o meu corpo
Te completando...
Minhas mãos...
Deixa deslizarem
Sobre sua pele...
Sente?
Sinta meus dedos
Brincando em seu ombro...
No tronco...
Na cintura...
Deixa meu calor
Se unir ao seu...
Agora...
Agora me beije
Nesse abraço...
(...)
ESTÁ BOM.

39 - NOITE
Autor: Carlos H. Rangel

Meu amor
Com os lábios
Molhados
Te peço
Tire a peça
E me enlace
Com suas pernas
De cascavel
Mordendo o que
É meu
Transformando
Em seu.
No suor da noite
O sal da carne
É um doce perfume
E te sorrio com dentes
De vaga-lume
O cansaço de amor.
Nos beijos de boa noite
E nas mordidas ilegais
Te tenho mais
Até o calor do Sol...


40 - OURO PRETO
Autor: Carlos Henrique Rangel

O bar na
Cidade rouca
De inverno...
Eu bebo
Um vinho quente
Em sua homenagem
Há cada minuto
Há quase duas horas
E penso na cama
Quente de você.
Sonho inconfidências
Confidentes
De menino libertário
Imaginando formas
De amar a distância...
A chuva molha
As velhas casas
E me sinto
Um Dirceu
Sem Marília
Embalado por
Um rock antigo.
O vinho quente
Está frio...



41 - IDENTIDADE
Autor: Carlos Henrique Rangel

Não é bem assim
O meu jeito...
Sou mais do que se vê
Em foto três por quatro.
Sou tridimensional nos meus atos...
E a verdade está no tempo...
Menina, está na alma
No sorriso, nos olhos
E basta tentar entender
Que não é bem assim
O meu jeito de ser...
Sou melhor na ignorância de viver...
Sou homem-menino a crescer no
 No dia a dia
Sou você ou quero ser...
Espera para ver e reconhecer
Que não é bem assim
O meu jeito de ser...




42 - MULHER
Autor: Carlos Henrique Rangel

Menina,
Se te chamo
Amor
Na timidez
Das palavras,
É amor que
Sinto de corpo
E alma...
Maluco pelo
Teu ser...
Imoral no querer...
Sonhando
Mordidas
Sobre o lençol de estrelas,
Salgando a língua
Com o seu doce
Sabor de mulher.
Delirando em
Seu calor
De fêmea no cio.
Menina,
Se o macho animal
Te assusta,
Sorria
Não se fere
A virgindade
Nos jogos de amor.
Depois...
Só quero
Me deitar
A seu lado
E fumar
Um cigarro
Imaginário
Segurando
Sua mão...








43 - NOITE II
Autor: Carlos Henrique Rangel

A noite é uma piada
E eu rio sendo um personagem
Na lama...

No líquido amarelo
Afogo toda minha risada.
A mulher do lado
Pode ser um atraso...
Eu adoro repetir ano...



44 - JEITO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Quero te ver de outro Jeito
Se houver outro jeito...
No escuro de uma esquina
Num bar ou uma piscina
No mar...
No olhar...
No toque de mão de menino...
No beijo conhecido de antes...
No segredo de nossas noites...
Nas caricias de velho amante...
Quero te ver de outro jeito...
Se houver outro jeito...
Quem sabe...
Do mesmo jeito
Quando ainda amantes...
Sem ódios desconcertantes...
Felizes apenas em amar
Tímidos,
Sem jeito...
De outro jeito...

45 - HOJE
Autor: Carlos Henrique Rangel

Você é única...
Hoje.
Amanhã
Meu amor
Como um refrigerante
Estará saciando
Outros corpos
Com a mesma singularidade inebriante...
Se te amo?
Sim,
Só por uns instantes...
No gozo dos nossos beijos
De amantes...
Nos carinhos
Das palavras
Quase originais...
Meu amor,
Não queira ser
Dona do meu peito,
Na reforma agrária
Empreendida no meu coração
Reservei um cantinho
Para a nossa ilusão...
Feio...?
Não ...!
Não sou este homem
Feio sem paixão...
Esqueceu?
Dentro deste corpo
Bate um coração.


46 - SÁBIO
Autor Carlos H. Rangel

Eu não sei...
Quem sabe?
Quem sabe do mundo?
Quem passa
O que passou?
Os fios brancos
Contam histórias
E as rugas
Revelam
O que foi
E o que deixou
O que foi....
Sábio o que
Houve a sabedoria
Dos guardiões
E deixa fluir
A tradição.
A continuação
Depende da transmissão...
Existe força
Na voz fraca
Do velho corpo.
Aconchega
Os ouvidos
Na doce canção
E permita
A construção
Do novo
Sobre velhas
Raízes...
Sábio o que houve
A sabedoria
Dos guardiões...


47 - VISÃO
AUTOR: Carlos H. Rangel

A cor
Os olhos.
A cor da cor
Nos olhos de quem
Olha...
Olhos em cor
Cores em olhos
Que olham
A cor...
48 - BAR
Autor: Carlos H. Rangel

De beijos em beijos
Bocas
Mundanas...
São tantas...
As cervejas
Matam
A sede
Que não morre...


49 - BEM
Autor: Carlos H. Rangel

Para meu bem
Tudo...
Todo o bem....
Tudo bem???



50 – MULHER II
Autor: Carlos H. Rangel

Não amo apenas o corpo
Esse pobre receptáculo
Sujeito aos dissabores
Do tempo.
Amo o doce suspiro divino
Que o faz dançar na lida
Desta vida
Individualizado em
Sua beleza impar.
Amo o brilho dos olhos
Estas janelas d´alma
Que me permitem
Ocupar seu peito
E conhecer o ruído
Carinhoso de seu coração.
Amo a manifestação
Inteligente de seus beijos
Comandados pelos neurônios
Experientes
Que sabem reconhecer
Num só instante
Aquele que é seu
Verdadeiro amante.


51 - HOMEM OBJETO
Autor: Carlos H. Rangel

Ela me sorri
Com sua boca
De menina
E sinto seu cheiro
De mulher faminta.
Seus olhos me
Despem atravessando
A música
E admiro os dedos
Limpos sobre o copo.
A cerveja desce
Fácil no calor da noite
E espero o seu
Chamado
Imaginando o som
De sua voz
Adocicando
O rápido currículo
E concordo com
Os tradicionais
Apartes no fim
De cada frase.
O beijo vem
Quase natural,
Com gosto
De sono e cerveja
E me sinto
Em casa
Em seus braços.



52 - ITABIRA
Autor: Carlos H. Rangel

Itabira...
A alma sofre mais
O que sofria...
O brilho da montanha
Vazia...
Combina com o resto
De passado
Que expira.
Canso em suas ruas
Com alma de asmático
E registro as tristezas
Dos exilados
No sopro de passado
No pó do minério...
Sofro o que sofriam
Sofro o que sofrem...
Os que ficam.

53 – SILÊNCIO
Autor : Carlos H. Rangel

Depois do Silêncio
O que vem?
O silêncio
Como todas
As “coisas”
Fala...
E fica...
Repetindo
Repetindo
Repercutindo...
O silêncio
Dói
Mas
É um bom sinal...


54 – MULHER III
Autor: Carlos H. Rangel

Fujo covarde
Do horizonte
Alargado
Que representa
Revelando pequena
A cratera que me cerca.
Não sou seu
Inimigo
Nem minha terra,
Apenas meus
Passos são
Mais curtos,
Mais lentos
Os ponteiros
Do meu tempo.
Você assusta
A rotina
Desvairada
De meus dias
Com a vivência
Sem fronteiras
Colocando em cheque
Valores assumidos
A tempos.
Meu ritmo
É manso
Como nossos rios...
E correntezas
Podem destruir
Sem deixar
Vestígios,
Esse menino
Que demora a crescer.
Seu cheiro
Ainda povoa
Meu corpo
E meus lábios
Repetem seu nome
Em sonhos...
Mas esse homenino
Medroso precisa
Estagiar em outros mundos
Antes de seguir o seu.


55 - COISAS DE BAR
Autor: Carlos H. Rangel

A sarjeta
Fica ali
No bar
Da esquina
Ou em
Qualquer
Lugar
Onde eu
Possa
Segurar
Um copo
Amarelo
E esquecer
E encontrar...
A mesa,
Meu constante
Travesseiro
Me alivia
As dores do dia
A conversa fora
Não diz nada
E nada importa...

Importa a morena
Do lado...


56 - CORPO
Autor: Carlos H. Rangel

No espaço de um suspiro
Um sonho a mais
Vontade de mais
Um beijo
No sorriso do
Umbigo.
Enquanto as mãos inteligentes
Te acariciam
Com força de boxeador
Com muito amor
Sem nenhum pudor...
No espaço de um sorriso
O gosto de sua boca
Em meus ouvidos...
Vontade de ficar
Entre as coxas e o umbigo
Na eterna morte
Dos vivos...
Enquanto os pés se tocam
Como amigos em balé
Indeciso
E os cabelos se misturam
Como inimigos.
No espaço de um beijo
Um suspiro
Um sorriso
Um sonho a mais
Vontade de mais
Vencida pelo corpo
Incapaz
Esgotado no doce
Calor do amor.


57 – NOITE III
Autor: Carlos H. Rangel
Não disse nada...
Apenas gemi ao som
Do primitivo futuro
Queimando uma sexta feira
Como velho místico.
Alguém bate sorrindo
Com os dedos...
É hora de morder
A boca tatuada e esperar
O gosto virgem das cabeças
Masoquistas
sonhando divindade...
Me beija nos olhos
Com o calor de sua sombra
E me deixa morrer
Em seu colo.








58 - PROFETA
Autor: Carlos H. Rangel

Sou aquele
Que disse
O que todos
Queriam ouvir.
Sou eu o que
Fez o que queriam
Ver feito.
Sou o que riu
Do que
Há muito se ria.
Sou o que mudou
O que todos queriam
Ver mudado.
Sou eu o que veio
Mudar
O que há muito
Havia mudado.
Eu sou o profeta
Das verdades conhecidas...


59 – MULHER IV
Autor: Carlos H. Rangel

Deitada...
O pé...
Sobre a boca
O pé...
Sobre a boca o que vier
No caminho
Seguindo o gosto de mulher...
Encharca os músculos da doce fome
Em maré de fios
Em fios
Em fio...
O gozo
Alívio
Vontade de mais...


60 – NO FUNDO DO CORAÇÃO
Autor: Carlos Henrique Rangel

No fundo do coração...
Por que não?
Por que não agora?
Por que não lá fora?
Por que não depois?

No fundo do coração...
Por que não no passado?
Por que não em outro mundo?
Por que não?
No fundo do coração...
No futuro?
Por que não?


61 – MENINA VIRTUAL
Autor: Carlos Henrique Rangel

Minha solidão de momento
é um tempo...
Um bom tempo para pensar
em meu caminho
e nas coisas que encontro
no caminho...
Vontade de descartar
o que peguei no passado
e ficar com o que encontrei
no espaço...
Minha solidão silenciosa
quase berra por um contato.
E me sinto limitado...
Vontade de tocar
em algo
de beijar algo
de sentir algo...
De ouvir seus
escritos
e dizer
vem:fica comigo
me abraça
me mostra
sua timidez...
Deixa eu te beijar
o braço
como daquela vez...
Minha solidão de momento
só me faz pensar em você.
Meu algo
Minha coisa
Minha menina virtual...


62 - BORBOLETA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Como já disse,
"borboleta"
quero te abraçar
com cuidado
para não dobrar suas asas...
Com palavras...
Sinta-se abraçada
pelas minha
pobres palavras...
Sinta-se beijada...
Sinta-se mordida...
(de leve...)
De que cor
são suas asas...
Borboleta?
São azuis...
Tranqüilidade?
São vermelhas...
De revolta?
São brancas...
De paz?
De que cor
são suas asas...
Borboleta?
As minhas...
Tenho asas também...
Não te disse?
Mas ao contrário
das suas,
são um pouco presas...
Só um pouco...
Mas também vôo...
Baixo para ninguém notar...
(quase ninguém)
As borboletas notam...


63 – SORRIA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Sorria!
O mundo te ama...
E por que não amaria?
Tão linda...
Tão feliz...
Tão...
Sorria!
Todos te amam...
E por que não amariam?
Tanta paz.
Tanta força.
Tanta juventude...
Sorria!
Eu te amo...
E por que não amaria?


64 - ESPONTÂNEA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Quem espera
Sempre alcança...

O namorado espera...
O vendedor espera..
O assalariado
Espera o salário...
A esposa
espera o marido...

Esperar...
Esperança...
Esperança
No Homem...
Esperança
No futuro...
Esperança
Na paz...
Como disse:
Eu acredito
Em fadas...
E
Espero...
Você.


65 - VEM
Autor: Carlos Henrique Rangel

A menina
Disse: Vem...
Eu disse: Quem?
Eu?
Nem!!!

Tenho medo
De quem vem...
Não vou
Com qualquer alguém
Tenho medo de ficar sem...
Vergonha
E gostar de quem vem...
Eu hem...


66 – BH
Autor: Carlos Henrique Rangel

Em suas ruas
Abarrotadas
Ainda sinto
A beleza
Provinciana
De menina caipira.
Não importa
O cooper do pobres
Meninos desocupados
Coitados...
Belo Horizonte
Com cuidado
Pode ser agradável
Para todos.
O coração de mãe
Mineira
Agasalha com carinho
Seus filhos
E espera destes
O respeito
Devido
Para poder florescer
Como um sorriso.


67 – BELO HORIZONTE
Autor: Carlos Henrique Rangel

Em suas ruas
Em minhas noites
Derramei lágrimas
Alcoólicas de homem solitário.
Em suas ruas amei
Desavergonhadamente
As companheiras momentâneas
Com a cumplicidade
De suas árvores, postes e muros...
Em suas ruas esperei
Coletivos noturnos
Sob as chuvas teimosas e frias...
Descarreguei excessos
Amarguei remorsos
E encontrei o carinho
De mãe professora e amante...
Em suas ruas me vi menino
Espremido pelas multidões...
Me vi jovem perdido
Me vi homem espremido e querido
Pelos seus grilhões



68 – SABARÁ
Autor: Carlos Henrique Rangel

Sabará
Sabará
Volto lá
No Carnaval
No festival
Na festa
Que vier.
Sempre
Que der...
Volto lá
Para ver
O passado
Presente
E esquecer
Meu passado
Recente
Num presente
Despreocupado
Ao lado de sua gente...

Sabará
Sabará
Sempre
Será
A Sabará
Risonha
Descontraída
Profana
E religiosa.
Dinâmica
Pérola barroca
Me esperando
Para o carnaval
Ou outro
Ritual...


69 – SAUDADE
Autor; Carlos Henrique Rangel

Que saudade
Do seu sorriso
Tímido
Seus grandes olhos
De dúvida...
Que saudade
De seus beijos...
De tocar seu rosto
Seus braços...
Que saudade
Do seu cheiro
Da sua fala mansa
De sua boca
Tocando a minha...
Quero te ver
Mais vezes
Mil vezes...
Despedir
Mil vezes
Só para te encontrar
Outras mil.


70 - QUE SEJA SIM
Autor: Carlos Henrique Rangel

O que você é
Importa
Sim...
Importa também
O que será...
Fomos ontem
Somos hoje
E seremos mais
Amanhã...
Por sermos dinâmicos
Crescer é nossa meta.
Sempre seremos mais
Um dia depois...
Que bom que seja
Assim...

Te vejo melhor
Cada dia...
Querer importa?
Importa sim.
Saber o que quer...
Mas sabendo com
Sabedoria...
Pagando o preço
Do querer...

Suas mágoas importam
Sim...
Elas te constroem
Te moldam para
Que o futuro seja
Mais feliz.

O que passou importa
Sim...
ele te fez e te faz...
lembrar é bom...
aprender com as lembranças
melhor...

Veja sim...
O mundo
É para ser olhado
Admirado
Apreciado...

Escute sim...
Aprende-se muito
Escutando... Ouvido...

Toque sim...
E sinta ao tocar...
Tocar uma flor...
Tocar uma pedra...
Tocar um amor...
Tocar e ser tocado
Isso é bom...

O mundo é sua
Casa e importa...
Você importa...
E o outro...
Que bom que
Seja assim...


71 -  OUTRO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Posso ser seu “outro”?
Um outro quase distante...
Virtualmente Carnal?
Deixa-me ser seu “outro” hoje?
Outro dia?
Posso ser o seu “outro”?
Perigosamente “Outro”?
Ser seu “outro” Já é um desejo antigo...
Um desejo de que você seja...
A “outra”...
Minha “Outra”
E serei seu “outro”...
Quase único
Como única seria...
Posso ser seu
Outro?


72 - INVISÍVEL
Autor: Carlos Henrique Rangel

Eu sou seu
Homem invisível
Escondido atrás
Da máquina...
Um homem mudo
De palavras faladas
Mas ditas pelos dedos
Que tocam leve
As teclas como
Se te acariciassem.
Eu sou o homenino
Virtual
Que te ama
Em gigas
Que se esconde
Cheio de desejos
Diante da tela...
Eu te quero muito...
Mas sei que sou
Um homem
Invisível
Visivelmente
Perturbado
Por esse namoro
Virtual...



73 - CAMINHANDANTE
Autor: Carlos Henrique Rangel

Vou
Caminhandar
Por esse mundo
Sorrindo felicidade
Aos que estão...
No mundo.
Sou caminhandante
Valente
Enfrentando
Sombras
E duendes
E fadas
(tímidas)
Sorridentes.
Vou caminhandar
Pelos caminhos
Conhecidos
Mastigando
Poeira
Dos já falecidos...
Tropeçando
Nas pedras
E “costelas”
Caindo em valas...
Abrindo porteiras...
Pisando
Coisas de vacas
E homens...
Sou caminhandante
Antigo
Com sonhos
Quase...
Caminhandando
Sem destino
Ou objetivo
Subjetivamente
Indo
“onde nenhum
Homem jamais
Esteve”.
Vou caminhandar
Pelas coisas
Dos homens...
As felicidades
Dos homens
Suas festas
Suas danças
Suas músicas
Seus lugares
De morar
Namorar
Divertir
Adorar
Passear...
Sou caminhandante Teimoso
Com sede de sapiência...
De causos
E comidas
E bebidas...
Degustando
Líquidos ardentes
E fêmeas também...
Vou caminhandar
Pelos templos
Dos homens...
Beijar fitas
Senhoras e Senhores
Pombas, velas...
E andores.
Pisar gramas
Sagradas
E provar
Bentas águas.
Sou caminhandante
Perdido
Amante do
Desconhecido
Desbravador
Do já dito
Carregador
De carrapichos
Mofos
E fantasmas...
Minha carga
Admirada
Se espalha
Pelos caminhos
Caminhandados...
Frutificando
Em terras
Férteis
Desertos e matas...
Vou caminhandar
Por esse mundo
Sempre.
Sou caminhandante
Perdido
Teimoso
Valente
E antigo
Que tem
Como sina
Caminhandar.





74 - CADUCO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Meu sorriso
Está caduco.
Repete
Mensagens
Antigas
Pouco decifradas...
Adoradas...
No passado.
Passei...
Já não sei...
Sou jurássico...
O que digo
Nem sei...
Se existo
Ou só insisto.
O mundo rápido
Finge Sabedoria
Rejeitando
O antigo
E inventa rodas
Todos os dias.
Eu quase
Não grito
Minhas angustias.
Os iguais...
Coitados...
São iguais...
Os outros,
A maioria,
Consomem
Velocidade
Sem profundidade
E valoriza qualquer
Novidade...
Meu sorriso
Caduco
Está
Na sarjeta
E espera
Ansioso
Que decifrem
A pedra
Da Rosetta.









75 – CORAÇÃO DE LARA
Autor: Carlos Henrique Rangel

O coração de Lara
Decora a televisão.
A rosa abraça
O suporte que suporta...
A moça chora o cotidiano...
Eu...
Observo o vai e vem de vida
E o coração de Lara
E a rosa...
Semiaberta,
A porta recebe
O som de gritos e risos...
A moça reclama do cotidiano de vida.
Eu...
Observo o vai e vem e respiro...
Sobre a caixa o coração de Lara
E a rosa...
Eu...
Observo e respiro
O cotidiano de vida...

76 -  A PERDA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Obriguei-me a lamentar
O que perdi...
Sofrer a dor Da perda...
Dilacerar a alma Egoísta
Em pequenos Goles de cerveja...
Eu te vi na mesa Ao lado
E na outra...
A cadeira vazia,
Como as blusas,
Não dizia nada...
O pequeno frio Do entardecer
Se compara à frieza de seu Adeus...

Eu apenas me obrigo
A lamentar a perda
Como soldado entrincheirado
Na sarjeta...


77 - QUADRILHA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Com a filha
De João...
Antônio quis
Brincar...
Brincar de menino
Apaixonado
Como se faz
Com as fogueiras...
E como
Com as fogueiras
Se queimou...
Pedro fugiu
Com a moça
Na hora de brincar...
Antônio chorou
A perda
Do brinquedo
Delicado
João que não sabia
Nada
Nada sofreu
Sobre fogueira.
Pedro fugiu
Com a moça...
Pedro não sabe
Brincar...

78 - APELOS
Autor: Carlos Henrique Rangel
Doce ilusão
Do pobre coração.
Amar
Sempre é o perdido
E escorrega da mão...
Sonha-se com príncipes
E princesas.
Cavalgadas
Em florestas.
Castelos e armaduras...
E anões gentis...
A realidade...
Os heróis são barrigudos
E bebem cerveja
E mastigam rotinas
Sorrindo à vida
Comum...
Amar o sem sentido
Deixa perdido
O coração...
O ouvido...
Esse ouve o que
Quer e sofre
A desilusão...
Os príncipes
São sapos
E os anões
Uns bobões.
O herói tem
Rugas e cicatrizes
E gripa ao vento...
Os castelos
são de areia...
E o tempo
É a maça
Que adormece
A princesa...
Doce ilusão
Do pobre coração...


79 - METADE DO MUNDO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Metade do mundo
Me conhece do avesso...
Sou espinho em testa de inocente...
Pedra no caminho.
Dor de dente...

Metade do mundo
Me sente como algo,
Mas o não ser
É mais perto de tudo
E do Todo...

Outra metade
Pensa que me conhece
Mas...
Não sou mercadoria a venda...

A luz no fim do túnel
Não sou eu...
E não adianta olhar
Sou escuridão de alguns...
O sonho mal lembrado...
A vontade de mais...

Eu respiro Vocês...
E vocês...
Me vivenciam todos os dias...

Metade do mundo
Não me vê, mas estou ...
A outra chora por mim todos os dias...
Eu estou...
O mundo inteiro me odeia...
Me ama...
E eu...
Não odeio ninguém...

AMO.






80 – FRONTEIRA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Meu amor
Não tem fronteira...
A fronteira
Está ao alcance dos braços
E te dou os meus dedos.
E te delicio com toques...
Você caminha em sua obsessão...
Sussurro ao vento o seu nome
Como pétalas de rosas...
As rosas...
As flores e sua rainha...
O fim de uma poesia
Não tem Fim...
Essa muito
Menos...


81 - ORAÇÃO
Autor: Carlos Henrique Rangel

A moça
Abraça o livro
E se salva em oração.
As meninas
Seguem o ritmo...
O pulsar do coração.
O cotidiano constante
É o caminho...
O caminho do dito
Já lido tantas vezes.
A moça
Abraça aVida
E se salva em oração...
E as meninas...


82 – NÃO LUGAR
Autor: Carlos Henrique Rangel

Te amei no roçar de mão
No encontro dos olhos
No beijo invisível que dei...
Como é fácil te amar em sonhos
Passear em praias “Do nunca”
E te encontrar
Em nosso lugar...
Aquele “não lugar”...
Te amei entre brumas.
Como é fácil te amar
Sem te falar...
Sem tocar...
E te encontrar em nosso “não lugar”
Meu bem,
Eu...
Sempre te amei em brumas...



83 – MIL
Autor: Carlos Henrique Rangel

Tenho vontades
Mil...
Vontade de te abraçar...
Te beijar..
Te...
Vontade de coisas...
Sei dos limites...
Esses limites...
Existem?
Ou são ilusões?
Ou apenas tentações?
Tenho vontades
Mil...
De sorrir em seu sorriso
De tocar em seu corpo...
E em seu cabelo novo...
E te dizer vem...

Tenho vontades
Mil...


84 - OBSERVATÓRIO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Observo a menina
De sorriso triste
Que tem como sina:
OBSERVAR...
Observo o olhar da menina
E de suas iguais.
Todas com a mesma sina:
OBSERVAR...
Observo esse corpo...
Essa voz de menina...
Observo...
E essa está sendo a minha sina:
OBSERVAR...
Observo a menina e seu jeito de pensar...
A menina que observa
Me faz observar...
Quanta coisa se aprende
Ao observar...
Observar é bom
E me faz amar...
Observo...
E essa está sendo a minha sina:
OBSERVAR...

85 -NÃO CONTA
Autor: Carlos Henrique Rangel

O frio da noite
me da sede...

borrifa
um pouco de
seu sorriso
em meus lábios
e me salva...


86 - PRESENTE
Autor: Carlos Henrique Rangel

Namorei um presente
Para te dar virtualmente.
O que seria?
Não sei...
Não sei o que oferecer
Ao que não se vê.
Já que me dou tanto
No espaço
Expondo-me
Em palavras....
Nem sei se nosso
Namoro virtual
É real...
Ou uma brincadeira
Passional
Fantasia.... Minha...
Vontades paralelas
Do que poderia ser...
Namorei um presente...
Mas
O presente real
Eu sei, sou eu...
E me dou como posso...
Pode ser?


87 - AMAR
Autor: Carlos Henrique Rangel

Amar a Lina
Amar a Luna
Amar é...
Amar o mundo
Amar o imundo
Amar o moribundo...
Amar...
O que tem
O que não tem
O ser
O não ser
O antes
E o depois...
Os prós
Os contras
O que está
E o que não...
Amar
O que se vê
E o que não...
O que sou...
E o que não sou...
O que foi
E o que será...
AMAR
Simplesmente
AMAR...


88 - AREIA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Na areia
Escrevo meus
Sentimentos
Deixando para a eternidade...
Sou volúvel
Como as ondas
E repito
Sempre diferente...
Meu lugar
É o não lugar
Aquele
Onde vou te encontrar:
O Céu dos viventes...
O paraíso dos descontentes...
Na areia
Escrevo meu diário
E espalho ao vento
Meu calvário...
Sou menino
Brincando de vida
Sonhando fantasias
Em um mundo real...
A realidade
Fere meus sentidos
E eu prefiro
O sem sentido
Amor virtual...
Na areia
Entrego
Meus sentimentos...
Sofro eternamente
Enquanto durar
Os rabiscos...
Sonho com
Você
E repito:
Na areia
Escrevo nosso amor
Virtual...


89 -COLO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Quero colo...
Meu sorriso
Está amarelo
E já não diz
NADA.

Meu tudo
Se foi quando
Me perdi
Em seu olhos...
E já não vejo
As coisas
Como são...

Sonho com
Toques
E confundo
O real...
Já não sei
Se vou
Ou se passo
Se fico
Ou caminho
(para seus braços).

Sou fugitivo
De mim
E se me pego
Não sei...
Quero colo...
O seu...
Não fuja
De mim
Deixa que
Isso eu faço...

Sou covarde
Cheio de intenções
E desejos...
Mas herói sensual
E te salvo
Com meus beijos
Nesse nosso
Mundo virtual...

Quero colo
Macio
Regado a toques
De mãos pequenas
Eu sei...
Não precisa
Dizer nada...
Nosso amor
Está escrito
Nas areias...

(Apenas
Me dê colo...)


90 - TRISTE
Autor: Carlos Henrique Rangel

Não te quero triste.
Te quero sorridente...
Tímida
Mas sorridente.
Dizendo o que
Sabe,
Me olhando
Com esse Olhos
Que... Adoro...
Não te quero triste
Te quero Perto.
Bem perto...
Quase
Me fundindo
Em te...
Olha,
Não te quero triste
Te quero como
Vier...
Alegre ou triste
Só te quero inteira...
Mas...
Nesse momento
Não te quero triste.


91 - ACREDITO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Eu acredito
em raios coincidentes
Eu acredito
em beijos ardentes...
Eu acredito
em Gente
Eu acredito
No futuro... Da gente.
Esqueceu?
Eu acredito
Em fadas...
Eu acredito
Em você...
Minha Paixão...


92 - SÓ RINDO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Só Rindo
Sorrindo
É Assim
Que Te
Quero Ver..
Sempre
Sempre
Sorrindo
Para Quem ?
Não Importa...
Para quem quiser...
Desde que sobre
Um pouco
De sorriso
Para mim...
Só rindo...
Eu sei...


93 - CHUVA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Na chuva me molhei
Pisando poças e barros
Vejo brumas Impressionistas
Na segunda vista
E a luz que ilumina pisca...
Chora o mundo a minha vida
E meu suor respinga na pista...
Na chuva caminho borrifando minhas lágrimas
E meu caminho Úmido não tem fim.
Atravessa esquinas...
Outros caminham cantando
E sorrio a minha tristeza Menina
Matando minha sede de vida.
Na chuva esparramo minha sina
E minhas pegadas podem ser seguidas.
As mãos no bolso seguram os dedos
Escondendo o frio...
A estrada parece um rio...
Eu sigo em busca do mar.
Linhas úmidas atropelo...
Não corro e nem quero...

Vai passar
Eu sei...
Espero...
94 -OFERTA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Ofertei
Um pouco
De vida...
Minha vida...
Que seja sugada
E digerida...
Eu...
Apenas quero deitar
Sobre a cama
E dormir
O sono dos justos
Justificando
Minha existência...
Não me cobre
Mais nada...
Sou um solitário
Guardião
Do vago
E o que sou
Não da conta
Do improvável...
Ao mundo
Me dei
Aos goles
E suguei
O que pude.
Não me cobre
Mais nada...
Fui menino
E
Sou ainda
E
Sonho
Com o que
Me pode
Dar a vida...
Ao mundo ofertei
Um pouco
De vida
E sorrio
Em lágrimas
Para a felicidade
Alheia...
Apenas quero
Continuar minha
Semi-luta
E beber
O fel dos justos...
Ao mundo
Ofertei
Um pouco
De tudo.
Não me cobre
Mais nada...
Me deixe
Só em meu mundo
E serei
Feliz
Entre muitos...


95 - DIVINDADE
Autor: Carlos Henrique Rangel

A moça Canta Seu Deus
Como só Seu...
Mas a Divindade
Que adora
Também Me é cara
E a vejo Em um grão De poeira
E no ar Frio da Manhã.
O Sol que Me ilumina
Veste As coisas De Deus
E mesmo Em uma Cicatriz
A força Do Ser Se manifesta.
Como é bom O cheiro do mundo...
Nada é imundo...
Sinta a felicidade No ar
Ela está...
A moça canta A Divindade...
A Divindade A rodeia
E o suor de Deus Lhe banha A face...
Não há Dor ou infelicidade...
Tudo é.
Tudo é divindade...


96 - IDADE DO MUNDO

Autor: Carlos Henrique Rangel

Tenho a idade do mundo.
Vi mundos e fundos.
Sei de tudo ou quase...
E você...
Conheci milhares como...
Te vi loura, morena
E olhos puxados...
Não nasci ontem...
Tenho a idade do mundo...
Vi guerras e guerrilhas.
Fui torturado e também...
Sei das dores do mundo...
Mas também amei...
Quantas?
Não sei...
O tempo não conta
Para quem tem a idade
Do mundo
E já viu mundos e fundos...
Se te amei?
Sim,
Te amei e outras mil...
Um pouco mais
Um pouco menos...
Ame mil...
Mas como a vida...
Tudo passa...
Tenho a idade do mundo
E a lembrança é como a brisa
Que passa...
Tenho a idade do mundo...


97 - COPO
Autor:Carlos Henrique Rangel

O copo Semi-cheio
Me observa...
Meu lábios estão úmidos
E sonham com seus beijos...
Na minha solidão
Você não existe e contento
Com o gosto gelado
Do líquido amarelo...
O olhar pesado
Sofre o silêncio...
Paira no ar sua imagem
E sofro o não estar
Como adolescente carente.
Me delicio
Com o murmurar do ar
E o frio cortante
Não pode me machucar...
Mais...
Não sei o que fiz
Ou que faz.
Soluço aos goles
A sua deserção.
Não cobro nada
Não quero e não posso...
Somente lamento
O fundo do poço
E me escondo sobre copos
O despertar romântico.
O copo agora cheio
Me observa...
Eu o devoro com os lábios...
São os beijos que acho...





98 - MENINA DO LADO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Um vão solitário
No meio do caminho
É o limite entre o que somos.
Seus olhos negros não me olham
E eu imagino sua pele entre os dedos.
Seu sorriso
Eu beijo em um gole de cerveja
E a música parece rir de minha devoção.
Que vontade de ser seu menino
E adormecer em seu colo...
No entanto...
Sou aquele que só observa...
Só observa...
 Menina do lado...


99 - AREIA II
Autor: Carlos Henrique Rangel

Minha sabedoria
Escrevo na areia...
Em relevo
Misturada a grãos.
Na areia
Rabisco minhas dores
Que duram eternas no vento.
Como o tempo
Da maré...
Na areia a marca
Que deixo para o futuro...
Minha sabedoria descartada
É manipulada
Revista
Às vezes usada...
Minha sabedoria
Ensino na areia
Aos espectros resistentes.
Ouve os que querem ouvir...
Os outros,
Pisam letras
Chutam grãos
E seguem caminhos diversos...
Minha sabedoria escrevo na areia
E espero para ver...








100 -PEÇA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Agora
A crise...
O frio na barriga...
A estréia de mais um dia...
Respiro os ares do mundo
E cada ato está repleto de covardia...
Medos dos mundos...
Viver é aventurar
Todo dia...
Agora...
A crise...
Decorei minha fala?
E o sorriso está bom?
Qual é o sinal?
Meu papel secundário
Importa?
Agora...
A crise...
“quebre a perna”
Dirão alguns...


101 - MANCHA
Autor: Carlos Henrique Rangel

A macha na parede
Me desenha
O tempo em relevo.
São montanhas e crateras
Que não dizem nada
Apenas o estourar da tinta...
A umidade produziu
A maravilha...
Água e Sol
São grande artistas...
O observador
Sente o tempo
E admira
A obra aberta...
Construção diária
Figurativa...
Montanhas imaginárias...
De quem vê...
Que ilhas são essas?
Quem ocupa esses montes?
Que viagem é essa
Do observador?
São apenas manchas
Na parede?
Delírio de sonhador?



102 – PERDA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Eu não sei
Onde você
Está...
Sei que se perdeu
Em algum lugar
Da minha insegurança...
Quando te olhei
Não te vi...
(A Rosa Americana
Não brilha mais...)
Em que caminho
Te perdi?
No medo das multidões?
No beijo mal dado?
No carinho que não foi?
Eu não sei
Onde você
Está...
Onde esteve
Nos anos passados...
Durou pouco
A paixão poeta...
Em algum lugar
Fui esquecido
Do seu cotidiano
E tudo agora
Parece um grande
Engano...
Mas te amei
Na ilusão
Do amor...
Não te perdi...
Não se perde
O que nunca
Se teve...

103 - EU ACREDITO
AUTOR: Carlos Henrique Rangel

O luminoso
Me gritou:
ACREDITE!
Acreditei...
No quê?
Não sei.
Quero acreditar
Em tantas coisas...
Em mim,
Na paz,
Em Deus...
Em Fadas...

Eu acredito em Fadas
Acredito, acredito...
Você não?
Que pena...
Acredite!
Acreditar
Está na moda.
Acredite no sinal.
No salário no fim do mês...
Em dezembro tem Natal...
Acredite no Sol e na Lua também...
Acredite que tudo é belo
Mesmo o que nos parece feio...
Acredite, tudo passa...
O Carro passa...
O ônibus passa...
A dor ... Soprando passa...
E Eu...
Acredito em Fadas...
ACREDITO!
ACREDITO...

104 -PEDRAS DE JORGE
Autor: Carlos Henrique Rangel

As pedras seguram
O que o vento leva...
Leva tempo
E folhas/ pássaros...
Leva mensagens...
Memorandos sérios...
Burocráticos históricos
E poéticas
Folhas vazias
Cheias de possibilidades...
As pedras de Jorge
Impedem esses vôos...
São travas róseas
Monolíticas senhoras
Que pensam ajudar...
As pedras de Jorge,
Matronas mudas
Não gostam do tempo
Detestam o vento...
Funcionárias retrogradas
Do ficar...
As pedras de Jorge
Estão em todos
Os lugares
Mesmo onde não estão...
E continuam em suas mesas...
Irregulares...
Ameaças previstas,
Potenciais inimigas...
Pedras de Jorge...

Somente Jorge...
105 – CEDO
Autor: Carlos Henrique Rangel

O que cedo
Começou
Acabou
Cedo...
Refresco...
Como beijo
De jabuticaba...
Eu vi o nada
Se esvaindo
Em tudo
E meu coração
Moído
Se perdendo
Em infantilidades
Adolescentes...
Sou menino
Antigo
E não fui
Vacinado
Para dores
Recentes...
Cedo
Acabou
O que não
Começou...
Foi bom para você?
Para mim...Foi...
Na madrugada
Vou chutando
Latas...
Nada mais
Antigo
Que um
Coração
Partido...
Começou
Cedo
O que não acabou...


106 – JUNTOS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Não posso
Te obrigar
A ser melhor...
Nem quero...
Pela incapacidade
De saber o que é melhor...
O melhor descobriremos...
Juntos.
Não sei dizer
Faz.
Sei dizer:vamos
Fazer... se você quiser.
Fazer pode ser bom
Para mim
E para você...
O que fazer?
Vamos decidir
Juntos...


105 -ASAS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Minhas asas
Me incomodam
Na cama...
Estico sonolento
E vejo
Suas sombras
Na parede...
Voar faz
Bem
A mente
E eu bato levemente
As asas
Para ver
Com calma
A realidade
Que quero.
Minhas asas
São brancas
Quase transparentes
E desfilam
Suas penas
Pelos caminhos
Que trilho.
Roçam levemente
Aqueles que quero
E se escondem
Dos que não podem
Ver...
Minhas asas
São jovens...
Eternas...
E me acompanham
Na lida.
Mas...
Me incomodam
Na cama...
E me levanto
Para vôos noturnos...
Minhas asas...
São brancas ...
E as suas?


106 -  HABILITA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Eu sou esse ser "encantado",
 quase amaldiçoado 
que precisa de um beijo
para deixar de ser sapo...
Sou esse príncipe descarado
quase vagabundo
que sonha com outros mundos
preso em sua gaiola de chumbo...
Eu?
Sou Peter Pan tupiniquim
Sonhando com minha “Sininho”
Uma fada... Com belas asas
Para me enfeitiçar...
E como ser encantado,
Acredito em fadas
Pequenas de cabelos curtos
E olhos que olham...
Mas não olham para mim...
(Quem se habilita?)


107 – ADORMECIDO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Minhas noites frias
São virtualmente sós...
Aconchego-me na coberta
E espero seu chamado...
Um vinho vai bem
Se você estiver...
Sem você
Esforço-me para espantar
O frio,
A solidão,
A desilusão...
Viro para o lado
E esquento-me
No corpo adormecido...

ADORMECIDO...


108 - SOLIDÃO
Autor: Carlos Henrique Rangel

De novo o frio
E a solidão...
Um silêncio
Quase um berro
Vigia a sala vazia...
E me espreita o coração...
Lá fora
A noite é um reflexo
Do meu peito
E eu lamento...
A tristeza
É menina má...
Brinca de machucar...
Dói
E ela sabe que dói...
Uma ruga pesa
Em minha testa
Que vontade de dormir
E acorda feliz...

Sonhar é bom...


109 - ESQUINA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Minha sede
Eu mato na esquina...
Apago a dor
Da retina
Na esquina...
Um gole ou dois
É o começo do esquecimento.
Outros virão depois...

Minha sede
É infinita...
Vem de tempos
Imemoriáveis
De carências antigas.
De amores perdidos...
De dores repetidas...

Minha sede
Eu mato na esquina...
Mentira repetida...
Minha sede é imortal
E como fênix
Renasce todos os dias...
Minha sede...
Repito...
Eu mato...
Na esquina...


110 - DELIBEREI
Autor: Carlos Henrique Rangel

Deliberei
Que não há o que
Deliberar...
Chega de tanto
Fazer ...
Tanto falar...
Tenha coragem
De dizer o que quer...
O que é...
O que vai ser...
O que vai acontecer...
Grita meu nome
Acredite: eu aparecerei...
Confia
Acredita
Liga...
Não desliga...
Deixa eu falar...
Pode ser que
Haja verdades
Em minhas palavras
E o som pode te curar...
Ou a mim...

Deliberei
Que não há o que deliberar...
CONFIAR...
Essa é a palavra da hora.


110 – PASSADO PRESENTE
Autor: Carlos Henrique Rangel

O movimento
É lento
Mas existe...
Um ir e vir
Caseiro.
Gente igual
Em lugar igual.
Veículos se acumulam
Nas laterais
E pessoas
Ensaiam
Cumprimentos
Que acham originais.
Nada há de original
Tudo é quase igual
Nesse vai e vem
De gente.
O que se pensa
Original
É apenas esquecimento...
Passado e presente
Se complementam
Passado e presente
Se cumprimentam.


111 – POUCO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Já dizia
O poeta:
“de tudo fica um pouco”
Um pouco
De você
Poderia ter
Ficado mais...
Mas...
Não ficou...
Você se foi
Num bater
De porta
E o ruído
Ainda ecoa
No meu ser...
O que ficou
São “fotografias na parede”
E na alma
E como dói...
Deixa...
Não importa...
Tanto...
Já anunciei a vaga
No meu coração...
Poderia ter
Ficado mais...
Mas...
Tudo bem...
Um  pouco de você
Basta...
Uma fotografia
Na parede...
BASTA!



112 – BEIJOS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Um
dois...
Não quero um ou dois...beijos virtuais
quero mil...beijos reais...
Sou sapo exigente
Somente beijos reais
me transformam...
em Príncipe...
Mas um não basta...
Quero mil beijos reais...






113 - VISÃO
Autor Carlos Henrique Rangel

Houve um tempo
Em que  te via
Passar solitariamente acompanhada
e me sentia feliz...
Seu olhar me dizia coisas
que em minha sede de você eu bebia
em grande goles..
Ficava inebriado de você...
Depois...
Você não tinha mais hora...
Já não te via no tempo que era...
Deixou passos invisíveis na calçada
E meu olhar ficou mudo de você...
Dói o cotovelo na janela
Esperando a sombra de seu vestido...
Dói o vento no rosto espalhando as lágrimas...

Meu Deus!
Será que encantou...?


114 - CRESCER
Autor: Carlos Henrique Rangel

Quando crescer
Quero ser feliz
Assim ...
Como um rico.
Com comida farta...
De carro novo... Preto de doer
Quero ter um Jarbas...
Motorista tem que ser Jarbas...
E uma casa com vários quartos...
Um para cada dia do ano...
É...
Quero ser muito rico...
Mas se não der
Serve um emprego
De funcionário público
Daqueles de não fazer nada
E contracheque gordo...
Mas...
Bom mesmo é ser feliz... RICO
É isso que eu quero ser
Quando crescer...








115- PONTO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Apenas um ponto
E tanto...
No mar de nada
O ponto se destaca.
Um ponto E tanto...
O foco
Se direciona
Para o ponto.
A solidão do ponto
O faz presente
Para tantos.
A solidão do ponto
Irmana tantos
Na visão única
Do ponto.
A convergência
Ao ponto
Unifica olhos
E ponto.
Já não há
Mais solidão...
São tantos Unidos
Na unidade  Do ponto...
O ponto São muitos...
Ponto final.

116 - MENSAGENS
Autor: Carlos Henrique Rangel
Olá... Lembra de mim
(oi)
Você sumiu...
(Muito ocupada.)
Eu sei... tão ocupada que não tem mais tempo para mim...
(Não é isso... trabalhando muito... estudando mais…)
Mas custa um oi? Só um oi?
(Você não entende. Minha vida está mudando.)
Eu sei... tanta coisa mudou...você mudou...
(Eh. Talvez eu tenha mudado...)
Eh... vai mudar mais... para bem longe...
(Rs rs ...você continua com um bom humor.)
Só sobrou um pouquinho...
(Você está bem?)
Melhor quando você responde meus e-mails...
(Nem sempre dá...)
Antes dava...
(Eu sei... mas eu mudei...)
É... mudou mesmo... mas continuo gostando de você...
(Eu também.)
É... eu estou vendo...
(Olha, eu tenho que ir...)
Eu sei... você é muito ocupada...
(Tchau... até logo...)
Adeus...

117 - ÚNICA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Meu cotidiano
Parece eterno...
Cansa e importa.
Será?
Será assim
Com os outros?
Ou só eu vejo
O mundo como
Uma sucessão
de EUS?
Não sou criança
Mas no entanto
Ás vezes sinto
o mundo sobre mim...
Quanta pretensão
Deste pobre mortal
Que se quer especial...
Especial somos TODOS
E no fundo
O mundo gravita
Sobre nós...
Eu acho...
Não somos nós
Que interpretamos
O mundo?
A leitura do mundo
Não somos nós
Que fazemos?
Individualmente,
Em coletividade?
Meu mundo só eu
Vejo...
Quem mais vê
O mundo como Eu?
Ahhh...
Você vê...Sim, vê...
Mas não vê
Como Eu...
Meu mundo
é único
Num universo
de bilhões de mundos...
minha visão míope
É única...
Não a mais bela
Não a mais fantástica...
Única entre bilhões...
Mas a sua também é...




118 - PORQUE
Autor: Carlos Henrique Rangel

Estou cheio
de porquês...
Porque
Porquê
Por quê
Por que?
Porque sim
Porque não...
Porque isso
Porque aquilo...
Sou criança
descobrindo...
Porque preciso
Porque quero
Porque me interessa
E...
Porque não?
Porque tudo
Tem sentido
Quando não...
Porque tenho
Frio.
Porque está
Quente.
Porque te amo
Ou não...
Estou cheio
de Porquês
E vivo feliz
Ou não
Com as respostas
Que tenho
Que descubro
Que aprendo
Que aprecio
Que invento.
Por que?
Porque quero
Ora...
E porque
Não?


119 – VALE DAS SOMBRAS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Eu caminhei
Pelo vale das Sombras...
Das dívidas
Das mentiras
Ditas...
Eu chafurdei
Nas lamas coloridas
da noite
E achei que
Era feliz...
Sim.
Eu acendi velas
Para Marx
Para Lenin
E Bakunin...
Graças a Deus...
Fui anarquista
Trotskista
Budista
Taoista
Chovinista...
Tantos “istas”
Que me perdi...
Li
PlayBoy
A Bíblia
o Bragava gita
e o Pasquim.
Sim,
Li o Pasquim...
Sou velho
Buscador
E busquei
Dores
E amores...
Amores e dores.
E aprendi.
Aprendi que aprender
É bom.
Te ver é bom...
Espero a próxima
Onda
Para ver
Qual é.
Se não for
Outras virão.
Eu caminhei
Pelo Vale das Sombras
E sobrevivi...


120 – PENSO
Autor: Carlos Henrique Rangel
Penso...
Logo existo
Logo insisto
Logo desisto.
Penso,
Existo?
O cão que vejo
Existe?
Se existe,
Pensa?
Se não pensa
Não existe?
A flor que vejo
Existe?
A flor pensa?
Se não pensa
Não existe?
Se não existe
É alucinação
O que vejo?
Penso
Logo insisto
Logo desisto


121 - MELHOR DOS MUNDOS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Eu sonhei
O melhor dos mundos
E me magoei.
O possível
É possível
Mas parece impossível...
O melhor dos mundos
Eu encontrei
Em sonhos...
Visualizei em terceira dimensão
Shangrilás ...
Xanadus...
A terra prometida
Fica logo ali
Mas os muros são altos...
Te prometi
O melhor dos mundos
Mas não cheguei a Paris...
A periferia me consome
Os fundos...
Eu vi o melhor dos mundos...
Em sonho...
E pensei em te ligar...
Não liguei...
Meu mundo é pequeno
E fica bem aqui...
Eu vi
O melhor dos mundos...
Quase toquei...
Quase me declarei...
O melhor dos mundos
Eu vi
Em sonhos...






122 - PEQUENA NOITE
Autor: Carlos Henrique Rangel

Na pequena noite
Eu te amei
Com os olhos.
Te beijei
Em pensamento
E você não viu...
Te segurei o queixo
E rocei seus lábios
Virtualmente.
Seu perfume
Que não sei
Me impregnou...
Na pequena noite
Apaixonei de novo
Adolescendo
Por você...
Na pequena noite
Te encontrei
E me perdi...



123 - REGISTRO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Registrei
Seu sorriso
No livro
invisível do meu peito.
Eterno ficará
enquanto durar
Minha vida menina...
Menina
Te criei fada...
Asas dei
e te amei...
Em Brumas...
E acreditei.
Sim,
Acredito em fadas
Te inventei...












124 - CAMINHOS ÚMIDOS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Sobre a Balaustrada
Vi o rio
E seu caminho.
O meu?
Eu não sei
Do meu caminho.
Não conheço
Minhas margens
Não vejo a foz.
De onde estou
Não vejo o outro lado.
Da nascente...
Da nascente
Não me lembro ...
O meu caminho
Não é protegido
Por balaustradas.
É inseguro
Como a vida
E já provocou maremotos.
Outras vezes
Foi manso
Como um regato
E beijou flores nas margens.
Meu caminho
É menino antigo
Teimoso, rebelde
Mas segue...
Eu não sei
Do meu caminho...
Caminho.
Adivinho e mal.
Sigo as fendas
E me derramo em
Cachoeiras.
Meu caminho tem
Águas límpidas,
Ás vezes turvas e barrentas...
Meu caminho
Brinca comigo,
Me assusta
Ou me faz rir...
Eu não sei
Do meu caminho.
Aprendo cada dia
Ou tento.
Me deixo levar
Para ver onde vai dar...
Eu não sei
Do meu caminho...
Repito: caminho.



125 - RUÍDOS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Ruídos
Ruídos
Pequenos
Grandes
Ruídos...
Ai dos meus
Pobres ouvidos...
Ruídos
Entrelaçados
Atravessados
Atrapalhados...
Ruídos
Ai dos Meus
Pobres ouvidos...
Zoeiras
Asneiras
Besteiras...
Ruídos...
Ai dos meus
Pobres ouvidos...
Ruídos
Ruídos
Ruídos...
Ai dos meus
Pobres ouvidos...


126 -ENTRE OS DEDOS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Acredito
na bondade
entre os dedos...
Os dedos falam...
São almas
Independentes
E nos mostram
Mais do que
Somos...
Somos bons
Entre a tinta
e o papel...
Somos LINDOS...
Entre os dedos
E podemos
Conquistar
Os mundos
E um pouco mais...
Na verdade
Vou lhe contar um
Segredo bem baixinho:
Só quero
A morena do lado...
127 – LINDA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Linda  é você
e sua dança
no palco...
Seu olhar
Que olha...
Essa voz
Que acalenta...
Linda é você
Que suaviza
a vida
Dos infelizes
Com sua
Linda existência...
MEU DEUS!
Segredos
São ditos
no calor
das palavras...
Me desculpem
as feias
e as outras lindas...
Mas...
LINDA É VOCÊ
E TENHO DITO.


128 - CANTO
Autor: Carlos Henrique Rangel

O galo cantou
Na sublime
Noite urbana.
Existem galos
Urbanos
E cantam
Ingênuos
Como fazendeiros...
Despedem da noite
Saúdam o dia.
O galo cantou
Onipresente
Quase místico
Enigma, etéreo...
O galo cantou
Suas horas...
Não são horas
Humanas...
Horas do tempo...
O galo cantou...
Onde o galo?
Onde o canto?
Na noite urbana
O galo cantou...


129 - ÁGUA DA BICA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Eu bebi
A água da bica
E me fartei...
O que digeri
Estará
A disposição...
Mais tarde...
Nada é eterno
Mas permanece...
Eu sempre
Estive aqui
Mesmo quando
Não...
Bebi a água
Da bica
E me fartei...
Sou,
Mas serei...
Tudo já foi
É
E será.
Acordo
Vivo e durmo...
Acordo...
Bebi a água
Da bica
E me fartei.
O passado está
Na esquina.
Na esquina
O presente...
O futuro,
O futuro está ali...
Na esquina.
Bebi a água
Da bica
E me fartei.
O velho
Sorri como criança.
O morto
Parece recém-nascido.
Beijei a eterna flor...
Nunca é a mesma...
A bica
Se oferece
Límpida...
Bebi a água
Da bica
E me fartei...



130 - ASAS III
Autor: Carlos Henrique Rangel

De novo
Minhas asas
Me despertaram
O sono...
Não sei
Quantos vôos
São necessários para fazer
Um anjo...
Nem sei se quero...
Apenas abro os olhos
E as asas na escuridão...
Vejo outros seres alados
Na madrugada
E nossas asas se tocam
Com delicadeza...
As cores...
São tantas...
Mensagens são ditas
Repetidas
Digeridas
Traduzidas...
O vento da noite
Facilita o vôo...
Como é clara
A escuridão da noite...
Minhas asas
São bailarinas
E dançam silenciosas
As músicas do mundo.
Bato as asas
E visito as intimidades.
Minhas asas
Me incomodam na cama...



131 – MANTO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Tinha vontade
De me esconder
Por trás das pálpebras
E deixar de ser.
A escuridão é um manto
Grosso e quase
Sinto-me Seguro.
O não eu que penso Ser
É uma Doce fuga.
Desfaço-me
Sem pensamento.
Ninguém está.
Não existo ou penso...
Minha alma no entanto,
Não ultrapassa a barreira
Da pele e essa densidade
Limita-me o mundo.
Apesar de tudo
Ainda estou.
Existo...
Ou penso...
Abro os olhos
E recomeço...


132 - INVENTARIAR
Autor: Carlos Henrique Rangel

Inventariei o meu
mundo
e o que quero...
Nem tudo importa...
Mas tudo importa
à memória...
Me desfaço
do que não preciso
mas não esqueço.
Fica o suporte
da lembrança
encravado na ficha...
Nem tudo que
coleciono
preciso e quero...
Mas não quero esquecer...
Esquecer é não-ser...


133 – CORES
Autor: Carlos Henrique Rangel

A minha dor é lilás, quase roxa...
Mas não sou Só dor...
Meu sorriso é branco neve
E te diz Tanto...
Mas não sou Só sorriso...
Tenho ódios vermelhos que escurecem
São quase negros.
Mas não sou Só ódio...
Sou felicidades amarela/ouro
E te ilumino Em sorrisos brancos...
Mas...
Não sou só felicidade
Tenho momentos de paz azul
Como o Céu
Como o mar distante...
Mas também não sou  só paz...
Às vezes, e são muitas  essas vezes,
Sou um arco-íris
E alterno dores lilás
Ódios vermelhos
Felicidade amarela
Sorrisos brancos
E uma grande  paz azul...
Nesses momentos me sinto mais vivo
E me descubro multicor
Multe emoções.
Sei apenas que quando te conheci
E te amei
Fui invadido por uma grande
Felicidade amarela e te sorri
Em tonalidades  de branco...
A cor dos seus olhos
Me responderam
Em paixão vermelha
E meu peito se preencheu de azul...
É ISSO:
QUANDO ESTOU
COM VOCÊ
SOU AZUL.


134 – VIRGEM
Autor: Carlos Henrique Rangel

Ela me sorriu
Como se fosse Virgem.
Eu achei...
Não importa se acreditei...
Apenas retribuí
Como menino tímido
E esperei...
Ela não veio e nem poderia...
Alguém ao lado era trava presente.
Tudo bem...
Todo dia tem outro dia
Eu espero...
Tenho todo o tempo
Do mundo...

Acho...


135 – NOME DO MUNDO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Eu vi uma janela
Em seus olhos:
Abra!
Grite alto
O meu nome...
Tenho o nome
Do mundo
E atendo
Qualquer chamado.
Meu beijo distante
É tao próximo
Que te espanta...
Ou não...
Sou manso cordeiro,
Menino bom...
Me leve para casa
Me chama de bem
Me ama de leve
E depois...
Tudo bem.


136 - A COR DAS ÁGUAS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Qual a cor das águas?
E do meu coração?
Dizem
Que meu coração é vermelho
E as águas...
A água não tem cor...
Não sei...
Já vi águas azuis
Águas verdes e marrons.
Meu coração
Nunca vi
Mas sei...
É da cor do amor
Que sinto por você...
Qual?

Você sabe,
Não vou dizer...


137- AMANHÃ PODE SER
Autor: Carlos Henrique Rangel

Amanhã pode ser...
Amanhã…
E será melhor...
Espera.
Se choveu
E o dia escureceu
Tudo bem,
Amanhã o Sol virá.
Se está quente
E o suor  te cobre o rosto,
Tudo bem,
Amanhã a chuva virá
E te aliviará o corpo.
O amanhã é doce paliativo,
A esperança.
Espera,
Tudo pode ser melhor
Amanhã
E será.
Se não Deu certo hoje,
Amanhã certamente dará.
O Cansaço do dia
Atormenta?
Dorme.
Amanhã você pode continuar.
Ela não te olhou Hoje,
Mas amanhã é outro dia...
Ela vai te olhar...
O amanhã sempre está por vir.
E pode chegar como um hoje melhor...
Então...
O amanhã pode ser...
Tudo pode ser...
Amanhã,
É só esperar.


138 - ALICE
Autor: Conhecido

No País das Maravilhas
Alice brilha...
Entre coelhos
Elétricos
E rainhas raivosas,
Alice brilha...
No Espelho
As maravilhas
De Alice.
O terceiro andar
De Alice...
Entre gatos risonhos
Coelhos elétricos
E rainhas raivosas...
É tarde...
Muito TARDE...
Alice brilha..


139 – MURADA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Naquela murada
Te beijei tímido...
Santa Murada
Santa Timidez...
A murada continua lá
A timidez se perdeu
No tempo...
Você me amou
Eternamente
Por anos.
Mas acabou...
Naquela murada
Tudo era eterno...
E você...
A murada continua...
Eterno simbolo
Do que foi...
E não é mais...
Tudo muda
E mudamos...
A murada não...
Ainda não...




140 - Oi
Autor : Carlos Henrique Rangel

Uma menina
me disse oi um dia.
Apenas um oi
Em um dia que parecia comum
Não era...
Aquele oi me perseguiu
Como sombra
E eu dancei as horas
Como apaixonado...
Não sei o nome...
Um oi sem nome...
Meu coração menino
Pobre carente menino
Me envergonha …
Apaixonei por um oi...
Nunca mais vi
Nunca mais ouvi...
Se perdeu na imensidão
da metrópole
Entre outros ois, tchaus, adeus...
Foi um oi adeus?
Será
Quem dera ouvir
Esse oi. e o que mais viesse...
Quem dera sugar desse oi
O perfume de seu halito...
Apenas um oi
E me perdi...
Em ais...


141 - PEIXE
Autor: Carlos Henrique Rangel

Era uma vez
Um homenino
Que virou peixe.
Sim,
Virou peixe.
Para falar de amor,
De sentimentos.
Quase ocultos.
Palhaço...
Peixe palhaço...
Como peixe dizia coisas.
Sim,
Peixes falam...
Língua de peixes.
Sentimento de Peixes...
Escondido nas águas o homenino
Dizia o que pensava e sentia...
Peixes também se apaixonam
E sofrem...
Mas as águas disfarçam
As lagrimas...
O homenino-peixe
Apaixona sempre e sofre ...
Quase sempre...
Mas...
É um peixe, e as águas....
Bem...
As águas, disfarçam
As lágrimas...

O homenino
Continua...
Sempre é bom nadar...
Em águas claras...
Águas claras...
Ás claras...
Para não chorar.
Mas...
Se chorar não tem problema,
As águas disfarçam
As lágrimas...


142 - QUINTAL
Autor: Carlos Henrique Rangel

Eu já segui
Por aí
Esquecido
De mim...
Você me viu?
Em algum lugar?
Em alguma esquina?
Estou em tantos lugares
Que me perdi...
Minha mente
É o mundo
E eu não sei
De mim.
Mas sei de tudo...
A chuva
Já me molhou
Os olhos
E o Sol
Me queimou
O umbigo...
Senti frio
Nos ossos
E calor
Nos cabelos.
Já dormi
Em tantas
Camas
Que não sei
Onde estou.
Comi tantas
Comidas
Que meu paladar
Se irritou.
Eu já segui
Por ai
Esquecido de mim...
Não me viu?
Nem eu sei de mim...
Sou cidadão
Mudo
Perdido no mundo.
Vi tanto
Senti tanto
Que não vejo...
Mais...
Não como antes...
O mundo é
Meu quintal
Mas não encontro
A porta da cozinha...
Ai de mim...
Eu já segui
Por ai
Esquecido de mim...
Você me viu?


143 – PEIXE CAMALEÃO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Tão perto
E tão distante.
Ali na esquina...
Qualquer esquina...
Eu a vejo
No espaço...
Real?
Surreal?
Nesse mundo
“Moderno”
Tudo é tão
Virtual...
Sou camaleão
E me disfarço
de peixe,
E o que sou
É mais...
Mas não me
Mostro tão fácil.
Ela é linda
E tão, tão...
E me segue
Um pouco.
Tão perto...
Tão distante...
Não conheço
Seu mundo,
Só vislumbro.
Mas a vejo
Todos os dias...
Menina mulher
De beleza impar.
Eu...
Sou peixe
Camaleão
E me mostro
Um pouco
Em palavras
Só em palavras.
Sou peixe camaleão.



144 -  PEFEITO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Não faço tudo
Só o que você quer...
Te abro a porta
Faço o jantar...
Te mando flores
Quando você não esperar...
O que você  quer
Não precisa dizer...
Eu adivinho
No seu olhar.
Não sou o Homem Perfeito
Mas tento.
Posso tentar...
Sei te tocar
Se você deixar
Se você quiser
Se você pedir
Se você implorar
Com um olhar...
Mas...
Penso, amo e desejo
E também quero pedir
Quero olhar.
Adivinhe meus segredos...
Mas se não adivinhar
Posso sussurrar...


145 - FADA PERDIDA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Minha fada sumiu...
É assim com as coisas
Do ar...
Seres elementais
São temperamentais...
Desaparecem,
batem as asas...
Ah essas fadas
da natureza
De cores tristes
E longos cabelos...
Elas te sorriem com palavras.
Te mostram mundos rurais...
Colorem praças...
E...
Desaparecem …
Batem as asas...
Eu que também
Tenho asas
Espero...
Eu sempre acredito...
Eu acredito em fadas,
Acredito
Acredito...


146 – SENHOR DOS SONHOS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Eu te tenho em sonhos...
Em sonhos
Te toco o rosto
Roço os lábios
Com os meus...
Te beijo os cabelos...
Em sonhos...
Sou o Senhor dos Sonhos
Meus sonhos...
Em sonhos demonstro
Meu amor.
Te levo
A Paris
Roma
E Veneza...
Tomamos vinhos ou champanhe
Na Praça de São Marcos
Ou em um restaurante francês...
Sou Senhor dos Sonhos...
Em sonhos
Você me ama...
Caminhamos de mãos dadas...
Te ofereço flores e doces.
Em sonhos não te digo nada
E te falo tanto... E ouço.
E o seu calor me conforta
Em um abraço...
No cair da noite,
Nos segredos de um quarto,
Nosso amor nos faz um...
Sou Senhor dos Sonhos
E em meus sonhos
Sou parte de ti
e você é parte de mim.

Eu te tenho...
Em sonhos...
Sou o Senhor dos Sonhos...
Dos meus sonhos...


147 – UMA SÓ VEZ
Autor: Carlos Henrique Rangel

Era uma só vez...
Era uma só vez...
Um homem
Uma mulher
E era
Uma só vez...

Aconteceu
Em um bar
Aconteceu...
E era
Uma só vez...

Ela sorriu
Ele sorriu
Sorrisos
Sem nomes.
Sorrisos...
E era
Só uma vez...

Beberam
O que se bebe
Nas noites
E riram
E sorriram
E se beijaram...
E era só
Uma vez ...

A noite durou muito...
Um dia ou dois...
Quando acabou
Se separaram
Se afastaram...
Era uma
Só vez...

Mas …
A saudade
Dos beijos
Dos sorrisos
Do amor...
Se encontram
Mais uma vez...
E era
Uma só vez...

Anos depois
Ainda estão juntos.
Sabem nomes
Sobrenomes
E se amam...
Muito.

E era
Uma só vez...


 148 – AO PÉ DA ÁRVORE
Autor: Carlos Henrique Rangel

Ao pé da árvore
Os olhos nos olhos
Diziam adeus.
Era o fim de tudo...
O que era bom
E não mais...
Ele vertia lágrimas
Ela, mais fria...
Morna...
Apenas brilho
Nos olhos.
Doía nos dois
O fim do amor.
Ao pé da árvore
“Do início”
Um novo nome:
“Do fim”.
Onde Começou
Terminava...
Ele chorava.
Ela cansada.
Ela queria...
O fim...
Ele não entendia.
Sofria...
Ele queria …
Um abraço...
Um beijo...
O recomeço.
Ela...
Queria voar...
Para longe
Da árvore...
Para mais feliz.
Ele era feliz...Era...
Não entendia, sofria...
Ela aceitou o abraço.
Ele apertou o seu corpo.
Ela deixou e gostou.
Ele molhou os seus ombros
E tocou o tronco...
Da árvore...
Ela tocou
O tronco da árvore...
E também chorou...
Duas lágrimas se uniram
Quando aconteceu o beijo.
Ela e ele.
Ele e ela.
Já não sabiam
Se era o fim
ou o começo...


149 - CHAVE
Autor: Carlos Henrique Rangel

As chaves
Sempre me fascinaram.
Eh... Chaves...
Essas coisas de metal
Que abrem coisas
Ou fecham...

Talvez seja isso:
O mistério do que pode
estar do outro lado...
O lado que só a chave
sabe como olhar...
O poder de fechar
Para mais ninguém...
O poder de abrir
Para alguém...

A chave é a solução...
Se está fechado... Ela abre...
Se está aberto... Ela fecha...
E quem a detém
Tem... Tudo...
O poder de abrir e fechar
De deixar sair ou entrar.
Nossa!
É mágica essa coisa
Chamada Chave...
Mas...
Vou te dizer a verdade.
Por mais que me fascinem
os chaveiros cheios de chaves
Diversas...
Só uma chave me interessa:
A que abre seu coração...

150 – CHUVA
Autor: Carlos Henrique Rangel

A chuva
Que abençoa
Meu rosto
É menina Faceira...
Seu carinho
Úmido
Me desperta
Me alerta.
E ao Mundo...
O cheiro
De terra molhada
Perfuma o ar...
Eu me sinto
De alma lavada...
Literalmente.
Por detrás
Dos óculos
Embaçados
Vejo
Um Mundo
Melhor.
Correr é preciso
Para não se lambuzar
De carinho...
Mas eu não corro
E me delicio
Com seus beijos
Atrevidos...
Outros,
Mais espertos
São mais íntimos
E desfilam
Com tranquilidade
Entre os pingos...
Enxugo  o rosto
Na blusa molhada
E caminho...
Devagar
Devagar...
A chuva
Que abençoa
Meu rosto
É meninaFaceira..




151 - SOLIDÃO DE MENINO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Meus dezesseis anos ficaram em outro século...
 O eu que era
já não sou mais.
Mudei tanto que não me reconheço no passado.
Mas sempre fica um pouco.
A solidão dos dezesseis ainda aparece de vez em quando.
E ela me sorri como velha amiga...
Mas não sou seu intimo... Não mais...
No século passado, no entanto, eu era um solitário
Criador de estórias e fantasias.
Cada pequeno objeto era um personagem:
Meus “eus” melhores, mais fortes, poderosos.
O eu real era um tímido e carente menino
Apaixonado sempre... Sofrendo sempre...
Não sou mais assim... Acho...
Hoje me relaciono melhor com
Os outros e sou compreendido...
Em parte...
Tenho heróis escondidos na mente
E crio estórias…
Mas sou diferente daquele solitário menino.
Acho...
Apaixonei e apaixono ainda.
E sofro de amor e de outras coisas...
Mas se ficou alguma coisa...
Ficou pouco...

A solidão senta em minha mesa
Às vezes... Mas não lhe ofereço
Cerveja...
Não sou mais seu intimo...


152 - MENINA FADA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Aquele rosto
Brinca em meus sonhos
E quase ouço a sua voz
Declamando suas verdades.
Linda de corpo e alma...
E eu a vejo em sonhos...
Nas ruas e coletivos...
Nos cinemas e bares,
Observo os rostos
À sua procura.
E às vezes quase vejo...
Por onde anda
A menina fada?
Que caminhos trilha?
Onde distribui seu sorriso?
Ou não caminha?
Voa...
Preciso olhar para o alto...
Quem sabe...
Nos sonhos a vejo sempre...
Até já segurei sua mão...
Sim,
Segurei...
E era pequena e delicada,
Uma pluma...
Mas...
Só em sonhos...
E em sonhos
Passeamos pelo seu mundo
E o meu.
E trocamos versos...
Em sonhos...
Por isso a procuro no mundo
Entre carros e ruídos
Entre gentes...
Não encontro...
Preciso olhar
Para o alto...
Quem sabe...


153 – DUENDES E OUTROS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Por que tanto medo
Deste ser da natureza?
Não te quero mal...
Não seria o contrário?
Nós só queremos
Que nossa morada
Permaneça...
Somos seres da Natureza.
Sou feio?
Talvez... Para os padrões
De vocês...
Mas... olha,
Olha direito...
Com o coração...
Sou bonito
E do bem...
Meu bem...
(Algumas fadas acham...)
Não tenha medo.
Não vivo no armário
E não mordo.
Estou nos jardins
De sua casa
E brinco com
O seu pequeno cão...
Eu e os meus
Amamos Gaya
E todos os elementos.
Essa é a nossa natureza...
Não me vê?
Alguns duvidam
Da nossa existência
Mas somos reais
Como seu sorriso
De princesa...
Não tenha medo
De mim
Sou do bem...
É a minha natureza...

Minha mãe, quando pequena via duendes ao pé da cama...
Achava que eram capetinhas... Tinha medo...
Um dia viu um desenho de duendes e descobriu
que capetinhas não existem...
Duendes sim...


154 - JARDIM
Autor Carlos Henrique Rangel

Meu jardim
Tem as cores da vida
E os canteiros
São labirintos
Onde me encontro...
E outros se perdem...
Quando me encontram...
Estou ali em meio
Ás rosas...
E as rosas... As rosas não falam...
Mas...
Meu jardim tem de tudo
Um pouco...
Muito de mim...
Reviro a terra,
Acaricio pétalas...
Beijo algumas flores...
Só algumas...
Meu jardim não é em sépia...
Tem as cores da vida...
É multicor mas predomina
o azul e o branco...
Mas tem verde...
E sépia também...
Há lugar para todos
No meu jardim...
Os canteiros
São labirintos
Onde me encontro...
Onde te encontro...
Onde nos perdemos...



155 - DESEJOS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Há desejos que não falo...
Nem demonstro...
Sofro sozinho...
Tenho remorsos...
Há desejos
Que são segredos.
Impossíveis....
Doem no peito...
E eu finjo realizá-los
Em sonhos...
Há beijos que nunca
Foram dados...
Abraços perdidos
Na vontade...
Há palavras que
Nunca foram ditas...
Covardes desejos...
Acumulados em
Folhas amarrotadas
Do meu diário...
Há desejos que não
Podem ser realizados
Para não se diluírem
Na realidade...
Desejos duram para sempre...
A realidade não é eterna...
Ela se desfaz na decepção...
“E viveram felizes para sempre...”



156 - PESSOA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Ei pessoa!
Também sou
Pessoa...
Tenho sentimentos
E desejos
Transmito conhecimento
E amor...
Amo muito...
Ei pessoa!
Sou ser humano
Frágil com carências
Esquecidas
Adormecidas...
Humanas.
E você sabe,
Errar é humano
Ou seria desumano?
Ei pessoa!
Também sou
Uma pessoa...
Debulho minhas
Dores
Em bares
E bancos de praça...
Dou milho
Aos pombos
E leio poemas...
Ei pessoa!
Sente ao meu lado,
Segure minha mão...
É quente...
Mas o coração
Não é frio...Morno...
Observe meus
Cabelos brancos
Te garanto,
Não são luzes...
Sou pessoa...
Ei pessoa!


157 - DECIFRA-ME
Autor: Carlos Henrique Rangel

Decifra-me
E eu te devoro.
Descubra quem
Eu realmente sou
E te dou um doce...
Há mais por detrás
Dos dentes.
E meus pobres
Cabelos brancos
Escondem meus
Troféus...
Decifra-me
E eu te devoro...
Com calma
E carinho...
(prometo)
Há muito mais
Em minha epiderme
E meus dedos
São de veludo...
Deixa-me brincar
Com seus cabelos
E meus lábios
Sentirem os seus...
Te darei um beijo
De borboleta...
O paraíso fica
Logo ali...
Decifra-me
E eu te devoro.
Entre uma taça
De vinho
E uma música
Suave...
Sou amante
Antigo
E ofereço
Flores...
Tenho poemas
Saltando pelos
Ouvidos
E a paixão...
Veja nos meus olhos...
Decifra-me
E eu te devoro
Calmamente
Conhecendo seu
Rosto com os dedos
E os lábios...
Decifra-me
E deixe
Que eu também
O faça.
Sou menino
Carente
Mas...
Se quer saber...
Decifra-me
E eu te devoro...



DECIFRA-ME
Autor: Carlos Henrique Rangel

Descubra quem eu realmente sou
E te dou um doce...
Há mais por detrás dos dentes.
E meus pobres cabelos brancos
Escondem meus troféus...
Decifra-me e eu te devoro...
Com calma e carinho...
(Prometo)
Há muito mais
Em minha epiderme
E meus dedos são de veludo...
Deixa-me brincar com seus cabelos
E meus lábios sentirem os seus...

Te darei um beijo de borboleta...
O paraíso fica logo ali...
Decifra-me e eu te devoro...
Tenho poemas
Saltando pelos ouvidos
E a paixão...
Veja nos meus olhos...
Decifra-me e eu te devoro
Calmamente
Conhecendo seu rosto
Com os dedos e os lábios...
Decifra-me e deixe
Que eu também o faça.
Sou menino carente
Mas...
Se quer saber...
Decifra-me e eu te devoro...


158 - DESEJOS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Ela brinca com os desejos...
Sabem quem a quer...
Atrás do nome ela o viu.
Curiosa, ela descobriu
O peixe...
E se divertiu...
Ela brinca com os desejos
Assustou com o que descobriu.
O príncipe é um sapo...
Mas sapos amam...
Ela entendeu?
Ela brinca com os desejos...
Mas quais são os desejos?
Ele pode querer tudo...
Talvez ele não queira nada...
Quem sabe dos desejos?
Ela brinca com os desejos...
Pode brincar...
É linda... Inteligente...
E a juventude lhe permite tudo...
Quase tudo...
O que ela quer?
Quem sabe...
Quem vai saber...
Ela brinca com os desejos...

Ele sabe brincar...




159 - ALMA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Quantas faces
Tenho?
Quantas fases?
Quantos sou?
Sou camaleão
E me disfarço.
Às vezes desfaço...
Do que fui ou sou
Para ser melhor...
Original?
Não sei...
Quantas faces
Tenho?
São tantos
“Eus”
Que brigo
Comigo...
Até perco.
Mas tenho
Alma...
E com diz
Fernando Pessoa:
“De tanto ser
Só tenho alma”


160 - ESSA MENINA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Essa Menina
De olhar tímido
Não me vê
Imagina...
Cruza as pernas,
Joga o cabelo
Brinca com os dedos...
Essa menina...
Eu também
Brinco de olhar...
Desvio
Faço que não estou
Mas os olhos cruzam
E um instante
São horas
E transmitem poemas,
Emoções, desejos...
Essa menina...
Eu toco de leve
Sem tocar.
Ela joga o cabelo
Vê o chão.
Finge que olha
Sem olhar.
Eu...
Beijo o copo
Sorrio para o lado
Espero,
Sem esperar.
Essa menina...
Música vibrante
Faísca desejos.
Brilha no ar.
Eu que não
Sou bobo
Alvo à vista...
Ponho-me
A olhar...
Essa menina,
Tímida menina,
Me aguarda
Sem aguardar...
Eu brinco com o copo,
Mexo a cadeira...
Acho que vou lá...

Essa menina...


161 - PASSAGEIRO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Minha criança
sorriu
e eu apenas olhei
meio assim...

Há dias que
levanto de pé esquerdo...
Hoje levantei com as mãos...
O Sol brilhava
Meu coração não...
Mas a luz nos óculos
escuros
Era passageira...
Como a senhora
que me espremia
no banco do ônibus...

Já disseram: Tudo é passageiro...
Não o motorista
Não o trocador...
Eu passei e cheguei...

E o dia acabou como
Minha alma...
Chuvoso...Úmido...
Passageiro...

Eu ainda estou aqui...
Daqui a pouco
Serei passageiro
e me verei na cama...
Só de passagem...

Amanhã é outro dia...
Quem sabe levanto
De mãos atadas
E não escrevo mais...







162 - SENTIDO
Autor: Carlos Henrique Rangel
O que tem Sentido
Eu sinto.
Mas o sentido
Eu senti
Quando conheci.
Eu dei Sentido
Ao que conheci
Quando conheci.
Antes...
Não via sentido
ao que via.
Mas quando
Vi e percebi
Entendi, Conheci
E o sentido Vi...
E senti.
Tudo tem Sentido
Quando Tem haver Comigo.
Quando Tem sentido,
Quando sinto,
Quando Percebo o sentido.


163 - FOLHA SECA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Eu vi uma folha
No chão.
Uma folha seca
No chão.
Caiu de árvore
Distante
Rolou,
Foi adiante
E agora está
sobre meus pés

Uma linda folha
seca
Cheia de vida
Em sépia...
As inimigas
E as que se dizem
Amigas
A invejam...
Porque é linda...
Uma linda
Folha seca
Em sépia...

Eu reluto
em pegar...
Colecionar
Essas belas
Folhas secas...
Esse fenômeno
Da natureza...
Sou moço
Tímido
E...
Tenho medo
De Folhas Secas
Esses seres outonais
Que caem de árvores
Distantes
E posam sobre
Nossos pés.


164 – LÁBIOS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Eu quis te morder
Os lábios ontem...
Tinha fome
De você.
Mas você
Não me via
Em sua arrogância...
O copo amarelo
Foi minha
Recompensa
E a loura
Do lado
Me disse sim...
O lençol
Que conheci
Não me agradou
O sono...
Continuo
Com vontades...
Mas mordi seus lábios...
Em sonhos...



165  - UNIVERSO PARALELO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Meu amor
Se foi...
Sumiu nesse
Universo Paralelo
Para onde
Vão os guarda-chuvas
Perdidos...

Eu também
Não me encontro
No mundo.
Apenas me
Lambuzo
De seres
Indesejáveis
Tentando me achar...

Não acho
E acho
Que não sei
De mais nada...

Tento me refugiar
No Universo Paralelo
Onde se encontram
Os perdidos.
Meu amor
Está lá...
E eu caminho
Em suas ruas
Tentando encontrar.

Nesse Universo Paralelo
Onde estão
Os guarda-chuvas
Perdidos
Vejo amores
Antigos
Quem não têm
Mais sentido.
Mas ela,
Meu amor
Recente
Ainda não vi.
Mas ...
Está lá
Entre seres esquecidos
Entre guarda-chuvas
Perdidos...



166 - PEGADAS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Viver é deixar pegadas...
Já pisei tanto...
Em coisas de bichos...
Em coisas de Homens...
E em algumas mulheres...
Sem querer...
Já dei passos largos
E cai...
Levantei e continuei.
Dei voltas em buracos
E outros não vi...
E cai... Novamente cai...
Ás vezes a pegada era forte,
Pesada pela dureza da caminhada...
Outras,
Foi leve,
E as marcas deixadas
Quase não se viam...
Viver é deixar pegadas
E eu já caminhei muito...
Deixei frutos pelo caminho
Ensinei a caminhar
E fiz outros caminharem...
Também fui ajudado... E como...
E agradeço a estes companheiros
De Caminhada...
Nunca...
Nunca atrasei ninguém...
Acho...
Não vou empurrar
Nem buzinar...
Espero minha vez...
Sempre fiz assim.
Viver é deixar pegadas
E o mundo já está
Repleto das marcas
De minhas sandálias...
Caminhei tanto
Que dei voltas no planeta...
Mas tenho tanto a caminhar...
Tantas pegadas a produzir
E viver
Como já disse,
É deixar pegadas.

167 - NUBLADO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Nesse dia nublado
Até o meu coração...
Sem luz...
Mas eu sei
Que há luz...
Por trás dos
Olhos tristes
A luz que
Move o mundo
Se esconde.
O elo existe
E une a todos.
Poucos vêem
Mas  está lá.
Mesmo nesse
Orvalho preguiçoso
que cai sem parar...
Esse verde
É muito mais...
Como aquela
Senhora que passa...
Somos mais
Mesmo nesse dia
Nublado
Onde até
O meu coração...
Alguém quer
Dormir
Mas os sonhos
São elos
Para a criação.
Há beleza até
Nos que não são...
Nesse dia nublado
Até o meu coração...



168 - COISAS DITAS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Há coisas
Que foram
Ditas
Sem terem
Sido...
Há coisas
Que nunca
Foram ditas
E estavam lá...
Outras
Se perderam
No ar...
Eu te disse
Tanto sem dizer
E você não viu
Ou fingiu...
Não preciso
Berrar sentimentos...
Eu sou todo sentimentos.
Minhas palavras
Te falam todo o tempo
E você não leu.
Quantas rosas enviei?
Sim, eu sei...
Rosas virtuais...
Quantos bateres de asas?
Anjos...
Anjos também amam
E os peixes...
Há coisas ditas
Nas entrelinhas
Não viu?
É...
Talvez não interessem
As mensagens...
Pode ser...
Eu continuarei
Gritando seu nome
Em palavras
E te amando em linhas...
Dizendo coisas
Que nunca foram
Ditas
Mas que estarão lá...


169 - PARA O MUNDO
(Para Ceci)
Autor: Carlos Henrique Rangel

Ela abre os braços
Para o mundo
E diz vem...
Quanta vida
Pulsando nessa
Bela mulher...
Vem...
Diz a menina
Gritando ao céus
Para as forças
Do mundo
E suas asas
Transparentes
Brilham
E só os iniciados
Podem ver.
Ela é mulher
Borboleta
Que tem o tempo
Do mundo,
Quer sugar
O que puder...
E abre os braços
Para o mundo
E diz vem....



170 - NAQUELA NOITE
Autor: Carlos Henrique Rangel

Naquela noite Ela disse me amar
Me beijou os olhos e me salvou...
Naquela noite...
Eu bebi a felicidade como criança 
E acreditei que o mundo era lindo
E eu... Um príncipe.
Naquela noite as estrelas brilhavam mais
E a Lua estava ali.
Ela sorria Jogando os cabelos
E dançou só para mim.
Eu acreditei...
Naquela noite senti seu suor como perfume
E quis lhe banhar de cerveja...
Ela ria de mim ou para mim
E eu gostava.
Naquela noite tudo era mágico...
Para mim...
E a musica no ar me chamava de meu bem.
Ela brincava comigo...
E mais alguém 
E eu achava que tudo era só para mim.
Naquela noite Ela me beijou o rosto despedindo.
E eu a vi partir com uma sombra...
As lágrimas vieram me fazer companhia
E eu as aceitei...
Naquela noite brilhavam estrelas nubladas
E a Lua envergonhada se escondia em uma nuvem...
O táxi me levou para casa...


171 - ELA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Ela
Tatuou seus beijos
Em meus lábios
E eu não
Consigo mais
Me ver sem...
Ela
Me marcou
Com suas unhas
E guardo
Os caminhos
Trilhados
Em caixa secreta.
Ela
Bebeu meu sangue
Em várias horas
Noturnas
E amassou
Minha cama
E eu não consigo
Acordar sem...
Ela
Lavou minha louça
E me chamou de bem...
Eu me perdi
Em seus braços
E não quero
Mais ninguém.
Ela
Me sorri no espelho
Ri de minhas dores...
Não me quer mais.
Eu...
Limpo os lábios
Cuido das feridas
Arrumo a cama
E sofro
Um pouco mais...



172 - DE DOIDO
Autor: Carlos Henrique Rangel
Eu gostei...
Você gostou?
A noite caiu
Meio assim
E não tinha estrelas
Nem a Lua me viu...
Mas eu gostei...
Você gostou?
Eu sei...
Prefiro com estrelas
E com a moça redonda
me seguindo do alto...
Mas nada disso importa
Se as estrelas estão
à solta dentro
Do meu campo de visão...
Quanta beleza
Onde não há...
E poucos tem olhos
para ver...
Eu também não tinha...
Há beleza em tudo
Mesmo quando não há...
Eu sei... Pirei...
Mas te garanto...
É melhor pirar...
Até em uma rachadura
Eu vi...
Você não?
Pois é...
Eu gostei
Você gostou?


173 -QUERÊNCIA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Queria
Ser grande
Para ser...
Tão Pequeno...
Falar mais
Alto
Para ser
Ouvido menos.
Queria
Lembrar mais
Para me esquecer...
Tantos quereres...
Não te ver
Seria o Primeiro...
Mas como?
Como seria
Se você não
Existisse?
Eu seria?
Queria
Me perder
no desencontro.
Quem sabe
Me encontro...
Sem você...
Mas como seria?
Eu existo
Sem você?
Eu estou
Se você...?
Ah... Essas
Querências...
Queria
Ser menos
Para ser mais...
Ser só
Para não te ter...
Mas como?
Não sou
Homem
De uma nota
Só.
Sou sinfonia
Em você...
Mas...
Queria me ver
No Espelho
Encontrar quem fui
Para ser...
Mas como?
Como?
Sem você?


 174 - NOSSA!
Autor: Carlos Henrique Rangel

Nossa!
De onde surgiu
Essa deusa?
Que beleza!
E fala...

Nossa!
Não desvio
Os olhos...
Filmo
Cada detalhe...
Dos cabelos
Aos pés,
Dos olhos negros
à boca rasgada.

Nossa!
Fico sem graça...
Finjo que não vejo
Mas é tarde
Apaixono...

Nossa!
Tão rápido?
Amei tanto
Que me assusto...

Nossa!
Acho que fujo...
Se me olhar
Eu não sei...
Se me chamar...
Desmaiei...

Nossa!
É muita areia...
Meu mundo é pequeno
Para tanto
E me recolho
Ao meu canto...
Mas...
Mesmo assim...
NOSSA!


175 - DE BRANCO

Autor: Carlos Henrique Rangel

De branco
Eu vi as horas
Passarem...
O tempo passar
Assim,
Como se nunca
Passasse.
Com se não
Fosse eterno
Passante...
E o amanhã
Fosse outro número
Que dissesse algo
Para os seres
Do mundo...

De branco,
Para dá sorte
E por que gosto,
Eu passei
Passando o ano
Que foi
De novo...
Esperando
O novo ...
Como se fosse...

Os fogos
Festejam esse
Imaterial ser
Como se fosse...
Pobres homens
Escravizados
Pelo tempo
Como se ele
Pudesse ser traduzido
Em números...

A esperança
Essa que nunca
Morre
Enriquece o novo ano
Esse bebê
Que morre
Todo ano...

De branco
Eu passo
Mais um ...
E engrosso
As fileiras dos
Sorridentes,
Esperando...


176 - ALMA ESCURA

Autor: Carlos Henrique Rangel

Hoje acordei
De alma escura...
Pesada como
O meu sono...
O dia brilha
Lá fora
E eu me cobrindo
De tédio e solidão...
O começo
Sempre é excitante
E assustador
Não sei o que pode ser
E me escondo
No sono eterno
De algumas horas
Noturnas...
Onde minhas asas?
Onde o gigante mar?
Estou infeliz
E nem está chovendo...
O Sol, o velho companheiro
Brilha lá fora
E me chama...
Eu queria tomar
Uma cerveja gelada
Como minha alma
E esquecer
Do amanhã...
Hoje não converse
Comigo...
Não sou boa companhia.

177– ACHO
Autor: Carlos Henrique Rangel

O que você
Diz é você?
O que você
É?
Você é o
Que diz?
Eu não conheço
Você...
Não de verdade.
Conheço o ideal
O estereotipo...
O melhor
Do que gostaria
De ser?
Eu não sei...
Na verdade,
Não sei de mim.
Quem sou?
São tantos...
Será que
Me vendo bem?
A mentira
Que sou
É só parte
Do que realmente
Sou...
Sou múltiplo homem,
Homenino peixe
Que voa
Sobre as águas
Movido a palavras.
Voar é bom...
Conhecer também...
Mas quem sou
Para saber quem és?
Nem mesmo sei
De mim?
Isso importa?
Alguém conhece
Alguém realmente?
Totalmente?
A verdade é que
O pouco que sei
Me basta.
O pouco que sabe
Basta...
Eu acho...


178 -MELHOR

Autor: Carlos Henrique Rangel

O verdadeiro
Amor ainda
Não aconteceu.
O ser mais perfeito
Ainda vai nascer.
O melhor por do Sol
Virá amanhã.
A música mais bonita
Ainda não ouvi.
A mulher mais envolvente
Não vi.
O melhor,
Sempre quero melhor:
O melhor dia.
O melhor presente.
O melhor beijo...
Sempre pode
Ser melhor...
Mas você...
Você já é o melhor.
A mais linda.
A mais sábia.
A mais humana.
Você é o melhor
De você
Que já vi.
Somente você
Para te superar.
Mas já está bom
Para mim.

Se melhorar
Melhora.








179 - O ROSTO DO POETA

Autor: Carlos Henrique Rangel

Os olhos de
Drummond
Falam...
A tristeza do poeta
Vivido...
A vida vivida do
Poeta ainda vivo...
Os olhos de
Drummond...
Como falam...

Essa boca
Tímida
Escreve...
Histórias e estórias.
A poesia simples
De um homem
Quase simples...
Boca que fala
Sem falar...

O queixo firme
De um homem firme.
Quietude sábia...
Firmeza com muita
Delicadeza...

Os cabelos se foram
Em poemas, construídos
No dia a dia...
Negros foram...
Brancos foram...
muitos... Agora poucos...
Os cabelos de um poeta
se vão com os Poemas...
e que poemas...

Ouça o poeta
Em seu silêncio.
Ele ouve o mundo
Traduz o mundo
Embeleza o mundo...

São grandes as orelhas
dos homens sábios.

O olfato de um poeta
Cheira o mundo com
Outros olhos...
Os olhos, a boca, os
Ouvidos... Os sentidos.

O poeta sente o mundo
Por todos os sentidos...

Uma dor doída ...
Querida...
Como são queridas
As suas poesias...

O rosto do poeta fala...


180 - ADEUS

Autor: Carlos Henrique Rangel

Eu te vi
Na encruzilhada,
No lugar das dúvidas.
Do não lugar algum...
Para onde ir
Com você?
Que caminho
Seguir?
Com você?
Sem você?
Na encruzilhada
Não há caminho
Do meio...
Será?
O que faremos
Deste amor
Na encruzilhada?
O meu querer
Ainda é o mesmo?
O seu?
Na encruzilhada
Te beijo
Como um último
Adeus...
Entre
O norte e o sul
O leste e o oeste
Não sei se fico
Ou se vou...
Sem você...
Onde nos perdemos?
O que fiz?
O que fez?
O que fizemos?
Eu ainda
Te quero...
Não sei
Se longe
Ou perto.
Mas o meu
Desejo
É do tamanho
Do início
E sei do seu...
Onde erramos?
Um dia acertamos?

Quero mais...
Quero solução...
Na encruzilhada,
No lugar das dúvidas...
Do não lugar algum...
Sei lá
Do nosso amor...
Te beijo
Como um último
Adeus...

Adeus..


181 – PASSAR
Autor: Carlos Henrique Rangel

Às vezes sento quieto
E vejo o tempo
Passar ao meu redor.
O mundo não para.
E continua infinitamente.
Não volta , não dá volta
Segue enfrente.
Nada se repete
E tudo é novo de novo.
Parecido mas diferente...

As linhas no meu rosto
São construídas devagar
Calmamente...
E os fios castanhos 
Estão cinzas
Em minha cabeça.
Aquela menina
Virou uma moça...
E Eu não estava lá...
Dizem que o tempo
Não é linear
Que tudo está no ar:
Passado, presente, futuro...
Eu vejo
Como um caminho
Sem volta.
Não dá para voltar.
Tudo passa.
Não existe pausa.
Não dá para
Repetir a fala.
Só continuar
Só continuar...
Continuar...
Continuar
182 – ROMÂNTICO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Como todo bom romântico
Choro minhas mágoas
Em bar...
Ela estava lá...
Com outro.
E sorria felicidade...
Eu tristeza,
Apenas olhava
Seus olhos de escuridão
Medindo o lugar...
Me viu e sorriu
Sua indiferença
E eu achei
Que era para mim...
E por que não seria?
Tudo pode ser
E eu sei sonhar...
Ela brindava à vida
E eu observava...
O outro não era nada...
Para mim.
Como todo bom romântico
Bebi outra e me fartei
de olhar...
E sorrir quando ela sorria...
Ela me via e ria.
Seus olhos
De fruta negra
Bailavam e paravam
Em mim...
A música era
Suave quando ela veio...
Me assustei mas fingi.
Me beijou o rosto
E gritou o nome.
Eu repeti...
Ela sentou...
Como bom romântico
Eu ouvi seu mundo
E ofereci o meu...
Ela gostou.
Mergulhou em cerveja
E me pertenceu.
Como bom romântico
Lhe dei o paraíso
e um pouco mais...
E me encontrei
Ou me perdi.
Como bom romântico
Seguro sua mão
Em mesas...
E observo
Seus olhos negros
Medindo os espaços...

E Espero que não haja
Mais românticos
Sonhando mágoas.



183 – COLECIONADOR
Autor: Carlos Henrique Rangel

Eu coleciono coisas...
De gente, de tudo.
Dai-me seus objetos,
Os que não usa mais...
Tudo que foi usado
Tem uso...
Conta histórias...
Suas histórias...
Eu coleciono emoções
Contidas em coisas...
Dai-me suas tristezas
E alegrias...
Suas dores, seus amores.
Eu aprendo com as coisas...
Sou sugador de memórias,
Guardião...
Coleciono tudo:
Pedras no caminho,
Folhas secas,
Madeira em sépia,
Palavras...
Dai-me suas palavras
Cheias de você...
Eu coleciono tudo:
A telha de um sobrado,
o bilhete de metrô,
A chave que não abre mais...
Lembranças perdidas no ar...
Lágrimas esquecidas em mesas.
Marcas de batom...
Trechos de canção...
Me faço com as coisas
Dos outros...
Do que pensam não querer mais.
As rachaduras na parede
Eu as tenho.
Tenho as chamas da floresta
E o brinquedo de criança antiga.
Os cabelos brancos do ancião
Eu guardo no bolso
E os seus sorrisos,
No coração...
Dai-me seu olhar
Eu sei guardar...
Sou colecionador
De histórias, de amores,
Dores e emoções.
Sou guardião do que foi
É ou será...

184 – SER VOCÊ
Autor: Carlos Henrique Rangel

Eu sou o que você é...
O que você é
eu sou...
O que você é?
Sou?
Serei?
Não sei...
Mas podemos ser
Se você quiser
Se eu quiser
Se quisermos nós
Ai sim,
O que você é
 serei
O que eu sou
serás.


185 – TANTOS CAMINHOS
Autor: Carlos Henrique Rangel

São tantos os caminhos
Do Mundo
Que não sei se volto
Ou continuo.
Se para leste
Ou oeste.
O sul me parece
Gelado...
E o norte
Não me deixa entrar.

Sou do Terceiro Mundo
E o meu caminho
É de classe média.
Na medida do possível
Faço curvas,
Dobro esquinas,
E te encontro no sinal
Onde todos param.
Onde todos repensam
A caminhada.
São tantos os caminhos
Do Mundo
Que me restrinjo à voltas.
Sempre à esquerda
Sempre à esquerda...
E eu nem sou...
Sou menino antigo
Que caminha sem rumo.
Me pé esquerdo
Segue o direito.
Os passos nunca
São juntos...
Não pulo, caminho...
E confuso...
São tantos os caminhos
Do Mundo...
E eu continuo
Caminhando.
Sempre caminhando
sempre
Caminhando
Caminhando
Caminhando...


186 - ALÉM

Autor: Carlos Henrique Rangel

Fui além do que esperava do Mundo
E não mexo no passado...
Não modifico...
Releio sempre...
O mundo me é caro
E... Minha cara, você também.
Vi mais do que poderia
Minha vã filosofia de classe média.
E estou aqui... Ainda.
Mas fui além do que poderia
E que pensava querer.
Mas faltou você...
Além de você, mais nada...
Em tudo fui além
Menos com você.
Mas eu continuo...
Continuo sempre...
Fui além do que esperava do Mundo.


187 – PASSO A PASSO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Passo a passo
E passo
E vejo.
Me oferecem
Isso e aquilo
E eu passo.
Passo a passo
Eu vou
E passo
Vejo um paço
E passo.
Vejo o mundo
E Passo.
Vejo você
E o que faço?
E vamos...
Passo a passo
No ritmo do tempo.
Passam as horas
passa o tempo.
Passa tempo.
Passa à tempo.
Passo a passo
Todos passam.
O paço passa.
Você passa...
Eu passo.


188 - ETERNA

Autor: Carlos Henrique Rangel

Vi o tempo passar
E você não estava lá.
O vinho, esse amigo.
Me acompanha na dor
E lembro...
Você será eterna todas
As noites.
Minha dor será eterna
Sempre...
Eu te verei no não lugar
Em futuro próximo.
Quem sabe você me queira...
Quem sabe poderemos
Recomeçar ou começar.
O tempo passa
E o vinho abandona
A taça...

É hora das lágrimas...


189 - Loucamante? Loucamigo?

Autor: Carlos Henrique Rangel

 Estou louco para você
Eu te digo
Eu te digo
Estou louco por você...

Mas não confie em loucos
Eles dizem por dizer
Pode haver verdade nisso...
É provável não ter.
Eu,
Se fosse você
Fugiria para um abrigo,
Longe desse papo antigo
E ficaria comigo...

De novo é coisa de doido
Quem disse que te quero comigo?
Para você sou quase amigo.
Ou serei um inimigo?



190 -  MÃO

Autor: Carlos Henrique Rangel

Tenho um poema
Na palma da mão.
Diga sim
E te abro o coração
Diga não
Não te mostro a mão.

Tenho curvas
Na palma da mão
São marcas da vida
Quase canção.
Diga sim
E te mostro a mão.

Diga sim
Seguro sua mão
Diga não...
Foi tudo em vão.



191 -GOSTO

Autor: Carlos Henrique Rangel

Gosto:
De peixes...
De viajar
De sonhar
De ver o mar...

Gosto:
De BH
De flanar
De olhar
De namorar.

Gosto:
De conversar
De ouvir
De apreciar
De caminhar...

Gosto:
De falar
De amar
De amar
E de amar.

Gosto...
De te olhar
De te esperar
De te esperar
E um dia...
Te encontrar...

Gosto...
E vou gostar
De te dizer olá
De te tocar
E te beijar.

Gosto:
De você
De você
De você
E você?

Vai gostar?



192 - RENOVAÇÃO

Autor: Carlos Henrique Rangel

Cai a folha
Em terra
De folhas
E se perde
Na multidão.
A árvore se desfaz
Do que não é mais
E se renova em tons.
O caminho do tempo
É infinito
E não olha para trás.
O som do mundo
Não repete notas
Sempre há folhas
No chão.
Venta sobre
Os cabelos do ancião
E a criança não será mais.
Há uma nuvem
Anunciando águas...
Tudo olha o mundo...
Renovação.







193 - ROTINA

Autor: Carlos Henrique Rangel

Sobre a luz quase noturna
De ontem
Lembro de seus olhos distantes
Nada quentes
Nada vivos.
Gemas frias, cansadas...
Esperando trégua.
Te sorri amor amarelo pálido...
Me retirei cabisbaixo...
Mergulhei em minha solidão carnal
Erguendo um muro triste,
Cotidiano, urbano
E bebi doses de ansiedade
Te esperando...
Hoje te vi melhor
No café da manhã
E esperei o beijo que veio
Nada frio
Nada feio.

Redimiu a noite.



194 - QUATRO PAREDES

Autor: Carlos Henrique Rangel

Entre quatro paredes
Eu te disse verdades
Que acreditou.

Entre quatro paredes
Te dei minha vida
E te prometi um pouco mais.
Suei meu amor com você
E beijei seu corpo
Como único...

Entre quatro paredes
Esqueci as horas
A seu lado
Do seu lado
No seu lado...

Entre quatro paredes
O nosso mundo...
Lá fora é outra história...

Entre quatro paredes
Sob a coberta
Sou íntimo do seu corpo
E te pertenço para sempre.

Lá fora é outra história



195 - E VOCÊ NÃO VIU

Autor: Carlos Henrique Rangel

Eu estava lá
Mas você não viu.
Foram os meus dedos
Que roçaram sua face
Afastando aquele fio teimoso.
Foram os meus lábios
Que passearam sobre seus olhos
De leve
Para não te acordar...

E você não viu...
E você não sentiu...

Oh maldosa manhã de Sol
Que me despertou
Da viagem...
Quero voltar a dormir
E sonhar com você.
Tocar seu corpo
Invisível e me desmanchar
De amor...
Não,
Não quero nada
Que não seja essa
Realidade fantástica...
Acordar não é real...
Quero dormir
E voltar a ser seu príncipe...

E você não viu...

196 – MENSAGEM II

Autor: Carlos Henrique Rangel

- Oi...
- Oi.
- Me vê?
- Não.
- Por quê?
- Por que não.
- Por que não?
- Não dá.
- Pode dá...
- Não dá.
- Me vê?
- Não.
- Por quê?
- Já disse, não dá.
- Pode dá.
- Já disse. Não dá.
- Me vê?
- De novo, não.
- Por quê?
- Por que não...
- Pensa um pouco.
- Não.
- Então não pensa.
- Rs,rs...
- Então?
- Então o que?
- Me vê?
- Por quê?
- Para agente se conhecer.
- Não...
- Não quer me conhecer ou não quer me vê?
- Os dois...
- Tá...Vamos começar de novo...
- (...)
- Me vê?
- Ai meu Deus...



197 - BARULHO

Autor: Carlos Henrique Rangel

No barulho
Das mesas
Esse homem peixe
Apenas observa
O movimento.
Seu pensamento,
Quase um tormento,
É você...
Distante, irreal...
Para ele.
E você se derrama
Mulher
Em palavras e gestos.
Se mostra
E não...
E ele ama.
Você brinca de sorrir
Faz poses
E chama...
Ele ama...
Os ruídos do bar
Ele não vê.
Só esquece...
Pensa esquecer você
No copo dourado.
Mas é tão linda
Que o mundo
Se torna lindo
Na tristeza.
E ele sorri
Menino-peixe
E se deixa envolver.
No barulho das mesas
Também ele
É.


198 - VEM

Autor: Carlos Henrique Rangel

Meu sorriso
É do tamanho
Do mundo
E inunda
De raios
Os que estão perto.
É apenas sorriso
E tanto faz.
Você não viu?
Tanto faz...
Ele te ilumina o dia
Dizendo bom dia
E à noite: boa noite.
É o sorriso do mundo...
O bom mundo
O que te ama
O que diz oi
O que te quer bem
E que te espera
Em um canto da cama.
Sim,
Da cama.
Mas é o sorriso
De quem ama.
Que te quer
Perto do peito
Te ilumina
O dia e a noite
E te diz vem.

Vem!


199 - LIMITES

Autor: Carlos Henrique Rangel

Minha mente não tem limite.
Meu corpo sim.
Bato as asas e tento
Ver além do que posso.
Queria mais...
Essa prisão me poda a ação
Mas vôo mesmo assim.
Há seres interessantes nos ares
Como a fada
Que voa aqui...
Eu,
Pobre ser alado...
Limitado...
Tento prosseguir.
Não há limite
Para o que não tem limite
E minha mente,
Essa é livre...
Não tem limite
E voa assim



200 – MARAVILHAS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Foi Alice
Que me disse você
Não havia maravilha
Sem você.
Meu país limitado
Era rotina
Não sentida
E a felicidade
Antiga era mentira.
Só você
Ocupou o mundo
Dentro de mim
E percebi a vida
Em outros tons.
Foi Alice
Que me mostrou você.
Maravilha das maravilhas.
Virtual fantasia.
Poesia...
E no entanto
Não te tenho perto.
Não como gostaria.
Não importa.
A realidade agora
É outra...
Alice
me disse você.


201 – O INVISÍVEL
Autor: Carlos Henrique Rangel

Invisível.
Invisível você diz...
Impossível me ver feliz.

Estou em toda parte
E em parte alguma.
Te sopro os ouvidos
E você se assusta.
Sou invisível
Para você.

Você sempre diz:
É impossível me ver feliz...

Em toda parte
Que vou te encontro
E você não.
Sou invisível para você
E para o mundo.
Meu corpo não te fala
Nem meu perfume
Te fere os sentidos.
Lhe sou indiferente...
Não existo...

Nada me importa
Se não me quer.
Desapareço para você
E o mundo...

Sou Invisível...

Então...
Tudo pode ser possível.
Mas enquanto não me vê
É impossível ser feliz.
Sou Invisível...

202 - CONTRÁRIO
Autor: Carlos Henrique Rangel

O contrário ainda sou eu?

O que vejo no espelho
Sou eu?

Tudo está do outro lado.
Contrário.

O que há por trás
Do espelho?

Não vejo meus pensamentos
E eles estão lá.
Tanta coisa no lado de cá
Que não vejo lá...
Mas é a imagem
Que tenho de mim.
Contrária.
Incompleta.

O que você vê não sou eu.
Sou mais.
E quem pode saber?

O que vejo no outro
Também é o outro?

Ou o outro é mais
E o que vejo no outro
Sou eu?

Quando saberei da totalidade?

Algum dia me verei?

Mesmo que contrário?

Estou em pedaços...
Só eu sei de mim.

Alguns sabem alguma coisa.
Só eu sei de mim...

Será?


203 -Montanha
Autor: Carlos Henrique Rangel
                
Meus pés cansados
Levam-me para o alto.
A montanha é o meu objetivo,
Onde quero chegar...
Onde preciso... Por hora...
Na montanha
Quero me encontrar Ou me esquecer.

De novo meu fardo tem a cara do mundo.
E meu ombro se curva a cada passo.
Ficam pelo caminho as sementes
Do que não quero.
Mas sou colecionador de tudo
E preencho os espaços.
Sinto sede... De você...
Mas você ficou no caminho.
Seu lugar vazio espera quem vier.
No momento, chegar é o objetivo.
Quem serei no alto?
Não sei...
Quem sabe na decida eu veja mais
E te encontre melhor.
Por hora
Chegar é o objetivo.





204 -ANGUSTIA POÉTICA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Não sei menina...
Quase morro de angustia por não conseguir
Passar certas coisas que estão guardadas aqui.
Meu peito quer pular e minha alma berra batendo asas...
Mas falta alguma coisa...
Queria inventar uma linguagem que dissesse tudo o que penso...
Como gostaria de criar uma poesia com odores e lágrimas...
Como gostaria de escrever um beijo eterno
E abraços que não se desfazem...
Como gostaria de mastigar poemas em praça pública
Qual rosquinhas de amor.

A vida para mim é como a casa da bruxa
Da estória de Joãozinho e Maria...
Quero devorá-la com sofreguidão
E derramar pétalas de rosas...

Mas como?
Como seria?

Como traduzir o que só existe no mundo dos sonhos
Ou nos reinos das fadas?
Transformar em palavras o gosto do beijo da pessoa amada?
Como descrever com cheiro e textura
O que habita um coração apaixonado?
Como colorir o som de um luar?
Como dizer sem dizer?
Ou,
Sem dizer,
Dizer tudo?

Não sei menina...
Quem sabe um dia,
No fim do caminho.
Ou quando a tinta se esgotar
Não arranharemos as páginas
Com a exposição do mistério?
Nesse dia,
Nossos corpos brilharão
Como a resposta que procuramos...
Seremos "A POESIA".












205 -GUERREIRO

Autor: Carlos Henrique Rangel

Um guerreiro pós moderno
Me deu suas armas e disse:
Vá!
Corre o Mundo.
Incendeia o Mundo.
Diga o que vê...
Como vê...
Brinque de escrever.
Fale do que foi dito.
Diga diferente o que foi dito.
Vá!
Seja eco do passado
De outro jeito.
Repita o Mundo
Com outra letra,
Com outra leitura.
Vá!
Espalhe as verdades
Esquecidas.
Seja moderno
Com pitadas de ontem.
Vá guerreiro antigo.
Jogue seu suor
Sobre as cabeças jovens.
Quem sabe incomode
Os gênios futuristas
Com mensagens óbvias.

Um guerreiro pós futuro
Me deu suas armas
E me disse:
Vá!
Polua o Mundo
Com verdades esquecidas...
Eu fui...
Estou aqui.



206 - SOBRE CORES
Autor: Carlos Henrique Rangel

Serei azul se me quiser azul.
Verde posso ser,
Mas amadurecerei um dia.
São meus caminhos amarelos
Que me levam ao seu mundo sépia.
Mas os seus negros cabelos
É que quero visualizar marrom.
Há riscos vermelhos em meus olhos
E minhas noites sobre o branco dos papeis
Transformam em fundas crateras roxas
As olheiras que apresento sobre a face...
Vale a pena minha pequena luz prateada,
Mergulhar nesse azul de mar
E me transmutar em deus camaleão.

Serei eterno enquanto durar o olhar...
O Ponto não finaliza o que não é.
Só você é.
Tudo para você será...

207 -Monalisa

Autor: Carlos Henrique Rangel

Os olhos de Monalisa
Me observam de seu tempo.
Quanto tempo olham os olhos?
Quantos a olharam?

Eu a vi primeiro
Quando menino.
Ela viu tantos...
Quantos meninos?

Quem a viu primeiro
A desenhou como mistério.
Que mistério empregou
Para olhar quem olhou?

Quem olha foi olhada
Com admiração.
Muitos olham quem olha
Com devoção...
Os olhos de Monalisa
Eu vi mais velho.
Quanto mais velhos
São os olhos que encantam?
Quanto encantamento
Nos olhos dos que olham?

Gioconda em olhos e sorriso...
Mas são em seus olhos
Que fixo a vista.
Olhos de Mona...
Olhos de Lisa...



208 - No Ponto

Autor: Carlos Henrique Rangel

Disse José:
- Ela esperava.
Estava no ponto e esperava.

Falou Maria:
- Ela esperava.
Estava no ponto.
Estava de branco.

Carlos a viu:
- Era loura.
Olhos azuis.
Linda...

Marta passou:
- Olhava o relógio...
Os sapatos... Lindos.

Antônio olhou:
- Muito bonita...
Não pegou o ônibus.

Mário lhe sorriu:
- Ela não me viu.
Olhou o relógio.
Não me viu.

Natália observou:
- Estava no ponto.
Andava para um lado.
Andava para o outro.
O vestido era branco...
A bolsa... Preta.
Olhava o relógio...
Lindo relógio.

Pedro parou o carro:
- Não queria carona...
Não me deu atenção.
Não me ouviu ou não quis...
Muito bonita...

Cecília notou:
- Muito bonita...
O colar era azul
Como os olhos em lágrimas...
Olhava o relógio...
Muitas vezes olhou.

Mauro também viu:
- Tão linda e chorava...
O taxi parou.
Ela chorava.
Olhou o relógio
E entrou.
Ela chorava...
Ela chorou...







209 -QUASE

Autor: Carlos Henrique Rangel

Meio cheio
Meio vazio...
Tudo para mim
Esta quase cheio.
Você é quase linda.
Ele quase acertou...
Estou quase chegando lá.
Espera!
Estou quase perto.
Quase fomos felizes.
Quase te amei mil vezes...
Eu sei...
Quase deu certo.
Mas tudo passou
E eu...
Estou quase feliz...
Quase...


210 - OBRA

Autor: Carlos Henrique Rangel

Desenhe seu mundo
Sobre meu corpo
E me construa melhor.
Sou folha em branco
Pronta para o novo
E serei o que quiser.
Você me venceu sem luta
E me entrego limpo
Para o que der e vier.
Faça de mim sua obra
E me exponha ao vento
Ou sobre seus lençóis.
Rabisca o seu mundo
Em meu corpo
E serei eternamente seu.




211 - AMOR PRIMEIRO
Autor: Carlos Henrique Rangel


Nada sairá de onde está.
Aqui dentro só eu...
Você ocupou o seu lugar
Não há volta.
Desapareça...
Se desfaça no mundo.
Mas não há como me abandonar.
Será eterno como eu o que foi.
E o que doeu doerá sempre
Mesmo que você nunca mais.
Não é tortura tudo isso.
O que foi bom também está lá
E ressurge sempre
Quando não espero...
Você será eternamente jovem
Amor primeiro.
Aqui dentro só eu...



212 - QUASE CONCRETO

Autor: Carlos Henrique Rangel

Eternamente
Amarei...
És terna,
Menina
Amarei...
Eterna
Mente
Amarei...
Externamente
Amarei...
Internamente
Amarrei...
Eternamente
Externamente
És terna?
Mente?
Eternamente
Amarei?


213 - POEMA DA VIDA

Autor: Carlos Henrique Rangel

Encontrei no jardim
Um besouro derrotado.
Formigas vermelhas
Suavam seu transporte
Em lento arrastar.
Logo a diante,
Uma pequena lesma
Desenhava o chão
Escrevendo sua marca.
Quinze minutos é o tempo
Para que os versos se cruzem...
Terei então um poema
Da vida...
É esse que quero escrever...






214 - OLHOS

Autor: Carlos Henrique Rangel

Que olhos
Existem por trás
Dos óculos?
Quem é você
Que a máscara
Esconde?
Há mistérios
Insondáveis
No rosto da jovem,
Que meus dedos
Querem tocar.
Também meus lábios,
Esses insaciáveis românticos
Desejam o gosto
Do Desconhecido.
Ela olha mas o que?
Onde está o olhar?
O que pensa esse rosto
Sem sorriso?
Que mundo esconde
Que não o meu?
Os olhos que não vejo,
Imagino.
E amo suas cores.
Não me mostre
O que já vi
Em sonhos.
Serei seu
Eterno amante.


215 - DESCARTÁVEL

Autor: Carlos Henrique Rangel

Descartável
Mundo Humano
Tudo se perde
Tudo se recria.
Fica um pouco
De sua cria
Na poeira
Do tempo.
Palavras ao vento
Formam Poesia.










216 - DAI-ME

Autor: Carlos Henrique Rangel

Quero tanto da vida.
E por que não?
Eu vim nu ao Mundo
E estou carente de tudo.
Dai-me o que eu puder pegar.
Dai-me seu amor,
Sua alegria,
Sua força de vontade
E o brilho do seu olhar.
Deixe-me completar minha coleção de emoções
Para saber o Mundo e ser melhor.
Dai-me seus ódios
E seus porquês.
Dai-me!
Não quero furtar...
Quero que partilhe o que viu.
O que tem por trás da sua pele
E o que ficou na superfície.
Dai-me o que sentiu com seus lábios...
O que pisou com os seus pés...
O que suas mãos tocaram...
Dai-me o que você é
E que eu não poderei ser jamais...
Dai-me...



217 - SIMPLES
Autor: Carlos Henrique Rangel

Cada vez mais simples
Eu escrevo você.
Você,
Complexa figura,
Somente simplificando
Para entender.
Mas o que você é
Não sei dizer com palavras...
Veja-me...
Todo meu corpo
Reflete você.
O bem que sou
O mau que fiz
Tudo foi você
Em mim...

Como sou cruel
Para te escrever assim...

Mas aconteceu.
Virei você.
E essa é a leitura que fiz.
Não lamento nosso encontro.
Talvez eu tenha sido culpado
De não saber você.
Magoei-me por  você.
Transformei-me em você...
Sou você pior...

Dura e simples leitura...
Sou você pior...
Não te odeio
Nem te amo mais...
Sou como você agora.
Sou capaz de tudo
Mas amar
Jamais...

218 – AVENTUREIRA
Autor: Carlos Henrique Rangel

A água da sarjeta
Escorre leve
Como um rio.
E como um rio,
Pequenos barcos
Em folha deslizam
Pelos seus caminhos.
Para onde corre
A água urbana?
Que caminhos são
Os deste pequeno rio?

A nascente eu sei,
Uma matrona
Esbanjando limpeza
Em sua calçada.
Mas a foz...
Mistério a ronda.

Quando criança
Acompanhava
Esses pequenos barcos
De folha...
Nunca era o mar
O destino final.
O boeiro tragava
O aventureiro
E acriança lamentava
A triste sina...

Hoje o tempo
Não é o mesmo.
Não acompanho a folha.
Só lhe dou adeus
Desejando melhor sorte,
Melhor sina.
Sei que é o mar
O fim de todas as águas...
O grande espelho azul
Quase infinito...
Mas a criança,
Como o adulto
Sempre desejam
Melhor sorte
Às folhas aventureiras.
219 – VERBOS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Nasci para esse mundo
Em manhã de Sol.
Chorei dores que
Não sabia... Ainda.
Olhei o mundo em branco
Sem formas e estranhei.
Toquei quentes carnes
Que me eram conhecidas.
Que me eram estranhas.
Sorri para o novo conhecido
E me adaptei.
Cresci, brinquei, amei.
Sofri pelo que tinha importância
E não tem mais.
Virei homem entre homens
E amei muito
E sofri mais.
Trabalhei, viajei
Namorei algumas centenas
E desejei outras...
Amei...
Sofri mais.
Amei...
Gerei filhos
Que preencheram os dias.
Preocupei.
Perdi sono.
Amei demais.
Envelheci...
Aprendi sempre
Com tudo
Mas falta mais.
Sei, no entanto,
Que amei e sofri
Muitas vezes
E o que mais
Gostei nessa vida
Foi de amar...
Amar demais.







220 – ELEMENTOS
Autor: Carlos Henrique Rangel

FOGO
O fogo eu vi
Em você
Amor febril.
Esquenta esse corpo
Com suas chamas.
Queima toda
Minha energia
Em sua luz
Sem fim.
Que eu seja
Seu enquanto
Dure a chama.
Usa-me como
Lenha
Fogo que vi.

AR
Me deixe respirar.
Me deixe falar.
Me deixe admirar.
Ar!
Deixe eu olhar
Deixe eu andar
Deixe eu voar.
Ar...

ÁGUA
A água molhou meu corpo
E ressurgi.
Renasci em águas
Depois que te perdi...
Lava tudo
A água
Que me banha.
Você se foi em águas
Renasci.

TERRA
Me joga na terra...
Com você de novo
eu vou me lambuzar
Na lama
De onde vim contigo.
E serei seu amigo...
Mais que amigo.
Vem.
Sinta a poeira
Da mãe eterna.
Que sejamos ela
Nesse agora,
Quando sabemos,
Seremos dela

221 - VAZIO
Autor: Carlos Henrique Rangel
O vazio diz
Mais sobre tudo.
Um grande nada
Pode ser tudo.
A novidade
a caminho...
Um comentário
Sobre nada
É nada...
E diz tanto...
Ser vazio
É uma expectativas
de um dia ser cheio.
Tudo pode ser
Quando há espaço.
Quando o nada
Está cheio
de possibilidades.
Uma folha em branco
Espera conteúdo.
O que se pode esperar
Quando nem folha há?
VAZIO...

222 -POEMA RASGADO

Autor: Carlos Henrique Rangel

Rasguei o poema
Que lhe escrevi.
Não merece
A cor da minha tinta
Mesmo que descartável
Seja nosso amor.
Você não é minha
Nem eu sou seu.
Nunca fomos donos...
Ninguém o é...
Mas o respeito
Eu o tenho em conta
Mesmo que não
Seja nada para você.
Os seus beijos
Eu guardo
Em um canto da boca
Mas estão no passado...
Como é duro o passado...
E você passou.
Rasguei o poema
Que lhe escrevi.
As marcas nos meus dedos
Não são mais para ti.



223 - SABER

Autor: Carlos Henrique Rangel

Houve um tempo
Que sabia tudo...
Achava.
Como o filósofo
Nada sei.

De tudo
Sei alguma coisa
De nada.
E o pouco que sei
Reparto em pedaços
Aos que menos sabem.
Há mais por saber,
Principalmente sobre você.

Houve um tempo
Que sabia você...
Achava.
Não sei de nada
E é bom não saber.

Minha vida é descobrir
Você.
E você é tão mais
Do que eu sabia
Que cada dia é euforia
E me sinto sábio
De você.
Serei especialista
Um dia?
Isso importa?

Houve um tempo
Que sabia tudo.
Achava...
Hoje não sei
Nada de nada
E um pouco de tudo.
De você,
Um pouco mais.


224 - ANUCIAÇÃO

Autor: Carlos Henrique Rangel

Anunciarei ao mundo
Que você chegou.
Te darei mil ois
Para te dizer meu amor.

Em ois te apresento o mundo,
Meu amor...

Venha conhecer sua morada
E quem te ama muito antes
De ser.
Venha ser parte de nós,
Nosso elo maior
Nosso tudo,
Nossa continuidade nesse mundo.

Anunciarei ao mundo
Que você chegou.
Seja bem-vinda
Amor que é meu
Seja nossa esperança,
O mundo é seu.

(Para Maria Eduarda)


225 - LINHAS

Autor: Carlos Henrique Rangel

Um “m” em minha mão
“M” de mão seria
Se não fosse “m” de Maria,
Garota que muito sorria.
“M” de maravilha,
De mar e de novo Maria.

Quantas Marias Tive
Que minha Mão guardaria?
Quantos corpos
Preencheram as linhas,
Marcaram,
Calejaram,
Feriram,
Amaram?

Vejo um “a” de Alice
De Amanda, de Aline.
Quantos “as” mais
Estão cravejados
Entre os dedos?

Outros nomes existem
Mas não estão
Em minhas mãos.
Entre Alines e Marias,
Patrícias, Jussaras,
Sandras e Tânias.
Tantas tive...
Não caberiam nas mãos.

Que os “m” e “as”
Sejam mais.
Nomeados estão
Representantes
Do alfabeto
Do meu coração.



226 - QUINZE

Autor: Carlos Henrique Rangel

Em quinze palavras
Saberei falar de amor?
Como transmitir em quinze segundos
O que brota do peito?
O que bate descompassado em segundos?
Quero oitenta anos para te dizer
Te amo...
De várias formas...
Quinze talvez...
Quero tempo
Para me alimentar de você
E me tornar seu tempo...
Mas quinze minutos é pouco...
Quero mais.
Me dê suas horas
Para saber você.
Não quinze horas...Trinta.
Como os bancos...
Deixa eu ser seu fiel cliente?
Depositarei meus beijos
Em seus lábios
E sacarei apenas o necessário
Para ser feliz.
Mas quinze segundos,
Minutos, horas, dias, anos ...
Isso é pouco para te amar
Sou viciado em você
E te quero sempre.
Oitenta...
Por favor
Oitenta.



227 - SOBREMESA

Autor: Carlos Henrique Rangel

Bolas de leite
Em calda de rosas...
Calda de rosas...
Em calda de rosas.
É assim que vejo
Seus beijos
Meu amor...

Em calda de rosas,
Bolinhas de leite
A tocar meus lábios.
A lambuzar meu rosto.
A perfumar meu corpo.
Em calda de rosas...

Sinto-me seu pasto,
Lugar de amar.
É assim que me sinto...
Seu alimento em calda de rosas.
É assim que me sinto
Meu amor.

228 – FLOR DE VOCÊ
Autor: Carlos Henrique Rangel
               
É para mim Esse aroma
Que me seduz?
Só eu posso Senti-lo?
Frascos perfumados
Dirigidos  aos seres amados.
Esse odor raro só eu o tenho
E é para você.
E o seu?
Esse que sinto
Como único?
É meu?
É para mim?
Doce perfume é você...
Flor de você.
Aroma que me cobre o ser.
Estou impregnado.
Só sinto
Só respiro
Você...
Doce perfume é você...
Flor de Você.
Flor de Você.


229 – LEÕES
Autor: Carlos Henrique Rangel

Olham
Os leões da praça.
Poses de artistas...
No banco,
Olho o mundo
Em movimento
E sou quase
Um ausente.
Que falta faria
Se desaparecesse?
Tudo continuaria...
E os leões...
A metrópole
Parece eterna
E respira
Se alimenta
Se droga...
Suas veias
Estão sujas
E suas carnes
Apresentam
 Impurezas...
Ela se maltrata
Mas respira...

É eterna...

Olham
Os leões...
Inanimados,
Eles e eu.
A metrópole
Gira sobre si
Animal
Sem mente
Que age
Por instinto.
Há de tudo
Nesse corpo:
Amor, ódio,
Tristezas, alegrias,
Fomes diversas,
Solidão...
Tudo é movimento.

Parados
Somente eu
E os leões.


230 - OBRA                             
Autor: Carlos Henrique Rangel

Misturo os grãos
Ao líquido em terra.
Uma rodela amarela.
Levo aos lábios
A primeira leva.
Desfaço a obra
E reconstruo uma nova.
Um pouco de verde
Em finas faixas
Eu mastigo com grãos brancos.
Há rodelas maiores
Em vermelhos variados
E de novo
O metal trabalhado
Recolhe a mistura colorida
E a abriga na caverna movediça.
Me alimento destas cores saborosas...
Brinco com as figuras...
Sou artista...
Brancos grãos,
Outros marrons,
Rodelas amarelas,
Círculos vermelhos,
Verdes fios...
Danço as formas
Na moldura redonda
E aos poucos
Reconstruo a escultura
Em borrões vazios.
Foram-se os grãos, rodelas,
E os fios.
Me sinto renovado.
Preenchido.
A obra que sou continua.
Na mesa,
O prato vazio.


231- - ÁGUAS
Autor: Carlos Henrique Rangel

As águas de março
Nublaram meus olhos.
Já não penso o que sou.
Já não sei o que sou.

As margens que margeiam
Minhas lágrimas
São rugas que o tempo criou.
Foi só isso o que o tempo deixou.

As águas de março
Não fecharam meus verões...
Esses se foram há tempos
E eu caminho
De olhos vermelhos
Pelo que passou.

Lembrar pode ser
Uma doce tortura
E sou ótimo torturador.

As águas de março
Banham minha face
E um pouco de mim.

Não sei onde estou
E o que será ...
Sei, no entanto,
Que meu caminho
Não tem fim.
Março terá.


232 – TRATADO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Não rimo nada.
Acho que poesia
Não precisa
Ser rimada.
Apenas jogo letras
No papel.
Palavras soltas,
Palavras ao Leo.

Como disse:
Não rimo nada.
Para escrever
Basta uma musa
Uma amada...
Ou tudo
Ou nada.

Apenas avanço
Minha mão e deixo
O controle ao coração.
Ou não...

Poesia não precisa
Ser rimada.


  233 - POÇAS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Pisaram e a água espirra
Ganhando espaço.
Parada, nunca está...
Ou o vento que acaricia
Ou passos que oprimem.
Movimento é a sina
Da poça solitária.
Acidente da calçada,
Falha urbana...

Ignorada, ela é parte
da vida.
Transtorno de alguns.
Solitária, ela quer mais.
Quer correr o mundo.
Mas está limitada
À fenda, sua prisão.

O tempo lhe garante
A vida.
Seu tempo
É quase um não.



234 - PEDRA E RIMAS
Autor: Carlos Henrique Rangel
                                   
Tinha uma rima          
No meio da pedra.
Pobre rima...
Pobre pedra...
Tinha um Sujeito
No meio da pedra.
No meio da rima.
Pobre sujeito.
Pobre pedra.
Pobre rima...

Tinha uma caneta...
Pobre caneta...
E um sujeito...
E uma pedra...
E uma rima...
Pobre Rima...

Tinha um Mundo
E uma rima.
E um sujeito.
E uma pedra...
E a caneta.

Tinha uma caneta
No mundo...
Pobre mundo...
Pobre mundo...


235 - COMPREENSÃO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Te amo
Porque
Te conheço...
Te amarei
Mais
Quando
Te conhecer
Mais.

Aprecio
Porque compreendo.
Apreciarei
Mais
Quando compreender
Mais.

Amo
Porque conheço
Porque compreendo
Porque entendo
E aprecio.
E amarei mais
Quanto mais
Conhecer
Compreender
Entender
E apreciar.

Não quero
Ser igual
Mas a sua diferença
Me fascina.
Eu conheço
Eu compreendo
Eu aprecio
Eu entendo.

Eu te amo.


236 - BANHISTAS
Autor Carlos Henrique Rangel

Quem são as meninas
Que se mostram
Livres na outra margem?
Não as vejo e as quero.
São deusas?
São ninfas?
São banhistas...
Eu que não as tenho nítidas
Não existo.
Elas ficam.
Eternas serão.
Eu não...
A água está fria.
Não estragarei
A composição...









237 - POETA TORTO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Serei o poeta
De um mundo sem rumo.
Que diz verdades
Desencontradas
E sonha com fadas aladas.
Serei o poeta
Das coisas comuns.
Que parecem incomuns
Para os que sabem.
Serei o verso
Desorientado
Que fala de chuvas
Esquinas e formigas.
Que chama estrelas
De amigas...
Serei o amante
Solitário que sorrir
Para a musa
Inspirado em dor e amor.
Eu sou o anjo torto
De um mundo torto.
Cantor do visto
E do relido.
Que ama estar
Aqui.
Serei o poeta revisto.
Revisor de mitos
Sonhando melhor
Pensando no Paraíso.
Não me veja mal.
Me veja bem.
Sou poeta,
E os poetas
Vêm além...
Sou poeta
De um mundo perdido.
Quase sábio.
Quase amigo...
Digo verdades
Desencontradas
E sonho
Com fadas aladas...


238 - PERFUME
Autor: Carlos Henrique Rangel

Em minhas mãos
O seu perfume...
Está em minhas mãos
O seu cheiro
De mulher.

E te transmito
Aos outros
Com delicadeza.
Sou mensageiro
De você.

Espalho-te
Aos quatro cantos...
O mundo vira
Você.

Pelas minhas mãos
Repasso-te
E o mundo
Fica melhor,
Mais perfumado...
Mais você.

Doce perfume
É você
Flor de você
Flor de você



239 - FLOR NO CAMINHO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Uma flor no caminho
Lembrou-me você.
Branca margarida
E eu não recolhi.
Melhor assim...
Como você,
Ficou no caminho
Distante de mim.
Uma simples flor
Simples você.
Você não me quis
A flor... Eu não quis.


240 - SOMBRAS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Sombras da noite.
Os que foram
Ainda estão.
Choram o passado
No ranger
Das portas.
Ninguém os vê
E estão lá
Ensaiando a vida
Que não é mais.
Há senhores
E servos.
Cúmplices do tempo.
Solidários
Do que foi...
Somos intrusos,
Invasores
De cotidianos
Antigos.
O casarão
Não lhes pertence
E a nós
Muito menos.
Não sabemos
O suor das paredes...
As lágrimas nas janelas...
São deles os sangues
Na poeira.
As dores no assoalho...
Nós...
Não apreendemos
Nada.
Não aprendemos
Nada.
As sombras
Da noite
Continuam as rotinas
Do tempo
Enquanto houver
Vestígios do tempo...
Enquanto houver
Tempo.


241 PRAIA DO MUNDO
Autor: Carlos Henrique Rangel

A praia do meu mundo
Fica Ali na esquina
Onde suo minhas mágoas
Em líquidos gelados
Pensando em você.
Atravesso mundos e fundos
Para morrer na praia
Entre iguais desajeitados.
Ex-amados, ex-felizes...
Atuais desgarrados,
Solitários, cansados...
A praia do mundo
Tem areias sujas
E águas mal cheirosas.
E você não está lá...

(Somente em pensamento...)
Eu mergulho nesta solidão
De momento
E me afogo
Na sarjeta movediça.
No outro lado do mundo
A esperança me espera...

242 - ESSAS PALAVRAS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Essas palavras
Que saltam do peito,
Dizem o possível
E o impossível.
O que quero
E o que gostaria.
Essas palavras
Ainda são palavras
E limitam o que quero
E o que poderia...
Essas palavras...
Há mais por trás.
São suadas,
Cheiram a almas
E lágrimas...
Ainda são palavras.
Calejadas...

Palavras...


243 - FLUIR
Deixe que a água corra
Ela sabe o caminho
O doce caminho...
Amar é um chocolate
E desfruto cada pedacinho.
Deixar fluir...

O amor também sabe
seu caminho.


244 - Alguns Porquês
Autor: Carlos Henrique Rangel

Se não me quer
Por que me olha?
Se me olha
Por que não me quer?

Eu te olho
Eu te quero.
Se não olhasse
Não te queria.

Por que me observa

Se me nega?
Se me nega
Por que me observa?

Eu te observo
Eu não te nego.
Se não te observo
Te nego...

Por que não me quer
Se eu te olho?
Por que me nega
Se te observo?

Você me olha
Você me observa.
Me queira
Não me negue.
Serei seu
Serás minha.
Serás minha
Serei seu...

Serás minha...


245 - OLHOS ABERTOS
Autor: Carlos Henrique Rangel

De olhos
Bem abertos
Eu vi os seus.
E eram verdes
Como o espelho do rio.
Esmeraldas vivas
Que me faziam Vivo.
Quanta juventude Vi
No brilho que vi.
E você era tudo
E eu...
Um nada carente.
De olhos Bem abertos
Te vi desfilar
E lamentei Ser o que sou.
Essas pedras verdes
Não me verão E eu,
Não pisarei o rio...
Somente em sonhos...

Sempre os olhos...
Fascínio...
Janelas da alma
Que mostram o que não se pode ver.
Os olhos falam das verdades mais íntimas.
Aquelas que tememos entender.

246 - VERMELHO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Manchas vermelhas.
Fortes manchas vermelhas.
A seiva da vida
É linda
E vermelha.
Intraduzível...
É vida.
Para ser vista
Precisa ser vertida,
Perder o seu caminho.
A arte escondida
De um grande artista...


247 - CONTRÁRIO
Autor: Carlos Henrique Rangel

A formiga
Que me olha
Como seu Universo
É meu contrário...
Eu também olho
O Universo
Como meu...
Serei o contrário
De quem?


248 - VISÃO
Autor: Carlos Henrique Range

Com será
A visão dos
Que não têm?
Eu sei
Que há visão
Mesmo onde não há.
Que seja negra cinema
Ou branca de neve.
Terá linhas?
Formas vazias?
Nadas gigantes?
Como será o não ser
De quem não vê?
Há tantos
Que pensam ver
E nada vêm
São cegos
Do que se deve ver...
Como será a visão
Dos que não têm
E desejam ver?
Eu verei um dia?

249 - TEMPO
Autor: Carlos Henrique Rangel

O tempo é um amigo
Que deixa marcas
Está sempre comigo.
Me beija a face todos os dias
E me arranha a pele
Com carinho.
Sou sua marionete
E danço a sua música.
Conforme a musica.
O tempo não tem fim...
Eu...
SIM....

Nesse corpo sim...


250 - PAIXÃO
Eu não quero te perder
PAIXÃO.
Quero te ver do meu lado
Sofrendo... Meus carinhos...

PAIXÃO...

Beija-me com gosto de jiló
Eu não te entendo...
Eu te compreendo...

Adoro jiló...

PAIXÃO...


251 -  FARDO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Os comuns não sabem,
Mas o vazio pesa
E nos curva.
Meus fardos vazios
Eu os mantenho abertos.
Sempre cabe mais
Nesse vazio que pesa.
E recolho pelo caminho
Os nadas que curvam os ombros...
Ai de mim
Que não sei
Distribuir meus vazios...
Mas são meus,
E ninguém os merece.
A cada um os seus...
Meus fardos,
Eu os carrego conformado.
São meus eus.
Estão em tudo que faço.
Cicatrizes invisíveis
Que me curvam a alma...

MINTO.

Os comuns sabem.
Também eles carregam
Fardos vazios...
Também eu sou  um comum.


252 - ALMAS TANTAS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Somos tantos
Que devemos dar voz a todos...
Que venha
O ser alegre,
O triste,
O solitário,
O perdido,
O feliz...
Minha alma
São tantas
E transpira poemas.
Que seja assim...
Que seja assim...


253 - SONHOS
Autor: Carlos Henrique Rangel

E o sonho que veio
Foi aquele de sempre:
Você em meus braços.
Seus lábios nos meus.
Apenas sonho...
A realidade é um pesadelo,
E ele,
Que lhe suga o carinho
Não sou eu
Nem meus os lábios
Que te beijam.

Em sonhos sou seu
E você é minha.
Minhas as suas palavras
Suas as que minha boca imagina.

Na realidade você não me vê
E as cores de minhas palavras
Nunca te adoçaram os ouvidos.
Sou um nada perdido
No canto de seu mundo
Mas o seu é quase tudo...
Para mim.

Em sonhos é assim:
Sou seu mundo
Você o meu.
O que tenho é seu
O que tens é meu.
Em sonhos...

A realidade não é assim
Não é assim
Não é assim...


254 – NOITE IV
Autor: Carlos Henrique Rangel

A noite é o lugar das buscas...
Os seres carentes estão lá.
E os desajustados,
E os vampiros...
Mas também os santos
E os amantes...

Anjos e fadas
Estão nas noites
E procuram a si mesmos.
Eu ainda não te encontrei...

São longas as horas das noites...


255 - ESQUECER
Autor: Carlos Henrique Rangel

Não te direi
Mais nada.
Tudo já foi dito
Em outros tempos.

Me esqueça.
Eu tentarei...

Não viverei
Mais você.
Não viverei
Sem você.

Me esqueça.
Eu tentarei...

Essas lágrimas...
Que sejam suas.
Rasgue minha foto.
A sua,
Eu a perdi
Em meu peito...

Me esqueça.
Eu tentarei...


256 - ALMAS GÊMEAS
Autor: Carlos Henrique Rangel

O certo é o que o coração diz.
A alma gêmea existe
E pode está dividida.
Erramos nas escolhas?
Acho que não...
Acertamos sempre.
Aquela era a alma gêmea
Do momento.
A que eu merecia...
Já fui muitos
E serei mais...
São várias as almas
Que me são gêmeas...


257 - ECOS DO PASSADO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Por que me detesta
Criatura vã?
Que mal te fiz
Para irromper
Minhas entranhas?
Destruir minha
Estrutura?
Sou filho dos seus
Como você.
Útil fui.
Útil sou.
Mas não me
Quer aqui
Nesse novo mundo
Que não acho novo...

Eu já não sou
O que fui
E como sou
Não te sirvo
Mais.
Mas sei tanto...
Posso contar de você
E dos seus.
E te faço lembrar
O que esqueceu.
Então,
Não me odeie
Ou me despreze.
Sou testemunha
Do começo.
Não apresse
O seu fim.


258 - MINHAS MÃOS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Me diga então...
Não sou adivinho.
Eu também Caminho
E recolho as flores que estão.

Você em minhas mãos...

Carrego o mundo
Em manuscritos.
Coração perdido.
Não sei de amores
Mas você está
Em minhas mãos...

E te levo com tudo...
E não sei o que quer.
Não sou adivinho.
Também caminho.
Recolho as flores...

Você em minhas mãos.


259 CASTELOS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Nada mais frágil do que castelos de areia
Nada mais eterno que ondas em praias.
Sempre estarão lá as areias
E as ondas do mar.
Os castelos,
Esses vem e vão...
Caprichos de homens
Caprichos do mar...
Como as vidas dos fazedores,
São lampejos
Um piscar...

Mas que lampejo.
Mas que piscar...






259 - EFEITO DA BORBOLETA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Suas asas me tocaram
E eu te amei.
Mas voa por vários cravos...
Em jardins que não estou...
Eu pobre mato
Só te vejo
E não me vê...
Não sei voar,
Nunca voei...
Queria ser flor
Entre flores
E seus vôos
Seriam meus,
Mesmo que outros
Fossem seus...
Suas asas me tocaram
E me apaixonei...
Perco a cor
Murcho as folhas...
Eu que era feliz
Agora não sei...
Fui tocado por suas asas.
Sou seu.
Fiz-me seu.
Nada mais serei.


260 - ESQUECIMENTO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Eu sei,
Esqueci você.
Já não dói no peito
A falta de seus beijos.
Ou o pedaço de carinho
No rosto.
Já não chovem lágrimas
Sobre a face
Quando penso
Em seu sorriso.
Esqueci você
Numa esquina qualquer
Abraçando garrafas vazias.
Já não te encontro na cama
E nem procuro.
Já beijei outros lábios
Sem sentir os seus
E nem sonho
Com os seus olhos
Que olhavam os meus...
Esqueci você...
E o que fizemos
Juntos...
Não somos mais nada
Um para o outro.
Eu sei,
Esqueci você...

ACHO...


261 - SOLIDÃO II
Autor: Carlos Henrique Rangel

Nós que amávamos
Muito a solidão
Também a odiávamos.
E na multidão
De vazios
Ela imperava
Nos acolhendo
Em cantos de mesas
Acompanhados
Das mais frias cervejas.
Era nesse observatório
Invisível
Que vigiávamos
Os felizes
E os invejávamos.
Éramos sós
Por opção imposta
E amávamos
A solidão que odiávamos
E aos felizes
Que desprezávamos.
Nós que amávamos
Muito a solidão
Não a queríamos
E sonhávamos
Com a alegria
Dos normais.


262 - A MAQUINA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Sobre a mesa
A máquina.
E o menino a viu.
Olhou, olhou...
Não entendeu o que viu.
A Tia sentada ao lado
Pressentiu a curiosidade
Mas nada disse a mulher.
O menino não resistiu:
- Tia, o que é?- perguntou tímido.
- Não conhece o instrumento?
Perguntou a senhora.
- Nunca vi. - Confessou o menino.
- É uma máquina de escrever.
Explicou a Senhora Tia.
- Como funciona? – continuou o menino.
A Tia, prestativa que era.
De uma folha se apossou
E a ajeitou no instrumento.
E o movimento de quem tem prática
Dedilhou algumas palavras
Que movimentaram a máquina.
O menino abobalhado,
Arregalou os belos olhos.
Exclamou sua euforia:
- Nossa! E já vem com impressora...


263 - AÇÃO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Meu grande poema
É não fazer...
O ócio é o que sei melhor.
Quase ouço o mundo
No meu não agir...
Não serei luz.
Sou trave nos olhos...
Minha inação
É minha grande ação.


264 - AMOR DO PASSADO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Esse amor do passado
Não passa, fica a meu lado
Segue-me na lida
E na sobrevida que teimo em levar.
Praças e banco já me conhecem o drama
E me cansa essa monótona tristeza,
Sempre a mesma.
Sempre a mesma...
Você que se foi sem aviso
Eu espero... Sei esperar...
Meu amor do passado é presente
Sempre foi presente...
Está invisível ao meu lado
E não me deixa continuar.
Continuo sofrendo o passado
Como um presente deixado...
Guardo a tristeza como um relicário querido,
Mas o querido é ter você a meu lado.
Empurro a vida como um fardo pesado...
Quem sabe um dia te reencontro no mundo
ou com a sorte dos que amam
Do outro lado...
Do outro lado...

265 - ATLANTES
Autor: Carlos Henrique Rangel

Minha cidade as águas levaram
Deram-me outra de mesmo nome
Mas não há memórias
Não dizem nada suas ruas certas.
Nada significam esses tijolos novos...
Tudo que sou se esconde em águas...
Afogaram minhas memórias...
Quase...
Sobraram as torres da igreja
Essa que resistiu ao canto das águas.
Não se afogou o símbolo de fé.
Eu me afogo em lágrimas...
Vejo-me em torre de igreja
E em sonhos...
Todos os meus sonhos
Acontecem em Atlantes...
No reino agora das águas.


266 - CABEÇA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Minha cabeça está suja
De sangue.
Serei eu o causador
Da guerra?
Estou em desacordo
Com o mundo
O meu mundo...
Já não sei
Se discordo de mim
Ou de tudo.
Esse sangue na cabeça
É meu?
Ou dos meus?
Não tenho inimigos
Nem amigos...
Sou perdido
De mim.
Estou perdido...
Esse sangue na cabeça...


267 - CADEIRAS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Como eterno se torna o objeto...
As cadeiras que me viram crescer
Ainda estão onde sempre estiveram:
Ao lado da mãe.
Eu modifiquei com o tempo...
Elas algumas reformas.
Mas sobrevivemos todos
Aos atritos dos anos...
Eu em minhas andanças.
Elas arrastadas
Pelas mãos que foram jovens
Tantos cansados se acomodaram.
Eu estou cansado agora...


268 - Conflito no Rio
Autor: Carlos Henrique Rangel

E se pegaram para valer
Aqueles dois grupos.
O encontro se deu numa esquina do Rio.
E houve de tudo...
E sofreram os que passavam
E sofreram os que estavam.
Luta terrível jamais se viu no Rio.
E talvez jamais se verá...
Perderam os Surubins.
Venceram as Tainhas...

Os pescadores fizeram a festa...


269 - DE MIM / DE TI
Autor: Carlos Henrique Rangel

DE MIM

E eu sei?
Coitado de mim
Que não sei de mim...
Vejo-me no espelho
E não sei de mim...
Nos olhos de quem olha
eu vejo a mim...
E não reconheço o que sei de mim.
Rabisco meu currículo todos os dias...
Reescrevo o que penso ser...
Mas não sei de mim...
Quem saberá o que sou se eu não sei?
Não sei...
Não sei...
Não sei de Mim...

DE TI
E você sabe?
Coitada de ti
Que não sabe de ti...
Vê-se no espelho
E não sabe de ti...
Nos olhos de quem olha
Você se vê.
E não reconhece o que sabe de ti.
Rabisca teu currículo todos os dias...
Reescreve o que pensa ser...
Mas não sabe de ti...
Quem saberá o que é se você não sabe?
Não sabe...
Não sabe...
Não sabe de ti...


270 - Desilusão
Autor: Carlos Henrique Rangel

Quando tudo parece uma conspiração
Começo a duvidar da canção...
Quero dormir o sono dos justos
E acordar em outro verão.
Quem sabe em outra versão...
Meu tempo está curto
E ainda o acho longo...
Quero partir sem destino
Quem sabe me esqueça...
Em Beirute ou no congo.
Quem sabe nas Maravilhas me perco
Ou em terras do “Nunca” volte a cantar...
Quem sabe a paz retorne ao corpo
Retorne a vontade de amar.


271 - DIVERSÃO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Minha diversão
É te dizer sim.
É te dizer não.
Sua diversão
É dizer não
Aos meus sins.
É dizer sim
Aos meus nãos.
No desencontro
Nos encontramos
Então...
Diversão...

272 - E O CACHORRO MORRE NO FINAL...
Autor: Carlos Henrique Rangel

Lembrei do meu pai ao assistir aquele filme...
Papai sempre contava:
- Aquele ali é o artista. Não morre...
Eu acreditava.
E sempre era verdade.
Meu pai era do tempo em que os “artistas” não morriam...
Meu pai estaria perdido hoje...
Muitos filmes vejo em que o artista morre no final...
Principalmente aqueles filmes que no tempo do meu pai ele chamava de “filme impressionante”...
Nesses filmes, o artista de hoje sempre morre no final...
Uma pena. Artista que se preze não deveria morrer em filme nenhum.
O mundo está mesmo perdido...
Outro dia minhas filhas pequenas foram assistir um filme cujo o “artista principal” era um cachorro...
- E ai meninas, como foi o filme? – Perguntei quando voltaram.
Elas me jogaram aquele olhar triste e responderam:
- O cachorro morre no final.
Bem, esse filme eu não vou assistir... Já sei o final.
Uma pena. Artista que se preze não deveria morrer.
Mas o cachorro... O cachorro morreu no final...


273 - ECO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Proteja-me
Proteja-me
Estou aqui.
Estou aqui.
Eu sempre
Estive aqui.
Pareço não
Ser nada
Nesse tudo
Que sempre fui.
Verde, dominei
O mundo
Mas você
Não quis assim.
Diminuiu meus espaços
Fez de mim
O seu pasto.
Já não sou mais o que fui.
Sou menor
E você me exclui.
Proteja-me
Proteja-me
Sem mim
Você não será.
Eu passarei
E você passará.
Proteja-me
Proteja-me.

274 - ENCONTRO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Quando os poetas se encontram
Palavras dançam...
E são coloridas
E odores emanam...
São lindas...
Sou Carlos
És quem?
E escreve
E escrevo
Sou do mundo mineiro
O mundo de montanhas
O mundo cercado de Brasil
E você, quem?
De que planeta vem?
Ou não vem?
E você, Quem?

Às vezes quando sento
Na sacada
E vejo as estrelas brilhando
Seguro a folha e a caneta
E sussurro: venham palavras...
Elas vêm...
É assim com você também?

Hoje somos seres de fantasia
Escondidos em teclas...
Alice de novo me disse...
E eu que sonho de dia
Acredito em fadas e poetas.
Acredito...

Em meus poemas me dispo
Entrego os meus segredos
Meus eus diversos
Meu mundo real e aquele que não.
Sou camaleão
E digo sim mesmo através dos nãos.


Nunca quis...
Não se assuste
com um poeta camaleão
ele pode ser tudo:
Um príncipe
Um anão...
Um dragão...
Pode te sorrir
ou Não
Posso te dizer sim...
Ou...
SIM.

Gosto de brincar
De te ouvir
Sem ouvir
De sentir os medos
Onde não precisam existir.
Gosto de fantasiar
Algo que pode assustar
Algo que posso amar
Algo que posso sentir.
Que seja em brumas
Pode ser em brumas...
Viver é repetir...

O vazio preenchido aquele nada que fala...
Aquela dor que transborda das coisas...
Somente as lágrimas para purificar...
Quem perdeu sabe como é duro achar...
E quando não se quer perder...
Sofrer...
Sofrer...


275 - EU
Autor: Carlos Henrique Rangel
Eu,
Que me quero eterno.
Sou mera brisa
Nesse vendaval.
Nada para o nascer dos dias.
Nada detém a noite
E suas estrelas quase infinitas...
Nada há que seja infinito...
Morrem as coisas que têm vida...
E eu a tenho
Ainda que duvidem...
Eu,
Que quero ser eterno
Sou grão de areia
Entre grãos.
Cada dia me aproxima
De ser grão
Ou o pior... Pó.
Eu,
Que me quero eterno
Pobre de mim...
Sou carne que envelhece.
Se sou mais que isso...
Só Deus...
Se infinita é a alma
É bom que ela exista.
Nada mudará se ela não...
Serei sempre
Um ser que passa...
Eu,
Que me quero eterno
Sou finito que se transforma.
Nada se perde...
Tudo se modifica.
Assim serei...










276 - FORAM-SE

Perderam-se em anos
Os beijos apaixonados.
As juras adolescentes.
As quase verdades...
Foram-se as ligações infinitas.
O querer ouvir horas.
As asneiras que não são...
O tempo revelou os “eus”.
Desnudou as feridas...
A cama, agora inimiga
É um suplício...
Um vicio...
O sexo burocrático
Um suplício...
Um vício...
Foram-se os motivos...
O que juntou.
O que uniu...
Foram-se as chamas.
Ficaram as cinzas...
Para onde foram...
Para onde foram?


277 - GAGO
Autor: Carlos Henrique Rangel
Eeeu tete amo...
É por por por isso que que fico assim.
Rerepito mil vevezes memeu olhar para ti.
Repepetir vivirou hábibito
desdeste nervoso cocoração.
Sósó por susua razão.

Não riria nãao.
Isso nãaao é bom...
Bom seserá se meme amar
Assim, rerepetidas vevezes
Cocomo fafaço por ti.

Cacalado eu sou didiferente..
Só gagaguejo nos cacarinhos
Que sei rerepetir diferente.

Ama-me
Dêdê-me uma chanchance.
Tete gagaranto
Que ninguém Tete disse
Tete aaamo cocomo eu
Didigo a ti.





278 -
GUERNICA
Autor: Carlos Henrique Rangel

E somente as luzes.
E trazem fogo as luzes...
Pobres Homens que fogem
Dos sons e das luzes...
Chove luzes
E molham de sangue as ruas...
Não há mais casas
Onde a ira se instala.
Só destruição fica.
E fica o gosto de carne queimada.
O choro da mãe sem criança...
O choro da criança sem mãe...
Chove luzes
E há poças de sangue
Nas ruas onde a vida imperava.
O touro geme o sacrifício...
A arena é uma cidade...
A cidade, o fim.
Dói o mundo
A dor dos que foram.
A dor dos que ficam.
A dor de Guernica.


279 - INFORMAL
Autor: Carlos Henrique Rangel

Ninguém vive a minha vida.
Não fiz curso para ser assim.
Sou aprendiz de mim mesmo
Não me leva a mal...
Meus sentimentos
Não aprendi na escola formal.
Sou informal
E informalmente formado.
Sou autodidata na vida
Que me escolheu.
Sou contador de histórias
Dos meus eus e acredito...
Ninguém me ensinou
A sofrer
Mas alguns ajudaram...
Sou autodidata na vida
Que me escolheu.
E vou caminhando assim
Tropeçando em mestres...
São tantos...
Esse é o caminho que a vida me deu...




280 - LEGRAZ
Augor: Carloz Henrique Rantel

Grocaram-me az legraz...
Não godaz...
Altumaz...
Eu, que já não zei rabizcar
Papeiz com canegaz
genho que agurar ezza groca de legraz...
zingo-me um coletial
Em digado da mezgra
E, no engango,
Não ouzo em parar de ezcrever
Mezmo que não zeja normal...
Mezmo que zeja quaze um códito
Ezza batunça de Legraz...
Um poega não ze ingimida...
Não, nunca!
Berrará zeuz poemaz
Mezmo que em legraz grocadaz.
Maz como dizze,
grocaram-me az legraz...
Não godaz...
Apenaz QUAGO.


281 - LEMBRAR
Autor: Carlos Henrique Rangel

Lembrar é pensar o acontecido
Como se fosse o acontecido.
Contar o lembrado é ordenar
O acontecido conforme pensado.
Lembrar não é o acontecido.
É o pensar sobre o acontecido
Que lhe é dado lembrar.
Muitas vezes o que se lembra
É distorção do que foi.
Do que aconteceu...
Fragmento do que foi...
Então...
A narração do lembrado
É como um sonho completado.
Pode ser uma ficção que se pensa real.
É sempre bom lembrar
Para não esquecer.
Mesmo que a lembrança seja reconstrução
Ou mesmo recriação...
Lembrar sempre é a construção do Ser.







282 - MEDO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Houve um tempo
Que eu queria te perder
Por que me perdia em você.
Tanto amor me destruía...
Houve um tempo...
Não há mais...
Não há mais medo.
E sofrer não me assusta mais.
Perder-te sim.
Mas preciso de você
Mesmo que tenha de sofrer.
Dilemas do amor...
Houve um tempo
Que sofri
Por te ter
E hoje...
Não a tenho
Porque como a quero
Não me quer.
O sofrimento que evitei
E que sempre existiu
Fez-se mais presente
Quando partiu.
Houve um tempo
Que o medo
Fez-me menor
E te perder
Uma obsessão.
Perdi-te ao te amar...
O fim foi a confirmação.


283 - METADE DO MUNDO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Metade do mundo
Me conhece do avesso...
Sou espinho
Em testa de inocente...
Pedra no caminho.
Dor de dente...

Metade do mundo
Me sente
Como algo,
Mas o não ser
É mais perto
De tudo
E do Todo...

Outra metade
Pensa que me conhece
Mas...
Não sou mercadoria
A venda...

A luz no fim
Do túnel
Não sou eu...
E não adianta
Olhar para luz...
Sou escuridão
De alguns...
O sonho mal lembrado...
A vontade
De mais...
Eu respiro
Vocês...
E vocês...
Me vivenciam
Todos os dias...
Metade do mundo
Não me vê
Mas estou ...
A outra chora
Por mim todos
Os dias...
Eu estou...
O mundo inteiro
Me odeia...
Me ama...
E eu...
Não odeio...

AMO.

284 - MORRO NOS VENTOS UIVANTES
Autor: Carlos Henrique Rangel

Morro nos ventos uivantes...
Desfalecido estou.
Cansado de não ser ouvido.
E nesta ventania de idéias
Estou morrendo...
Morro nestes ventos uivantes
Onde nem a minha voz tem ouvidos.
Cansei de tagarelar em sussurros.
E não quero gritar nada.
Morro nos ventos uivantes...
Assassinado pelos medíocres.
Sufocado pelos iguais...
A diferença é apenas uma pinta.
Ainda assim diferente é.
Serei eternamente um moribundo
Nesta ventania...
A morte me aposentará.
Morro nos ventos uivantes...






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