SÁBADO - FIM DE ANO
Eu sei...
Em um sábado nublado aqui estou te escrevendo com a intimidade que não tenho.
O poeta existencial que habita minha alma teima em espirrar palavras para o mundo - não, não faço isso só com você...rs rs... -
Há outras vítimas a quem atormento com verbos e adjetivos que às vezes não têm muito sentidos.
Os sábios usam a meditação para se autoconhecerem...
Os simples mortais usam o tempo e as coisas que acontecem com o tempo para se pensarem e se reinventarem para o bem ou para o mal.
O poeta existencial que sou utiliza os versos para traduzir tudo que se produz na mente, que de outra forma explodiriam em atos nocivos contra mim e contra os outros.
E penso a vida profissional e a vida sentimental.
Principalmente nessa época - fim de ano... Natal.
Temos a ilusão de que as datas realmente mudam e que um novo ano começará com novas possibilidades novas alegrias e novos desafios.
Apenas ilusão...
Mas fingimos acreditar que tudo vai ser diferente.
E diferente para melhor.
E mesmo os mais frios agem como se realmente um ciclo se fechará e um outro virá - lindo, belo, diferente...
DIFERENTE.
É isso que queremos todos.
Que seja diferente para melhor.
Quem está só, deseja deixar de ser só.
Quem está desempregado, quer um emprego.
Quem está em um relacionamento desgastado, quer que tudo se resolva para melhor.
Quem está num emprego sem perspectiva, deseja novos rumos profissionais.
Todos nós queremos alguma coisa mesmo que não admitamos.
Você deve estar pensando.
O que esse doido está fazendo aqui falando tudo isso?
Ah, esse doido pensa que você o ouve...
Quero dizer: o lê. Rs rs...
Fazer o quê se isso não for verdade?
A vida é assim mesmo.
Então, aqui estou falando de forma monótona, essa tradução do fim de ano.
Essa metáfora da vida que cismamos que tem um princípio, um meio e um fim.
Mesmo que alguns princípios pareçam o fim e que o meio seja o início de alguma coisa.
Bobagens, bobagens, bobagens...
Na verdade, nada é muito sério nesse lindo e maravilhoso mundo...
Então...
Chega desta correnteza de palavras...
Te desejo um ótimo fim de semana
E... Mil desculpas por tudo isso.
Proteus.
Em um sábado nublado aqui estou te escrevendo com a intimidade que não tenho.
O poeta existencial que habita minha alma teima em espirrar palavras para o mundo - não, não faço isso só com você...rs rs... -
Há outras vítimas a quem atormento com verbos e adjetivos que às vezes não têm muito sentidos.
Os sábios usam a meditação para se autoconhecerem...
Os simples mortais usam o tempo e as coisas que acontecem com o tempo para se pensarem e se reinventarem para o bem ou para o mal.
O poeta existencial que sou utiliza os versos para traduzir tudo que se produz na mente, que de outra forma explodiriam em atos nocivos contra mim e contra os outros.
E penso a vida profissional e a vida sentimental.
Principalmente nessa época - fim de ano... Natal.
Temos a ilusão de que as datas realmente mudam e que um novo ano começará com novas possibilidades novas alegrias e novos desafios.
Apenas ilusão...
Mas fingimos acreditar que tudo vai ser diferente.
E diferente para melhor.
E mesmo os mais frios agem como se realmente um ciclo se fechará e um outro virá - lindo, belo, diferente...
DIFERENTE.
É isso que queremos todos.
Que seja diferente para melhor.
Quem está só, deseja deixar de ser só.
Quem está desempregado, quer um emprego.
Quem está em um relacionamento desgastado, quer que tudo se resolva para melhor.
Quem está num emprego sem perspectiva, deseja novos rumos profissionais.
Todos nós queremos alguma coisa mesmo que não admitamos.
Você deve estar pensando.
O que esse doido está fazendo aqui falando tudo isso?
Ah, esse doido pensa que você o ouve...
Quero dizer: o lê. Rs rs...
Fazer o quê se isso não for verdade?
A vida é assim mesmo.
Então, aqui estou falando de forma monótona, essa tradução do fim de ano.
Essa metáfora da vida que cismamos que tem um princípio, um meio e um fim.
Mesmo que alguns princípios pareçam o fim e que o meio seja o início de alguma coisa.
Bobagens, bobagens, bobagens...
Na verdade, nada é muito sério nesse lindo e maravilhoso mundo...
Então...
Chega desta correnteza de palavras...
Te desejo um ótimo fim de semana
E... Mil desculpas por tudo isso.
Proteus.
DOMINGO - ALMA
Então, te escrevo de novo como que para
minha alma.
Há tanto a dizer a mim mesmo que transborda
dizendo a você.
Perguntará: Que me importa os seus
transbordamentos?
A resposta? Nada... Ou talvez
tudo.
Não há muita diferença entre um ser e
outro.
Todos temos nossas tristezas e alegrias.
Nossas vontades, gostos e segredos.
Há segredos que só contamos a nós
mesmos.
Mas te garanto, nunca são
originais.
Todos nós um dia desejamos e sofremos
por coisas parecidas.
Seus segredos não diferem dos meus.
Como pode dizer isso se não são
revelados? - Perguntará.
Dizer até posso mas nunca terei a certeza.
Apenas a suspeita.
Mas, como humanos que somos, penso que
pensamos parecido.
Você sente. Eu sinto.
E sinto muito te incomodar com
tanta bobagem despejada como uma quase verdade.
A verdade é que tudo não passa de
desculpas para te escrever.
Como já disse: você é o transbordar de
minha alma.
Pois é...
Um bom dia bom e um beijo - só um.
Proteus.
SEGUNDA -OLHAR DE MODIGLIANI:
Oi menina,
olhando umas pinturas lembrei de você...
Você e seu olhar indecifrável de Modigliani.
O enigma a ser decifrado.
Quem não o é?
Todos nós somos seres indecifráveis em algum momento, para alguma pessoa.
Se fossemos de fácil leitura seriamos uns chatos e a humanidade teria desaparecido no sonolento mundo dos desinteressantes.
Todos somos chatos em algum momento, mas somos também enigmáticos.
Alguns - como você - possuem esse olhar de Modigliani.
E isso é um elogio.
Aquele olhar que tentamos descobrir o mistério...
E fazemos a óbvia pergunta:
O que guardam esses olhos?
Que mistério tem menina?
Você e seu olhar indecifrável de Modigliani.
O enigma a ser decifrado.
Quem não o é?
Todos nós somos seres indecifráveis em algum momento, para alguma pessoa.
Se fossemos de fácil leitura seriamos uns chatos e a humanidade teria desaparecido no sonolento mundo dos desinteressantes.
Todos somos chatos em algum momento, mas somos também enigmáticos.
Alguns - como você - possuem esse olhar de Modigliani.
E isso é um elogio.
Aquele olhar que tentamos descobrir o mistério...
E fazemos a óbvia pergunta:
O que guardam esses olhos?
Que mistério tem menina?
Sempre a indecifrável beleza do ser.
O mistério escondido e nunca revelado mas subentendido nas entrelinhas
de um olhar, em um sorriso na respiração.
O enigma a ser desvendado por toda uma vida.
Desculpa a brincadeira, menina de olhar de Modigliani.
Desculpa a brincadeira, menina de olhar de Modigliani.
um abraço e
um beijo...
Só um. (Proteus).
Só um. (Proteus).
TERÇA FEIRA - O BOM DIA NOSSO DE CADA DIA
Bom dia nublado...
Mas ainda assim um bom dia.
Ou pode ser.
Temos a mania de acharmos que bons dias precisam ser ensolarados.
Mas um dia de chuva pode ser um bom dia para um abraço.
Mas ainda assim um bom dia.
Ou pode ser.
Temos a mania de acharmos que bons dias precisam ser ensolarados.
Mas um dia de chuva pode ser um bom dia para um abraço.
Pode ser um bom dia para uma leitura ou
para encontrarmos nós mesmos dentro do carro ou do ônibus e termos surpresas.
Todo dia tem sua própria novidade.
Mesmo os dias nublados de manhã de quase frio.
Todo dia tem sua própria novidade.
Mesmo os dias nublados de manhã de quase frio.
Possibilidades existem todos os
dias.
E mesmo que pareçam iguais, são sempre
diferentes.
Parecidos mas diferentes.
Que façamos boas escolhas.
Que esqueçamos mágoas ou pequenas raivas e tristezas.
Que façamos boas escolhas.
Que esqueçamos mágoas ou pequenas raivas e tristezas.
Mesmo que seja nublado o dia,
nossa alma não precisa ser nublada.
Sigamos a vida um passo de cada vez.
Sigamos a vida um passo de cada vez.
Bom dia.
Olha só!
E não é que o sol apareceu? (Proteus).
E não é que o sol apareceu? (Proteus).
QUARTA FEIRA - MÁSCARAS:
Em tempos de máscaras sejamos originais.
Façamos máscaras com zíper para fumantes e tomadores de cerveja.
Façamos máscaras de algodão... Doce para crianças e amores.
Façamos máscaras com estampas de sorrisos para estarmos sempre felizes.
Façamos máscaras com estampas de pinturas de grande artistas e com trechos de poesias.
Façamos máscaras com fotos de entes queridos, para que saibam que os amamos.
Em tempos de máscaras devemos tirar as máscaras defeituosas das nossas imperfeitas personalidades e vestir as máscaras da solidariedade, da empatia, do amor, amizade, companheirismo e companhia.
Sejamos piegas, agradavelmente ridículos, ridiculamente alegres.
Vistamos as máscaras boas dos bons exemplos da humanidade.
Por que não uma estampa com Gandhi, Martin Luther King Jr, Madre Tereza, Irmã Dulce, Papa Francisco, Francisco de Assis, Chico Xavier, Buda, Jesus, "Che" Guevara, Vinicius de Morais, Caetano, Chico Buarque, Fernando Pessoa, Einstein, Carlos Drummond, Foucault, Modigliani, Rousseau, Osho, Sócrates...Tantos.
Antes que briguem comigo, essa é a minha eclética lista...
Incompleta e imperfeita como eu.
Eu sei... Mas minha lista.
Cada um que faça a sua sem preconceito e sem críticas.
Só estou dando algumas ideias. (Proteus).
QUINTA FEIRA
- INTERESSANTE:
O dia está
amanhecendo e um galo cantou.
Existem galos
aqui no bairro. Verdade...
E de vez em
quando ele canta.
Vai ver ele
canta todos os dias mas eu só ouço algumas vezes...
Aqui é um
bairro perto do centro onde todo mundo é conhecido ou familiar.
Ouço às vezes
até mesmo um apito de Trem que atravessa vários quarteirões até chegar aos meus
ouvidos que vasculham o silêncio.
Esse silêncio
que ainda existe entre o fim da noite e o início da manhã.
Nada nessa
quietude remete ao caos mundial causado pelo vírus.
Nada nesse
quase silêncio nos remete à crise humana, moral e política da nossa nação.
Ninguém
imaginaria essa situação há um ano atrás.
Essa é a
grande verdade e o grande mistério da vida:
Sua completa
imprevisibilidade.
Tudo pode ser
novo de forma impensável todos os dias.
O ócio
criativo permeia grande parte da população consciente que mantem um certo
isolamento.
O não fazer
nada esconde várias ações discretas cheias de criatividade.
Quinta Feira
de novo.
Teremos
quantas quintas feiras que forem necessárias e permitidas para aprendermos a
conviver nesse novo velho mundo.
Comecemos o
dia pensando: “Hoje farei algo interessante.”
Então, faça
qualquer coisa que acha interessante.
Desde que não
prejudique ninguém.
Melhor, que
ajude alguém.
Comece assim
e tudo sairá bem.
Faça algo
interessante que ajude a você e a alguém.
Pode ser a
doação de um alimento.
Pode ser um
sorriso, uma frase amiga, um poema, um bom dia.
Faça alguma
coisa boa e tudo ficará bem.
Bom Diaaa!
(Proteus).
FERIADOU
NUMA SEXTA FEIRA:
Então, é Sexta
Feira de novo.
Mas não é uma
Sexta qualquer.
É Sexta e
feriado.
Todo mundo
doido para emendar um feriado...
Dia do
Trabalhador.
Pois é, Dia
do Trabalhador e não dia do Trabalho como querem os patrões.
Ninguém
comemora o Trabalho e sim quem faz e produz o trabalho.
E não
esqueçamos aqueles milhões de trabalhadores que estão desempregados e os que
estão na informalidade.
Homenageamos
os Trabalhadores. TODOS.
É o dia de
quem produz alguma coisa para a sociedade. Quem sua a camisa pegando ônibus e
metrôs lotados para se dedicar oito, dez ou até mais horas para tocar esse
país.
A maioria de
nós está ficando em casa para evitar a pandemia, mas muitos estão trabalhando
para não deixarem a “Peteca Cair”.
A Peteca não pode
cair e nem o trabalhador.
Esse dia do
Trabalhador não vai ser como o de todos os anos.
Não haverá
passeatas ou manifestações cheias de bandeiras vermelhas de lutas e conquistas.
Todas as
manifestações serão aqui na internet, nisso que chamam de “Live” como se em
português não houvesse uma palavra correspondente.
Deixemos isso
de lado e pensemos na importância do trabalhador de todas as categorias nesse
dia e nesses momentos, que deixam tão claro a importância de quem trabalha para
a saúde de um país.
E falando de
saúde, pensemos nos trabalhadores da saúde que não podem parar de trabalhar, e
estão salvando vidas em condições muito difíceis.
Pensemos nos
caminhoneiros que continuam fazendo com que as mercadorias cheguem nas cidades.
Pensemos nos
caixas dos supermercados que estão sempre muito próximos de nós e não podem
parar.
Pensemos em
todas as categorias que continuam para que possamos continuar.
Pois é,
sextou e feriadou.
Comemoremos o
Primeiro de Maio como um dia de luta e recuperação.
Um dia pela Vida.
Porque sem
vida não há trabalhador e sem trabalhador não há trabalho e produção.
BOM DIAAAA!
(Proteus).
SÁBADO
ORIGINAL:
Na minha
limitada sabedoria, tenho pensado o mundo como movimento e transformação.
Estranho
pensar assim, logo quando estamos nos obrigando a diminuir o ritmo e tentando
ficar mais quietos.
Mas o
movimento continua.
Nada para
nesse mundo, mesmo quando parece parado.
Tudo está em
constante mudança e transformação, criando novas possibilidades e caminhos para
a humanidade e para o Mundo.
A força
criativa da natureza se faz sentir em todos os lugares e substitui peças.
Transforma
coisas e pessoas o tempo todo.
O dia vai
nascer de novo e para um taurino que - gosta de uma certa rotina - é uma certeza.
Alguém pode
perguntar: Como você pode garantir isso? Como pode ter certeza de que o dia vai
nascer?
Realmente não
dá para ter total certeza de nada, mas posso garantir com 99,99% que o dia vai
nascer. Assim como sei que, de um casulo de uma lagarta vai sair uma borboleta.
Assim como
sei que quando o Sol se põe, vem a noite.
Mas, como
disse, há sempre uma novidade.
Nunca um dia
é igual ao outro.
Nunca as
pessoas são iguais ao que foram no dia anterior.
Mudança e
movimento...
Esse Sábado é
único e novo e tudo vai ser diferente de ontem, de anteontem e de Sábado
passado.
Vai sim. Um
novo dia é um livro aberto e em branco esperando para ser preenchido por você e
por mim.
Façamos isso.
Vamos escrever esse Sábado com a tinta boa que somos.
E ele poderá
ser o melhor Sábado de todos os tempos.
Bom Diaaa!
(Proteus).
O DOMINGO E
SUAS MÁSCARAS
Eu sei, é
Domingo...
Dia de saber
como ficou a política.
Como ficou a
pandemia...
Como
ficamos...
Todos os dia
são dias de saber como ficamos.
Mas Domingo é
dia de programas tradicionais na TV.
E dia de
ficar em casa... De novo.
E será assim
até que os hospitais aguentem.
Até que o
vírus enfraqueça em sua fome por gente.
Nós vamos
aprendendo a conhecer nossas casas e a usar um novo acessório que víamos sendo
usado no Japão, China e Coréia e achávamos estranho.
As máscaras.
Sim, as
máscaras vão virar coisa de moda.
Daqui a pouco
teremos máscaras de mil reais.
Máscaras
cravejadas de diamantes e fios de ouro.
O status
social se fará notar pelo tipo de máscara que usaremos.
Máscaras de
grife.
Máscaras
artísticas.
Máscaras de
time de futebol e de partidos políticos.
Teremos
máscaras engajadas e de luta.
Reconheceremos
as pessoas pelas máscaras.
Diga-me com
que máscara anda e te direi quem és.
Pois é...
Muita gente
que já usava máscaras nos relacionamentos e no dia a dia, agora estarão usando
mais uma.
A vida
continua sem e com máscaras.
Melhor com
máscaras.
Bom Diaaaa!
(Proteus).
VÁRIAS VIDAS
– SEGUNDA FEIRA:
Lembrei de um
livro que li há alguns anos.
Era a
história de um prisioneiro que descobriu o poder de se ausentar do corpo
durante o sono e a meditação, se transferindo para um outro corpo e uma outra
vida.
Vivia uma
vida inteira em um dia, desde o nascimento, juventude e morte.
Todos os dias
uma nova vida, uma nova personalidade.
E todas eram
ele, livre da prisão opressora e sua monotonia.
De certa
forma era uma metáfora do que vivemos quando lemos um livro, vemos um filme ou
novela.
Nesses
momentos de isolamento, essa é a minha fuga. Mas sem me alienar ou me perder em
falsos otimismos ou esquecendo a realidade.
É o que venho
fazendo todos os dias: Me reencarnando nos personagens e vivendo suas vidas.
E posso ser
uma criança, uma mulher, jovem, adulto, idoso...
Posso ser o
que quiser, sendo ainda eu mesmo.
Não tenho
mais o livro. Emprestei a alguém que se esqueceu de devolver.
Aprendi que
livros não se emprestam.
Livros nós
doamos, damos, presenteamos, deixa de herança, mas não se emprestam.
Livros são
sagrados e pessoais. Precisa-se de um ritual de transferência e desprendimento
se vamos passar para alguém.
Arriscamos a
perder amigos ao emprestarmos um livro.
Divaguei...
Pois é...Aqui
estamos em mais uma Segunda Feira e início de semana.
Que voemos em
nossas fantasias nos transportando para mundos reais ou imaginários, livres de
vírus e cheios de vidas e aventuras.
A vida sempre
continua de uma forma ou outra.
Bom Diaaaa!
(Proteus).
TERÇA FEIRA - VALE A PENA:
Bem,
comecemos com
uma frase: A Vida vale a pena.
Pois é, toda
Vida vale a pena.
Mesmo a
pequena.
Desde a
grande Vida à pequena Vida...
Se é que
existe parâmetro para julgar se a Vida é pequena ou grande.
Notaram que
escrevi Vida com “V” Maiúsculo.
Tem que ser.
A Vida é
muito importante e merece destaque.
Ao contrário
de algumas gentes – se é que podemos chamá-los de gente – que acham que
economia é mais importante que a Vida.
Mas, voltemos
à Vida, que sempre é mais importante que qualquer outra coisa.
Lembrando
sempre que, sem Vida nada importa.
Pergunte a
qualquer ser vivo.
Pergunte ao
seu cachorro.
Ao peixinho
do aquário.
Mesmo a uma
barata.
Vida é a
medida de todas as coisas.
Mesmo a Vida
confinada, cercada de livros por todos os lados.
Ou de
crianças, ou de cachorros, ou de música sertaneja...
Vida...
Tudo vale a pena
quando se trata de Vida.
E todos os
dias umas vão outras vem.
Ontem fomos
privados de duas Vidas que valeram muito a pena.
Vidas
produtivas, lindas, criativas.
Perdemos o
ator Flávio Migliaccio e o compositor e poeta Aldir Blanc.
Todas as
Vidas importam e alguns de nós sabem fazer grande proveito dela.
Que lição nos
dão...
Pois é... Mas
"o show de todo artista tem que continuar".
Façamos da
Vida algo bom e de bom.
Nada de sair
por ai arranjando sarna para coçar.
Nada de
remoer passado caçando coisas e momentos ruins para motivar brigas com algum
parente ou desafeto.
Já é tão
curta a tal da Vida, para que fiquemos inventando motivos para transformar a
quarentena numa “Infertena”. (Inventei a palavra. Nem pense em registrá-la se
não transformarei sua vida numa Infertena).
Pois é, já
que a tal da Vida é tão pequena, façamos dela algo que valha a pena.
Nessa Terça
Feira, ligue para alguém que não vê há muito tempo.
Mesmo que não
tenha nada a dizer, diga: “Só liguei para te dar um “oi”.”
Parece pouco,
mas te garanto que tem muita gente querendo ouvir um oi.
Faça isso.
Dê um oi para
alguém.
Faça a sua
vida e a de alguém valer a pena.
Bom Diaaaa!
(Proteus).
QUARTA FEIRA
– A PASSEIO:
Então, vendo e ouvindo o filme
Rock Estrela (1986) e a música de Leo Jaime agora na TV, uma frase da música me
chamou a atenção.
Não pela originalidade, mas
pela obviedade:
“Mas
eu acredito que ninguém
Tenha vindo pro mundo a passeio.”
Tenha vindo pro mundo a passeio.”
Será mesmo que ninguém veio a
passeio nesse mundo?
A experiência monstra que
alguns vieram.
Não muitos, mas vieram.
E alguns vieram para estragar
o passeio dos que sofrem mais.
Daqueles que de passeio a vida
não tem nada.
Pois é... No mundo do “E daí?”
e do “Cala a Boca”, vemos os que vieram sacanear o pouco do passeio da maioria
sofredora que já tem uma vida que nada lembra um passeio.
Essa Quarta Feira promete,
assim como a Segunda e a Terça prometeram.
O bom de morar num país
surreal é saber que todo dia é dia de barraco e ameaça à democracia.
E isso nos obriga a ficar
sempre atentos e alertas para rebater os absurdos dos “Patriotas” zumbis que
ressuscitaram nas terras tupiniquins.
Nada monótona essa quarentena
viral.
E nessa Quarta, que antes era
dia de jogo, um novo jogo se joga: O jogo da sobrevivência física e mental.
Meio da semana de novo.
Acordando de madrugada de novo
para ver Leo Jaime magrinho e matar a saudade da bela ruiva da banda Metrô.
Tempos bons do Rockinho
brasileiro, quando ainda comemorávamos a volta da democracia e a única
preocupação era nos preparar para a gandaia da Quinta Feira, Sexta e Sábado.
Hoje, nossa preocupação é
defender a democracia, a saúde e fazer café.
Lá vou eu fazer café.
Depois... Defender a democracia batendo nos fascistas idiotizados.
Bom Diaaaaa! (Proteus).
QUINTA FEIRA - IMORTAL
Pois é... Quinta Feira...
Lembrei, não sei porque, do
Conde Fosca, o imortal, personagem de Simone de Beauvoir do pouco conhecido
romance: “Todos os Homens são Mortais”.
Fosca – desculpem minha intimidade – tenho o romance como livro
de cabeceira há mais de trinta anos.
Pois então, Fosca, como disse
antes, conseguiu se tornar imortal depois de testar a formula em um rato.
Sua intenção inicial era mudar
o destino da sua cidade, mas cedo percebe que, todas as suas egoístas intenções
esbarravam nas inconstantes emoções humanas.
Sua imortalidade incomodava os
seres humanos.
Jogava nos seus cotidianos a
triste realidade da morte.
Tudo o que movia os Homens era
o esquecimento de sua triste condição de ser perecível.
A presença de um ser imortal
era o tapa na cara dos frágeis seres humanos.
Tudo o que faziam deixava de
ter sentido, por que não estariam lá para ver.
Por outro lado, Fosca também,
ao longo dos anos, vai enxergando a humanidade como cadáveres ambulantes. Seres
ridículos e prepotentes que, para se sentirem vivos inventavam sonhos de
glórias, descobertas, amores.
Simone pega pesado nesse seu
romance Existencialista.
Fosca é um personagem
encantador e único, mas o livro é recheado de personagens encantadores e de
certa forma também imortais.
Pelo menos dentro de mim.
Bem, onde quero chegar?
Se para Fosca, as ações
humanas são meras brincadeiras sem sentido.
Para os mortais, todas as
ações humanas, todos os seus questionamentos possuem sentidos pelos quais valem
a pena viver e morrer.
Pois é... Mortais é o que
somos e tudo o que fazemos - para o bem ou para o mal - são atos conscientes ou
inconscientes, motivados por uma estranha vontade de sermos imortais nesses
rabiscos e cicatrizes que deixamos na Terra.
Nesse momento em que vivemos
uma pandemia mundial que já ceifou milhares de vidas, fazemos sempre o que
sempre fazemos diante de catástrofes parecidas:
- Alguns desesperam com a constatação
da nossa fragilidade;
- outros, mais realistas,
tentam racionalizar os fatos e procurar soluções;
- outros terceiros se alienam
na negação do fato, fingindo que tudo está normal e se apegando a uma fé
salvadora sem base científica alguma.
A primeira e a terceira
atitude são perigosas e não ajudam ou mesmo atrapalham a luta para superar o
mal. Podem existir outras atitudes, mas essas três prevalecem.
Peguei pesado no tema de hoje.
Eu sei...
Mas sejamos racionais. Não
somos imortais como o meu amigo Fosca e seu drama existencial.
Somos seres finitos que
somente conseguimos ser infinitos enquanto coletividade.
Está ai a nossa salvação: Devemos
ser solidários, companheiros, pensarmos e agirmos com espírito de colmeia.
Só venceremos essa crise – e já vencemos outras antes – enquanto
sociedade e coletividade. Agindo em bloco.
O individualismo, o egoísmo e
o desespero não nos salvarão.
Somos mortais e não carregamos
a maldição de Fosca.
Triste sina de um ser que não
consegue mais dormir porque é atormentado pelo mesmo sonho:
No fim dos tempos. No vazio de
tudo, só ele está naquele silêncio da falta de vida...
Ele e o rato...
E hoje é Quinta Feira de mais
um dia quase igual, mas diferente.
Mais um dia para fazermos o
que melhor sabemos fazer: Sobreviver.
E sobreviver com classe,
elegância, alegria e seriedade.
PARA FRENTE HUMANIDADE!
Bom Diaaaa! (Proteus).
SEXTA FEIRA –
O GALO:
Madrugada
ainda e daqui a pouco o Sol nasce,
Como sempre,
acordei quase na mesma hora que acordo todos os dias.
E me veio à
mente a história do galo que acreditava que era muito importante.
Ele dizia
repetidamente que era o animal mais importante da fazenda, porque fazia o Sol
nascer.
Se ele não
cantasse o Sol não nasceria e a noite continuaria.
Nenhum animal
da fazenda faria nada, porque tudo estaria na escuridão.
Claro que os
animais sabiam que não era verdade, mas deixavam que aquele pobre galo achasse
que tinha uma importante tarefa.
Eu me sinto
como esse galo às vezes.
Fico achando
que o dia não vai ser bom se eu não escrever qualquer coisa sobre ele.
E o pior que
sei que poucas pessoas realmente se importam com o que escrevo.
Mas - ao
contrário do galo - eu sei que o dia vai nascer e que, independente dos meus
escritos, será um dia normal ou não.
Em um país
como o nosso, nunca temos a garantia de que vai ser normal.
Na verdade, o
nosso normal é diferente do normal dos outros.
No entanto, o
dia nascerá.
Claro que não
vou contar para o galo que ele nasceria com canto ou não.
E claro que
vou continuar escrevendo qualquer coisa.
Vou continuar
a encher linguiça todas as madrugadas para que alguns poucos leiam e comecem o
dia um pouquinho melhor.
Sei que
alguns sempre terminam os pequenos textos que escrevo pensando: “Perdi meu
tempo de novo lendo esse cara”.
Perdeu nada.
Você está
isolado e não está fazendo nada mesmo.
Pelo menos,
por alguns segundos ficou na expectativa de que era algo interessante.
Sinto muito
em informar que o texto está terminando e não tem nada de interessante.
Quem sabe
amanhã...
Poia é... Sextou
de novo.
Sem boteco,
sem gandaia, sem cinema.
Mas sextou...
Oh! O galo
cantou!
O dia já vai
nascer. Bom Diaaaa!
(Proteus).
SÁBADO – O QUE VOU SER E O QUE
VAI SER
Pois é...
Sábado...Sempre estranhei porque
o Sábado não tem sobrenome.
Todos os dias da semana,
depois do Domingo são da família “Feira”.
O Domingo até entendo, era dia
de descanso e mesmo que, em boa parte do mundo existam feiras ocorrendo no
Domingo, ainda era um dia especial para os Cristãos.
Ah, mas o Sábado também era
para os judeus.
Sei que o Sábado, na tradição
judaica é correspondente ao Domingo Cristão.
Dia de não fazer nada.
Então está ai a razão da falta
do “Feira”?
Provavelmente.
Um dia vou me aprofundar mais
sobre isso. Mas não hoje.
Engraçado que acordei agora de
madrugada lembrando de uma tia avó, irmã de minha vó materna.
Tia Maroca tinha o dom de ler
a sorte nas mãos.
Lembro do dia que ela leu a
minha mão.
Eu era um garoto de uns onze
anos.
Ela, com aquele jeito de tia
que não existe mais, abriu a minha mão e disse um monte de coisas. Mas só
lembro que ela disse que eu ia ser médico. Nunca esqueci a sua voz dizendo:
“Você vai ser médico quando crescer”.
Minha mão devia estar suja e
ela leu errado. Nunca fui e nunca serei médico.
Ser médico era algo que eu
dizia para toda a família e é claro que ela sabia.
Não vou questionar o dom de
Tia Maroca.
Ela errou feio. Mas foi um
chute do bem.
Ela queria exaltar minha
autoestima. Duvido que ela soubesse o que era autoestima, mas acho que ela
queria agradar a um menino, já que a profissão que ela leu na minha mão devia
ser algo incompreensível para ela.
Deve ter pensado: -
“Historiador? Que diabo de profissão é essa?”
Pois é Tia, te dou um desconto
porque essa profissão nem reconhecida legalmente é.
E recentemente nos foi negado o
reconhecimento pelo atual governo.
É pedir muito para esse
governo entender a importância de um historiador.
Tantas coisas que eles não
entendem e não querem entender...
Então, lembrei de Tia Maroca e
de tabela lembrei dos encontros enormes de família.
Aconteciam em dias comuns, mas
na maioria das vezes, no aniversário de alguém em um Sábado. E era aquela
bebedeira e comedeira regada a muita conversa, grito de crianças e jogo de
buraco.
Minha família naquela época
gostava muito de beber e jogar buraco. Tanto os homens quanto as mulheres.
E éramos tantos...
Continuamos sendo tantos, mas
são poucos os que se reúnem.
Nos dispersamos e nos isolamos
nos núcleos mais íntimos de nossas famílias.
Mas sei que a maioria não joga
mais buraco.
Mas beber todos bebem. Não
seriamos todos “Amaral” se não
bebêssemos.
Bons tempos. Bons Sábados.
Sei que cada um de vocês
guardam alguma ou várias lembranças das reuniões de família e, principalmente
de alguns parentes especiais.
É assim com todos nós.
Pois é... Hoje é Sábado de
isolamento.
Que seja um bom dia para
lembrar.
Bom Diaaaaaa! (Proteus).
DOMINGO – DIA
DAS MÃES:
Então é
Domingo...
E não venha
me dizer que é mais um Domingo qualquer, porque não é.
Hoje é dia
das Mães.
Dia do ser
que se aproxima mais do Divino pela grande capacidade de amar.
Na verdade,
Mãe é sinônimo de amor.
Não existe
nenhum amor que se compare ao amor de Mãe.
E só quem
teve uma sabe o que é isso.
Bem, não
conheço ninguém que não tenha tido uma Mãe.
Mesmo que
adotiva.
Quem somos
nós homens para amarmos como uma Mãe?
Me desculpem
os pais – e eu sou um pai – nunca vou amar as minhas filhas como as mães delas
as amam.
Olhar uma mãe
com sua cria é como ver a mais pura expressão de Deus.
Mãe não
abandona os filhos, mesmo quando ele caminha por caminhos errados.
Vá a uma
penitenciária e você verá a fila de mães em dia de visita.
A namorada
falha. A esposa falha. Os filhos falham.
Mas a mãe,
seja de que idade for, lá estará enfrentando a imensa fila para ficar algumas
horas com o filho que errou.
Mãe entende o
filho, seja ele o que for.
E esse é o
meu primeiro ano sem mãe.
Sem a forte e
frágil Dona Zilá que por quase 90 anos passeou por esse planeta se
transformando em santa.
Passear...
Que ironia.
Se tem uma
coisa que ela não fez nessa vida foi passear.
Jovem ainda,
teve que assumir a família que acabava de perder o pai.
Diante da
fraqueza dos irmãos mais velhos, ela virou a líder da família.
E na pobreza
extrema em que foram jogados sem os recursos do pai, tiveram que morar em um
porão aqui em Belo Horizonte ao se mudarem de Santo Antônio do Monte.
Onze pessoas
vivendo em um porão.
E quem dava
ordem a essa família órfã substituindo a mãe desorientada?
Quem tomou a
frente e deu um rumo para essa tropa já que a viúva não tinha condições e os
dois irmãos mais velhos se alienavam na bebida?
Pois é.
Minha mãe,
uma jovem de menos de vinte anos teve que segurar a onda trabalhando e
controlando o dinheiro que entrava.
Mais tarde,
quando se casou, viveu uma vida de classe média baixa com o seu bom e pacato marido
funcionário público e se dedicou a criar os seus filhos e a fazer salgados para
fora.
Passeios? Que
eu lembre, umas idas a Caeté, Conselheiro Lafaiete ou Taquaraçú para ver
parentes e ou a passeio.
Recentemente,
umas idas a São Joaquim de Bicas para visitar a filha mais nova.
Sua grande
lembrança - sempre repetida nas reuniões de família - foi uma viagem a Santos
ainda jovem, para fazer com Tia Célia, os salgados de um casamento que
aconteceu em um navio.
Pois é. Essa
mulher se dedicou aos quatro filhos.
Tia Marocas –
aquela de quem falei ontem – Quando lia a sorte dela, dizia que teria cinco
filhos. Como sempre Tia Marocas ia além da convencional leitura.
Filhos mesmo,
mamãe teve quatro. Mas teve um quinto na figura do primeiro neto que foi criado
com a gente. Grande Vinícius, que também é o meu quinto filho.
Mas isso é
outra história.
Minha mãe era
toda amor para esses quatro filhos, mais um. Quatro filhos nada fáceis e nada
comuns.
Ser mãe foi a
grande vocação desta Dona Zilá.
Trabalho sem
férias. Trabalho da vida toda.
Esse Domingo
não é um Domingo qualquer.
É o dia dela.
Mesmo sem ela.
Sempre será o
dia dela enquanto nós cinco existirmos.
Fica a
saudade. Fica a falta. Fica a dor.
E como dói...
Mas também é
dia da Mãe de vocês e o das Mães das minhas filhas.
E dia da
minha filha, Mãe da minha neta no seu primeiro ano de Mãe. Que Deus as abençoe.
Na falta de
minha Mãe, quero deseja um especial agradecimento às Mães das minhas filhas
pelo grande amor dedicado às elas.
Estendo essa
homenagem as Mães de todos vocês.
Se vivem com
suas mães, não deixem de abraça-las e beija-las.
Se não vivem
com elas, não deixem de ligar mesmo que não tenham contato ou um presente para
dar.
Definitivamente,
hoje não é um Domingo qualquer.
Bom dia a
todas as mães.
Bom Diaaaaa!
(Proteus).
A LUZ NA
ESTRADA - SEGUNDA FEIRA:
Uma nova
semana se inicia.
Engraçado
como a mente da gente funciona.
Lembrei - não
sei porque - da chuva de meteoros que ocorreu em algum lugar há poucos dias.
E essa chuva
de meteoros me lembrou de uma viagem de ônibus para a cidade de Espinosa, onde
eu dava aulas. Isso foi no início de 1984.
Engraçado
como uma coisa levou a outra.
E o que uma
coisa tem com a outra?
Bem, nessa
viagem noturna, quando quase todos dormiam, de repente uma luz estranha
apareceu na lateral do ônibus.
Isso mesmo.
Uma luz
branca começou a acompanhar o ônibus piscando a intervalos curtos. Todo mundo
dentro do ônibus acordou para ver aquele fenômeno.
De onde vinha
aquela luz?
Seria uma
torre? Mas luzes de torres não acompanham um ônibus.
Um carro? Não
era um carro. Não parecia luz de carro.
Um UFO? Acho
que todos nós pensamos isso.
A luz não
fazia nada.
Só
acompanhava o ônibus monotonamente.
E isso durou
alguns minutos.
O engraçado é
que nos primeiros minutos todos nós ficamos olhando.
Passado cinco
minutos, todos - de menos eu - já haviam voltado para suas cadeiras e
reiniciado o sono.
Fiquei
acompanhando a luz com os olhos tentando uma explicação.
Os outros
passageiros se cansaram da novidade rápido.
Eu não.
Depois de uns quinze minutos, a luz também cansou e sumiu.
O que a luz
tem a ver com a chuva de meteoros?
Nada.
A não ser que
tanto a chuva de meteoros como a luz, vinham do céu.
Mas voltando
ao ônibus de 36 anos atrás, me admira a capacidade do ser humano de acostumar
com as coisas.
Nós nos
acostumamos com qualquer coisa.
Seja uma luz
aleatória acompanhando um ônibus.
Seja uma
pandemia que nos obriga a usar máscaras.
No início da
pandemia eu relutei em usar máscara por vergonha ou por achar estranho.
Poucas pessoas
usavam e eu achei que podia ficar sem usar.
Com o
agravamento do isolamento e da pandemia, passeia a usar para ir ao supermercado
e padaria.
Hoje já acho
estranho não usar.
Estranho
agora é quem não usa e continua a se expor e aos outros.
Uma menina
que vende balas na porta do supermercado usa a máscara abaixo do nariz e todas
as vezes que passo por ela chamo a atenção: “Tampa o nariz menina!”.
Ela,
constrangida me obedece.
Mas é só eu
virar as costas e ela abaixa a máscara.
Provavelmente
não tem noção do perigo que significa o vírus.
Não é a
única.
Ainda tem
gente achando que é uma invenção comunista para conquistar o Brasil.
Somos assim.
Acostumamos com tudo.
Isso pode ser
bom e ruim.
Bom, porque
nos adaptamos para sobreviver.
Ruim, porque
nos acomodamos às mudanças e às vezes, perdemos o real sentido das coisas.
Máscaras
foram feitas para nos proteger.
Mas não nos
protegerão se forem usadas abaixo do nariz, dentro dos bolsos, ou penduradas
nas orelhas.
Será que
chegará o tempo que usaremos as máscaras como simples enfeite, esquecendo o seu
real propósito?
Espero que
isso não aconteça.
Espero que as
pessoas não se acostumem com a pandemia e sim, que aprendam com ela.
Precisamos
mudar se queremos que esse tipo de coisa pare de acontecer.
Precisamos
valorizar e respeitar o planeta.
Mudar nossa
atitude em relação a nossa vida em coletividade, respeitando as diferenças
culturais, raciais, opcionais.
E, principalmente,
respeitando a natureza.
Tudo parece
lição de autoajuda de segunda classe, mas quando a coisa aperta devido aos
nossos erros, tudo muda de figura.
Ou mudamos ou
pereceremos.
Ah, o que era
a luz?
Até hoje não
sei.
E isso
realmente importa?
Bom início de
semana.
Bom Diaaaaa!
(Proteus).
TERÇA FEIRA –
ESTAMOS FICANDO VELHOS:
Terça Feira...
Logo o dia
vai ficar claro e o Sol vai expulsar o friozinho.
Doze de
maio...
Meu pai
adorava essa data.
Era seu
aniversário.
Eu sei... O
meu também.
Nasci no dia
do aniversário do meu pai, perto do Dia das Mães.
Fui um
presentão para os dois, já que sou o primogênito.
Fico imaginando a cara do jovem casal olhando para
o menino louro que ganharam de presente.
Se bem que,
ao longo dos anos – e em muitos momentos – devem ter questionado se teria sido
mesmo um presente.
Fazer o
quê... Ninguém é perfeito.
Pois é... Meu
pai, aquele homem simples quase calado, adorava uma festa.
Adorava o
Natal, fim de ano, Carnaval e o dia do seu aniversário.
Nesses dias
ele sempre colocava Som alto com suas músicas preferidas.
Homem
eclético no gosto, ouvia desde Roberto Carlos a Raul Seixas.
E era uma
alegria só.
E dizia para
mim com um sorriso: “Hoje é o nosso dia. Estamos ficando mais velhos”.
Eu nunca
liguei muito para aniversários.
Tinha para
mim, que aquilo que todo mundo tem não era tão importante que merecesse ser
comemorado. Todo mundo faz aniversário desde que nasce, até o dia que deixa de
fazer.
Parece frio e
ilógico. Mas a verdade é que nunca liguei muito para a data.
Mas o Sr.
Carlos sim. Meu pai adorava. Adorava a vida. E a festejava sempre que podia.
Mesmo que
simples. Nunca o vi reclamando da vida.
Ele vivia com
suas pequenas manias.
Lustrar os
sapatos quase três horas e deixá-los brilhando como espelho.
Assistir TV
sempre no mesmo lugar.
Tomar banhos
frios demorados e ficar falando sozinho no banheiro.
Não era um
homem de muitas falas e de intimidade.
Éramos quase
estranhos. Mas era um homem bom como poucos.
Hoje é o
aniversário dele e provavelmente, ele deve estar atormentando minha mãe com
suas brincadeiras e suas músicas.
“Estamos
ficando velhos”.
Estamos,
pai...
Estamos...
Bom diaaaaa!
(Proteus).
QUARTA FEIRA
– SHANGRI-LA
Nesses tempos
de nada fazer fazemos muitas coisas.
Resolvi
assistir alguns filmes que me marcaram.
Quando tinha
quinze anos assisti "Horizonte Perdido".
O filme
despertou em mim a ideia de um lugar perfeito.
Um musical
dos anos 1970 que, em sua aparente superficialidade trazia uma mensagem de esperança.
Quem é da
minha geração deve ter assistido.
Os mais
jovens não.
Pois é,
assisti de novo - pela vigésima vez - segunda feira passada.
Sempre é
diferente. Sempre descubro alguma coisa nova na estória. Desta vez prestei
atenção nos diálogos e nas músicas.
Mas de que se
trata o filme?
Bem, é a
história de um diplomata pacifista que é obrigado a fugir de um país asiático
em meio a uma revolução.
O avião é
sequestrado e eles acabam caindo na neve de uma cordilheira - provavelmente os
Himalaias.
São resgatados
por uma caravana de monges que os encaminha para um mosteiro e uma comunidade
em um vale preservado em clima ameno entre as montanhas geladas. Um paraíso na
Terra chamado Shangri-la.
Esse
diplomata e seus acompanhantes: seu irmão, um artista decadente, um engenheiro
e uma reporte desiludida, cada um cria uma relação com o lugar de acordo com
suas visões de mundo e da vida.
Já deve ter
gente me xingando porque estou contando o filme.
Não vou
contar mais.
Vou chegar
onde quero chegar.
O
interessante de tudo isso é que, nesse musical ameno e cheio de lugares comuns
de mundo perfeito, está o retrato da nossa sociedade.
Nossa forma
de relacionar com o mundo.
A maioria de
nós, de alguma forma rejeita o mundo do jeito que ele nos apresenta: muita
pobreza, guerras, doenças, superpopulação, poluição.
Quem fez tudo
isso?
Sempre
achamos que foram os outros. Que não temos nada com isso. Esquecemos que somos
os outros dos outros. Nós fazemos parte disto querendo ou não.
Esses
personagens do filme, cada um representa um tipo de gente do nosso mundo.
Há o que
gostaria de mudá-lo.
Há o que está
querendo fugir do mundo.
Há o que
gosta do mundo como é e o aceita assim.
Eu,
adolescente já acha que o mundo tinha que ser transformado. Melhorado.
Por isso o
filme marcou tanto. Os caminhos e opções que escolhi - quem diria - foram
influenciados por um musical.
Agora, que
vivemos um enredo de filme catástrofe hollywoodiano, toda essa visão de um
mundo perfeito volta a povoar os sonhos até mesmo de gente que nunca havia
pensado sobre o assunto.
Pois é...
Bela oportunidade para lembrarmos que temos uma parcela nessa droga toda que
está acontecendo e temos responsabilidade também.
Não adianta
fazer essa cara de quem não concorda.
Você sabe
muito bem que tem alguma coisa com tudo isso. Pode até ser pequenininha, mas
tem.
Ninguém é uma
ilha Fazemos parte e vivemos nessa bagunça toda.
Pois é...
Cabe a todos
a mudança.
Somente uma
mudança de atitude de todos nós vai impedir que esse mundo caminhe para aquele
final que todos sabemos.
De novo, vou
terminar o texto com a frase:
Ou mudamos ou
pereceremos.
Desculpa, mas
é necessário.
Bom diaaaaa!
(Proteus).
QUINTA FEIRA
– O MUNDO
Hoje é Quinta
Feira e o Céu está avermelhado e logo ficará amarelo da luz do Sol.
Será mesmo
que está avermelhado?
Não será
apenas a minha visão? Outro o veria de outra cor?
Estive
pensando...
Olhando uma
nuvem branca, ela me pareceu um coelho.
Outra pessoa
veria um cão ou um gato.
Não seria o
mundo uma espécie de nuvem com várias formas para diferentes visões?
Diferentes
visões do mundo coabitando, se relacionando, se discordando, se atritando,
confrontando, brigando?
Daí o caos.
Todos se
achando com a razão. Todos “certos”...
E na verdade,
nenhum está certo.
Não é porque
vejo um coelho na nuvem, que ela seja um coelho, ou o gato que você viu.
O mundo não
se transforma no que eu ou você pensamos dele.
O mundo não é
o que penso dele
O mundo não é
o que você pensa.
O mundo é o
que é.
Está além do
que pensamos com a nossa vã visão arrogante.
E tanto mal é
feito pelas prepotentes visões de mundo.
Alguém que
acende ao poder impõe sua visão aos outros, ou tenta.
E o estrago
nós conhecemos.
Porque,
querendo ou não, sua visão é sua visão.
A visão do
outro é a visão do outro.
Haverá
confronto mais cedo ou mais tarde.
E temos a
discordância, as discussões, as brigas verbais e físicas.
A harmonia é
rompida pelas visões. Pelas ilusões.
Equivocadas
visões sobre a imagem na nuvem.
Coelho, cão
ou gato, nenhuma destas visões é a nuvem.
A nuvem
sempre será nuvem,
Assim como o
mundo sempre será o mundo.
Essas visões
diferentes já nos colocaram e nos colocam em muitos problemas.
Quem sabe
nessa Quinta Feira não possamos todos vermos a nuvem como simplesmente ela é?
Nuvem.
Um Bom diaaa!
(Proteus).
SEXTA FEIRA
NO MUNDO LOUCO DOS BANANAS:
Sexta
Feira...
E aqui
estamos na ilha do caos de onde não podemos fugir.
Na nau sem
rumo e sem capitão, navegando ao infinito mar pisando em corpos.
Há de ser
duro quando a orquestra toca a marcha fúnebre e quem devia tentar dar uma
direção fica olhando o piercing no umbigo, rindo do buraco causado pelo
iceberg.
E nesse País
das Maravilhas o Chapeleiro Maluco ainda encontra público para os seus chás de
cloroquina enquanto o mundo que inicialmente ria, agora se assusta com suas
loucuras.
Haja coelho
gritando “é tarde, muito tarde” o lugar vai ficar vago de novo e a culpa sempre
é do outro da vez.
Ah, mas
falemos de flores...
Das flores
rápidas jogadas nas covas improvisadas enquanto um louco prega churrascos e
passeios no lago como se tudo fosse um nada. Uma gripezinha.
Enquanto
isso, o pequeno exército de malucos ataca jornalistas, artistas, instituições e
quem faz alguma coisa para manter os botes na água.
São cegos
seguindo o herói palhaço que faz inveja ao “It.”
Ontem falei
do coelhos nas nuvens...
Como viramos
o país que olha as nuvens enquanto o barco afunda?
Como ninguém
joga o capitão ao mar?
Como ninguém
derrama o chá na cabeça do Chapeleiro Maluco colocando-o no seu devido lugar?
Será que já é
tarde... muito tarde?
Quantos
crimes vão se acumular no currículo repulsivo do maestro do caos?
Quantos
fantasmas são necessários para acordar uma nação antes que o barco afunde?
Vamos esperar
o corte da última árvore da ilha?
Vamos
enterrar o último índio no esgoto aberto do Tietê?
Nesse Samba
do Presidente louco todo mundo dança sobre a lápide do país do futuro.
Esse futuro é
um túnel escuro onde ninguém quer ver a luz.
E o show
continua com os monstros fazendo a festa, queimando florestas, destruindo
culturas, matando índios, expulsando negros e tirando direitos.
Será um bom
dia no reino dos bananas?
Mais um dia
de muito trabalho para enfermeiros, médicos e coveiros?
Sextou?
Para não
perder o costume: Bom Diaaaa!
(Proteus).
O SÁBADO
NOSSO DE CADA DIA:
Então é
Sábado... De novo.
A vida humana
virou uma sucessão de Sábados, domingos e dias de Feira.
Sucessão de
dias que parecem iguais mas nunca são.
Não nesse
país surreal que daria um filme de comédia trágica,
Daquelas que
a gente sai pensando: Como esse roteirista conseguiu criar um lugar tão maluco
e irreal.
Que “sorte” a
nossa de viver em um lugar nada monótono.
E ainda temos
os dramas pessoais...
As famílias
malucas.
A história de
um homem que se fecha no quarto com dez livros e fica pulando de um para o
outro sem terminar nenhum.
Na cabeça,
ele cria uma estória incomum formada pela colagem das melhores partes de cada livro
e vira um plagiador enquanto passa o café.
Uai! Isso
daria um livro!
Samba do
Escritor Doido.
Estou ficando
sem criatividade. Esse título é parecido
com o do texto passado, que por sua vez não era criativo.
Nós Seres
Humanos e a nossa fome por um sentido para a vida...
Inventamos
sentidos. Motivações para que a vida seja melhor ou interessante.
Perda de
tempo?
Como dizia
Che Guevara: “A vida não se resume em festivais”.
Eu sei, Che
nunca disse isso. Foi Madre Tereza de
Calcutá...
Vamos às
frases feitas que possam nos ajudar: “Nem só de pão vive o homem”. Já dizia
Fernando Henrique Cardoso.
E, se não
vivemos só de pão e festivais que vivamos de esperança, essa que é a última que
morre.
E para não
deixar as citações de lado, como dizia Frei Beto:
“Se chover cê
panha a roupa”. Se ele não disse, pensou.
Hoje é
Sábado. Façamos alguma coisa.
Invente uma
briga com o vizinho xingando o seu sapato velho cheio de Corona estacionado no
corredor do andar.
Assista “Como
se fosse a primeira vez” pela décima segunda vez.
Vai jogar o
lixo fora.
Bom diaaaaa!
(Proteus).
DOMINGO –
JOGO DO CONTENTE:
E o Domingo
começou nublado.
Estou até
feliz.
Se está
nublado não dá para ir a praia ou a piscina.
Se tivesse
Sol ficaria pensando:
“Poxa, um dia
tão lindo e eu não posso ir à praia por que estou em Minas e estou em
confinamento. Não posso ir à piscina por que não sou sócio de clube nenhum e
estou em isolamento.”
Uma espécie
de Jogo do Contente maluco.
Mas acho que
Polyanna iria aprovar.
Nós seres
humanos somos assim.
Tipo uma das
mulheres que reivindicava a criança diante de Salomão.
Aquela que
não era a mãe verdadeira.
Ela pensou: “já
que não posso ficar com a criança inteira concordo que ela seja dividida.”
Assim nem ela nem a mãe verdadeira ficariam
com o recém-nascido.
Quantas vezes
já nos pegamos incapacitados para ir a algum lugar legal, uma festa, um show,
um bar, porque temos que terminar algum trabalho ou por falta de grana?
E então,
acontece algo – começa a chover ou o show foi cancelado, o encontro no bar
dançou.
Lá no íntimo
você fica feliz. “Ah que bom, não perdi nada.”.
Será que só
eu é que já senti isso?
Egoísta ao
ponto de não pensar nas pessoas que podiam ir e não foram por causa da chuva e
do cancelamento do show?
A mente, que
na maioria das vezes está ao nosso lado, nos dirá que não foi nossa culpa. Foi
um contratempo.
Já que “não
aconteceu”, todo mundo perdeu e eu fico
um pouco mais feliz por saber que não estou perdendo nada.
Vocês não
concordam?
Eh, acho que
eu era um ser humaninho ruim no passado...
No passado eu
pensava assim. Me perdoem.
O Sol está
saindo. Vou perder a praia que não iria.
Vou perder a piscina do clube que não sou sócio.
Ah! Mas
estamos de quarentena e as pessoas de consciência e espertas não irão a praia e
os clubes estão fechados.
Todos os
inimigos do vírus em casa.
Que bom...
Vai ser um
bom Domingo, vocês vão ver.
Bom Diaaaa!
(Proteus).
SEGUNDA FEIRA
– FÉ E CIÊNCIA:
Acabei de ver
na TV uma missa de uma igreja Ortodoxia grega em que o padre, com uma colher,
oferece o vinho na boca dos fiéis durante a comunhão.
Perguntado
por um repórter se não tinha medo de pegar o vírus, um fiel disse que a
comunhão é sagrada e que não há como pegar o vírus de coisas sagradas.
Com todo o
respeito à fé do povo grego - que não é diferente da fé do nosso povo – é um
absurdo que religiosos cometam uma negligência anti-higiênica como essa.
Em pleno
século XXI, ainda existem pessoas que acreditam que podem descuidar da saúde se
fiando na fé, arriscando pegar o vírus ou outra doença.
Um absurdo
medieval que só aumenta o contágio e disseminação do vírus.
Nada contra a
fé, mas, se você não se cuida e não segue as recomendações de especialistas,
não tem fé que te salva.
Se você não
faz por onde, como quer ser ajudado pela sua crença?
A camada que
separa a fé da ignorância é muito fina e muitas vezes transparente.
Isso já levou
milhares de pessoas para o encontro mais cedo com o deus que acreditam.
Podem
continuar acreditando mas tenham juízo e respeito pelos médicos e pela ciência.
Se cuidem e
se respeitem.
Mais uma
semana começando.
Se cuide.
Fique em casa.
Se tiver que
sair use máscara e mantenha distância.
Que Deus te
proteja. E ele vai proteger se você se proteger.
Bom Diaaaaa!
(Proteus).
TERÇA FEIRA –
QUEIJO SALGADO E PINGA:
O dia
nascendo e lembrei de uma manhã fria em uma terra quente.
Estava
dormindo sobre sacos de milho dentro de um depósito de cereais em uma pequena
fazenda do município de São Francisco.
Acordei com os
gritos de crianças que faziam às vezes de uma trilha sonora improvável para as
dores do meu corpo mal descansado e deveria ser umas cinco horas da manhã.
Vocês podem
me perguntar: O que eu fazia nesse
lugar?
Isso foi em
1985, praticamente meu primeiro trabalho externo no IEPHA.
Eu e a
arquiteta Beth, éramos parte da equipe que realizava o Inventário de Proteção ao
Acervo Cultural do município de São Francisco e naquele dia estávamos fazendo o
levantamento em parte da grande área rural, quando nosso carro – um heroico
FIAT- pifou numa obscura estradinha rural.
Ferreira,
nosso motorista, conseguiu carona para ir à cidade buscar ajuda e eu e Beth ficamos
na fazendinha que encontramos.
A família
simples e com poucos recursos nos recebeu com o que tinha.
Nos
ofereceram queijo (Muito salgado), carne e pinga.
O patriarca,
um sujeito bronco, de maneiras grosseiras logo notou que eu não comia a carne,
e começou a insistir:
- Por que não
está comendo a carne?
- Eu sou
vegetariano... Eu não como carne. – Respondi.
- Por quê? –
Quis saber o anfitrião. Fiz o que sempre fazia quando questionado por pessoas
mais simples. Disse que se tratava de uma promessa mas que estava adorando o
queijo. Menti. O queijo era insuportável de tão salgado e eu tirava o gosto com
a cachaça forte que ele me oferecia.
O fazendeiro
pareceu se conformar com a minha explicação, mas durante a nossa conversa -
regada a cachaça - sobre o que fazíamos na região eu notava a sua indignação
com a minha recusa em comer a carne.
- Come a
carne! – Exclamou grosseiramente, no que me pareceu uma ordem.
- Eu não posso.
É promessa. – Disse sem graça. Entedia que a forma grosseira não era
intencional. Simplesmente era o jeito
dele de se comunicar.
E ele voltou
a perguntar porque eu não comia. E de novo tive que repetir que se tratava de
um promessa que tinha feito há 6 anos, mas que estava adorando o queijo.
Dizia isso e
comia aquele pedaço de sal com leite e tomava um gole de pinga.
Essa tortura
durou mais umas duas horas. O Homem de tempos em tempos voltava a perguntar
porque eu não comia carne.
Eu, cada vez
mais constrangido tentar explicar – ajudado pela Beth - morrendo de medo de
levar umas porradas e ser obrigado a comer à força.
Finalmente a
cachaça e o cansaço venceram o nosso anfitrião, que nos levou para os nossos
cômodos.
Não lembro
onde Beth dormiu. Eu dormi naquele quarto sobre sacos de milhos e acordei com
aquele meninos fazendo a maior algazarra.
Ferreira não
demorou muito para chegar nos salvando.
Ainda bem que
não tomamos café como o nosso amigo Fazendeiro.
Vai que ele
nos oferecesse carne com queijo salgado e pinga...
Engraçado
lembrar desta história hoje.
Durante toda
a minha vida de vegetariano sempre tive que explicar para gente de todos os
tipos, por que não comia carne. Mas essa foi a mais complicada de todas.
Mais até que
ter que explicar que vegetariano não come só salada.
- Ah, você é
vegetariano? Vou fazer uma saladinha...
- Não. Não
faz não. Detesto salada. – Respondia. Ai a coisa piorava.
- Mas você
não come salada? Então você come o quê?.
Eu explicava
didaticamente:
- Monte o seu
prato. Agora tira a carne... Frango e linguiça também é carne, tá?. Pois é, eu
como o que ficou. Como arroz feijão, batata frita, verduras cozidas....
Pois é, todas
essas outras abordagens eu sempre tirei de letra.
Mas a do
fazendeiro bronco me deixou assustado e marcou.
Marcou tanto
que a conto aqui.
Bom diaaa!
(Proteus).
QUARTA FEIRA
– O SENTIDO DA VIDA:
Quase cinco horas
da manhã.
Está tudo
escuro lá fora exceto uma janela
solitária com alguém solitário como eu, acordando para fazer alguma coisa que
poderia ser feita em outra hora.
Há um
silêncio enorme lá fora e eu também tento não fazer muito barulho para não acordar
Gaya e Natália.
Ninguém na
rua.
A mais
perfeita quarentena só acontece de madrugada...
Está tão
silencioso hoje que posso ouvir o som mágico do Universo.
O mantra OUM
do movimento do mundo.
Falei cedo. O
pessoal da padaria chegou em alegre algazarra como se o mundo fosse deles.
De certa
forma é.
Acabaram de
conquista-lo cortando o silêncio com suas animadas conversas despretensiosas.
Gaya está
chorando agora. E não foi eu. Foram as meninas da padaria.
Não dá para
manter o mundo quieto por muito tempo.
Os vivos
precisam continuar.
O mundo é dos
vivos e da Vida.
A Vida sempre
dá o seu jeito de driblar as catástrofes e se impor.
Sei que
muitos estão questionando o sentido da vida e o próprio sentido das suas vidas
nesses tempos difíceis.
Haveria um
sentido para nossas vidas?
O sentido – para
mim – é viver da melhor forma possível.
Da melhor
maneira possível.
Lembrando que
não somos e estamos sós.
Que
precisamos uns dos outros para continuarmos nesse planeta.
Somos elos de
uma mesma e enorme corrente que se estende por todo o globo.
Só
superaremos a crise - como já superamos outras crises antes – agindo em
conjunto e com respeito a cada elo da corrente.
Não se
caminha sozinho nunca nesse Universo.
Todas as
coisas, vivas ou não, estão interligadas e se relacionam para que cada uma
possa sobreviver e realizar o grande sentido da Vida que é simplesmente viver.
Façamos isso
nessa Quarta Feira.
Vivamos da
melhor forma e maneira possível.
Amando a Vida
e os seres vivos. Amando a Vida e todas as coisas que nos cercam.
Bom diaaaaa!
(Proteus).
QUINTA FEIRA - QUE SEJA ASSIM
Pois
é...
Nesse
mundo em que os que se foram eram números pequenos e agora são milhares com
rostos.
Rostos
que deixam sofrendo outros tantos milhares, me veio a pergunta:
“O
que somos importa?
Será
mesmo que somos alguma coisa?”
Eu
mesmo me respondi após alguns segundos:
O
que sou e o que você é Importa sim.
Importa
também o que fomos e o que seremos.
Fomos
ontem, somos hoje e seremos mais Amanhã.
Por
sermos dinâmicos, crescer é a nossa meta.
Sempre
seremos mais, um dia depois.
Que
bom que seja assim.
Te
vejo melhor a cada dia.
Me
vejo diferente e melhor a cada dia.
E
tudo depende de nós.
Temos
que querer e acreditar nesse crescimento e nessa importância que temos.
Temos
que saber o que queremos.
-
“Hoje vou conquistar o Mundo”. O meu pequeno Mundo limitado a minha casa será a
minha conquista.
Ler
algumas páginas de um livro será a minha conquista.
Escrever
um texto será a minha conquista.
Me
alegrar porque o salário finalmente vai sair é a minha conquista.
Saber
o que quer...Mas sabendo com sabedoria.
Pagando
o preço do querer.
Mas
há as dores, as mágoas e a solidão que também importam.
Há
aquele sentimento de impotência diante de algo que não temos controle, que
também importa.
Sim...
Até esses sentimentos importam porque podem nos dar o real sentido da vida e a
nossa limitação perante ela.
Tudo
isso nos constrói
Nos
moldam para que o futuro seja mais feliz.
O
que passou e o que passa importam sim.
O
que está acontecendo está nos construindo com uma pele mais forte e resistente
para refazer e mudar o Mundo.
E
não devemos esquecer que a dor está ai batendo na porta de muitos e de nós
mesmos.
Lembrar
é bom...Aprender com as lembranças melhor...
Viver
é o grande objetivo.
Mas
viver com olhos abertos e consciente do que está acontecendo.
O
mundo é para ser olhado, admirado, apreciado, MELHORADO.
Escute
sim. Aprende-se muito escutando... Ouvido...
Quem
dera pudéssemos tocar e também sentir ao tocar.
Mas
por enquanto não.
Somente
em quem está isolado com a gente e as coisas ao nosso redor: uma flor, uma
planta, uma imagem, uma foto.
Tocar
e ser tocado. Isso é bom...
O
mundo é nossa Casa e importa.
Você
importa. Eu importo. E o outro.
Que
bom que seja assim...
Somos
todos importantes e devemos importar uns com os outros para superarmos tudo
isso com uma nova armadura cheia de solidariedade, humanidade, esperança e
amor.
Vamos
lá gente importante!
Bom
Diaaaa! (Proteus).
SEXTOU – A
MÁSCARAS NOSSAS DE CADA DIA:
E sextou de
novo.
E estamos aqui.
Ainda bem que
estamos aqui.
Outros tantos
mil não estão.
E mesmo assim
as ruas continuam cheias.
A pracinha do
bairro com seus habituais bêbados...
Todos sem
máscaras.
A menina que
vende bala na porta do Supermercado ao me ver levanta a máscara.
Coitada.
Virei seu fiscal particular.
Sim, eu
também estava na rua.
Tenho que
fazer compras e pagar contas.
"-
Compra pela internet. Pague a conta pela internet." Você dirá.
Infelizmente
não. Sou tradicional e não confio em compras ou pagamentos virtuais.
Arrisco? Sim.
Mas comigo vai ser assim.
Sou teimoso.
Sou Taurino... Dizem que Taurinos são teimosos.
Eu sou.
Pois é... As
ruas estão com gente, mas a maioria está usando máscaras.
Alguns usam
penduradas na orelha.
Outros no
queixo.
Outros tantos
só tampam a boca.
A Máscara
virou um assessório mágico como um crucifixo ou um amuleto.
Basta usar.
Não importa onde. No bolso, no queixo, na orelha...
Se está com a
máscara está protegido.
Enquanto isso
as mortes acumulam.
E tem
político virando garoto propaganda de remédio milagroso.
Um
comentarista comparou com o “Homem da Cobra”.
Aquele que
fica nas praças vendendo raízes e elixires feitos por índios, que curam
qualquer coisa.
E tem gente
que compra. Para quê médicos? Para quê pareceres de cientistas mundiais?
O “Homem da
Cobra” sabe tudo. Está sempre certo.
Pois é... Se
não bastasse o poder mágico das máscaras ainda temos o “Homem da Cobra”.
Mas ainda
estamos aqui.
De novo bato
na tecla da solidariedade, da empatia, da consciência de que não é estória da
carochinha.
A Pandemia é
real - MATA!
“Ah, mas e os
cem mil curados? Você não fala neles.”
Realmente não
falo. Eles não são o problema.
O problema
são os mortos e os familiares dos mortos.
O problema
são os que ainda vão morrer pela negligência, irresponsabilidade, alienação e
desprezo pela vida de muitos que estão saindo atoa para passear ou fazer
compras em lojas de roupas de donos irresponsáveis que abrem escondido.
Vai ter gente
que não concorda comigo.
É um direito
não concordar.
Só não é
direito transmitir o vírus. Espalhar o vírus pela cidade ajudando a aumentar o
número de infectados e de mortos.
Desculpa. Vou
continuar falando dos mortos porque eles já não podem falar.
Sextou.
Juízo moçada.
Muito Juízo, respeito e solidariedade.
Lembrando
sempre que:
O outro somos
nós diferentes.
Bom diaaa!
(Proteus).
SABADO - O CERTO E O ERRADO:
Pois é...
Estive pensando sobre os conceitos de
Certo e Errado.
Ao longo da sua existência, a raça
humana foi definindo esses conceitos de acordo com as suas necessidades.
Necessidades coletivas, já que toda nossa existência se deveu a essa capacidade
agregadora de viver juntos, se protegendo e interagindo para enfrentar os
constantes problemas apresentados pela Natureza, pela vida.
De forma geral, o Certo significa o
que é bom para todos os seres humanos. Para a coletividade.
O que facilita e permite a
sobrevivência do grupo.
O Errado, seria o contrário do Certo.
Aquilo que, de alguma forma prejudica
a existência do grupo.
Então, ficou aos poucos convencionado
de que, manter a vida de uma única pessoa era certo, já que o grupo é formado
de pessoas e sem pessoas não há o grupo.
Tudo que for favorável à manutenção
da Vida de um ser humano seria bom.
Incluiriam nessa categoria, todo o
aprendizado para se conseguir alimentos, vestimentas, moradia, manutenção
saudável do corpo.
O indivíduo importa. E tudo que for
bom para a sua continuidade - desde que não prejudique o grupo - é o Certo.
Da mesma forma, tudo que for contra a
Vida e a sua manutenção. Tudo que for desagregador e nocivo à Vida de um e
consequentemente, do grupo, seria o Errado.
Nessa categoria se incluiria o
egoísmo excessivo, o individualismo extremo, as ações que prejudicam ao próximo
e ao grupo.
Hoje é Sábado.
Talvez a primeira ideia de se criar
um dia para o descanso geral do grupo, evitando o desgaste dos que trabalhavam
como escravos ou como empregados assalariados de Sol a Sol.
A força da religião foi usada para
impor como coisa Certa e sagrada, o descanso aos Sábados.
Claro, que com o tempo, o radicalismo
mascarado de fé, tornou a imposição do descanso nos Sábados, quase irracional.
E foi necessário que um homem, dito
Santo e depois elevado ao status de Deus, dissesse que a Vida é mais importante
que o Sábado. Que o Sábado existia para o Homem e não o contrário.
A medida que a Humanidade evoluiu –
em muitos aspectos, uma evolução questionável – o conceito de Certo e Errado
foi variando e mudando.
Dentro dos grupos iguais, começaram a
surgir vozes discordantes sobre o que seria Certo ou Errado.
Em algum momento da história humana,
foi aceito como Certo a escravidão de homens pelos homens com justificativas
frágeis que mascaravam o verdadeiro objetivo, que era explorar gratuitamente a
força de trabalho do outro que pensava diferente ou tinha uma cor diferente ou
pertencia a um outro grupo.
Depois de séculos de exploração, e de
lutas constantes dentro dos grupos, se chegou a conclusão de que era Errado
escravizar.
Mas era Certo fazer com que homens
mulheres e crianças trabalhassem 15 horas por dia.
Até que um dia, depois de muita luta,
isso também virou o Errado.
Então, ficou claro que a medida que
os grupos humanos cresciam e aumentavam em número, o conceito de Certo e Errado
que deveria ter sempre como parâmetro todo o grupo, passou a ter visões diferentes
em defesa de categorias mais fortes mesmo que em menor número dentro do grupo
maior.
Houve um desvirtuamento do que é
Certo e Errado para favorecer o grupo dominante.
E esse desvirtuamento também ocorreu
nos grupos religiosos, que passaram a considerar o Certo e o Errado de acordo
com as suas crenças.
No fundo, bem lá no fundo, sabemos
que o Certo é o que é bom para todos do grupo como um Todo, respeitando a diversidade
e especificidades de grupos menores e categorias que o compõem, desde que não
prejudiquem o Todo.
Então o Certo seria:
- Utilizar a natureza com moderação e
respeito para que não seja destruída e não nos leve à destruição.
- Dar condições de trabalho digno,
moradia, alimentação, estudos e saúde a TODOS os membros do grupo e ampliando para
toda a Humanidade.
- Respeitar a diversidade cultural,
étnica, racial, sexual de todos os grupos que compõem o Grupo Maior e toda a
Humanidade.
- Respeitar a história e os suportes
da memória de todos os grupos e da Humanidade.
- Pensar sempre no bem da
coletividade para se preservar a Vida de todos os membros do que chamamos
Humanidade, estendendo esse bem a todo o planeta como um todo.
- Manter uma justiça que leve sempre
em conta toda a sociedade e suas especificidades, punindo justa e adequadamente
os que prejudicam o Grupo Maior e os grupos menores dentro do Todo. Claro, que,
permitindo o contraditório e a defesa justa.
Então, Certo é tudo que contribui
para que um grupo ou nação se desenvolva com criatividade e diversidade, tendo
como meta a qualidade de vida de TODOS que compõem esse grupo ou nação.
Devo ter esquecido alguma coisa...
Bem, tudo que for contrário a isso
deveria ser considerado Errado.
É errado tentar prejudicar parte dos
homens para favorecer um grupo econômico específico.
É errado tentar subjugar outras
culturas e visões culturais impondo o que se consideram Certo para apenas uma
parcela privilegiada do grupo.
Na verdade, é Errado até mesmo que
haja uma parcela privilegiada no grupo.
Todos deveriam ter oportunidade e
chances iguais em tudo.
Qualquer visão que limita a expressão
e comunicação dos Homens é Errada.
Qualquer visão que quer se impor à
força sobre a maioria do Homens é Errada.
Qualquer visão que quer destruir o
planeta explorando-o desesperadamente é Errada.
Qualquer visão que subjuga mulheres,
opções sexuais, etnias, raças, minorias diversas é Errada.
Qualquer visão que não pensa na Vida
em primeiro lugar é Errada.
Então, nós que hoje estamos perdendo
uma média de mil indivíduos por dia para um vírus, devíamos pensar porque isso
está ocorrendo.
Qual a atitude Certa de cada um de
nós para que o vírus seja controlado?
Para que o vírus não espalhe mais?
Não crie um colapso na saúde
superlotando de doentes os hospitais e matando nossa população?
Pois é, a Quarentena, o Isolamento
ainda é a melhor defesa contra o vírus.
É o Certo.
O Errado é sair quebrando o
isolamento para passear, se juntar em grupos nas ruas sem respeito à distância
mínima.
Para o vírus essas são atitudes
Certas. Estão ajudando a sua continuidade e sobrevivência.
Mas para nós seres humanos, a quebra
do isolamento pelos egoístas e individualistas está prejudicando a nossa
sobrevivência e fica difícil pensar em retornar à normalidade.
Não existe economia sem gente
saudável para trabalhar. Sem Vida.
E tudo que for contrário à Vida é Errado.
E tudo que for contrário à Vida é Errado.
Pois é, toda essa ladainha para te
pedir:
Fica em casa. Se for necessário sair,
use máscara e mantenha distância.
FAÇA A COISA CERTA!
Bom Sábado
Bom Diaaa!
(Proteus).
DOMINGO –
COISAS DO VALE:
A memória é
uma coisa interessante.
Do nada
lembrei do Vale do Jatobá, onde morei dos dez aos quinze anos.
Cedinho,
mesmo nas manhãs frias ouvia o grito do padeiro cortando o silêncio.
- Padeirooo!
Aquele grito,
no início me parecia sobrenatural, solto no ar. Sem uma boca e garganta que o
emitia.
E era mágico.
Sempre após a
sua passagem, sabia que ia encontra na sacola de pano previamente esquecida no
lado de fora da porta da cozinha, uma bisnaga de pão ainda quente.
Minha mãe
recolhia a sacola e logo íamos tomar café nos preparando para ir para a Escola.
Um dia o
grito do padeiro ganhou boca, garganta e corpo, quando o vi pela janela.
Uma figura de
jaleco e boné brancos carregando uma enorme cesta abarrotada de pão.
Seria de se
esperar que a magia se diluísse após esse encontro da boca que gritava a
palavra mágica, que fazia surgir o pão que nos alimentava todas as manhãs.
Isso não
aconteceu. Só aumentou o respeito e a curiosidade por essa pessoa boa que
entregava pão de casa em casa.
Devia ser
muito rica e sem muito o que fazer para sair com chuva ou com escuridão para
levar pão para todo mundo.
Havia outras
mágicas e constantes presenças sem as quais o dia não nasceria bem.
Logo depois
do padeiro, vinha o Luís e o seu tradicional assovio chamando os seus três
cachorros.
E então o dia
podia nascer com todos os seus sons, Sol e correria para ir para a Escola.
Eu corria
para ir para o Colégio SESI Minas "Hamleto Magnavacca", onde chegava
às seis e meia, antes de todos os alunos e professores.
Encontrava o
portão fechado sempre, já que a aula só começava às sete horas.
Fazia isso
desde o grupo e depois continuei a fazer quando estudei no IMACO.
Era o
primeiro a chegar na porta do Colégio escondido no meio das árvores do Parque
Municipal.
A diferença é
que no IMACO eu tinha concorrência. Um outro aluno queria me destronar do posto
de “primeiro a chegar”. De certa forma isso animava o dia. Ter um concorrente
nessa disputa sem prêmio ou troféu. Mas isso foi alguns anos depois, quando
voltamos para a Sagrada Família.
O Vale do
Jatobá sempre foi um lugar diferente e mágico para nós crianças.
Logo quando
mudamos para lá - em 1968 - não havia água nem luz e as casas da COHAB eram
todas iguais.
Quando íamos
à bica buscar água, eu sempre me perdia. Demorava para acertar a nossa casa.
Acabei criando
um método simples para saber qual era a nossa casa.
Um dia contei
as casas. A nossa era a sexta depois que a rua 240 começava.
Não havia
erro. Sempre acertava. Ela nunca saiu do lugar.
Com o tempo,
humanos que somos, fomos deixando nossas marcas nas casas.
Uma cortina,
uma cor diferente, um cercado de arame.
O bairro
deixou de ser um pombal homogêneo.
Depois do
Vale, nunca mais vi esse tipo de padeiro.
Ou alguém
como o Luís e seu assovio.
Ah, tenho as
meninas da Padaria e o pardal que canta às vezes.
A vida é
dinâmica.
Eu, nem de
longe, sou mais aquele menino acordando com o grito do Padeiro.
Hoje sou um
quase velho acordando com a algazarra das meninas da Padaria.
Domingo...
Vamos que vamos. Bom diaaa! (Proteus).
SEGUNDA FEIRA - O CAFÉ NOSSO
DE CADA DIA
Hoje dormi bem.
Acordei tarde para os meus
padrões.
Nem
ouvi as meninas da Padaria.
Nem café fiz.
Minha filha número quatro
acordou mais cedo e fez.
Me senti um rei.
Voltei no tempo em que minha
mãe fazia tudo
e eu não sabia nem fazer uma
água doce.
E pensar que foi assim até o
meu primeiro casamento, quando eu tinha 32 anos.
Filho mais velho com três
irmãs, só entrava na cozinha para pegar as coisas.
Quando casei, nunca tinha
fritado um ovo.
Lembro a alegria que senti
quando fiz uma sopa.
Me vangloriei com o meu sogro
que apenas sorriu.
Devia estar pensando. “coitado
desse moço, fez essa sopa de tudo com macarrão derretido e está se achando.”
Sô José só pensou. Não disse
nada. Era um bom sogro.
Antes de casar tive uma outra
experiência na cozinha lá na casa da Selma, nos bons e saudosos carnavais que
passávamos na Sabará dos anos 1980.
Fritei um ovo com limão.
Miguel – um arquiteto do IEPHA
– percebeu logo que eu era amador e fez altas piadas sobre o ovo com limão, que
por sinal ficou do jeito que nós sabemos que fica um ovo com limão.
Desculpa, nós não.
Acho que ninguém inteligente
já tentou fazer ovo com limão.
Não culpo minha mãe pela minha
pouca intimidade com a cozinha.
Fazia parte da visão de mudo
dela.
Hoje sei fazer comida que só
eu como.
Macarrão ao molho vermelho com
omelete. Macarrão com molho branco acompanhado com o que tiver. Macarrão alho e
olho com ovo frito e bolinho de soja.
Arroz socialista. (grãozinhos
muito unidos).
Miojo. Lasanha e torta de
palmito... Do Epa.
No passado as meninas até
comiam minha comida.
Foram crescendo e ficaram
metidas. Não sei por quê.
Preferem comprar comida
pronta.
Falta de respeito com o pai.
Pois é... Hoje acordei tarde e
tomei café da minha filha.
Estava bom...
Bom diaaaaa! (Proteus).
TERÇA FEIRA –
TOC-TOC:
Pois é...
Terça Feira.
Terça é o que
podemos chamar de o dia em cima do muro.
Não estamos
mais no início da semana e não estamos no meio,
E estamos
longe do fim.
Terça, na
verdade deveria se chamar Segunda.
Ninguém na
verdade acredita que a Semana começa no Domingo.
Começa na
Segunda, que deveria se chamar Primeira.
A falta do
que fazer nos faz pensar o que poderia ser considerado ridículo.
Mas aqui
estamos na Terça, um nome inventado pelo Ser Humano para diferenciar um dia do
outro. Como se os dias precisassem ter nomes para serem diferentes.
Todos os dias
são diferentes, mesmo que pareçam iguais, queiramos ou não.
Nosso corpo
sabe e sente esse passar dos minutos, horas, dias, em que fios de cabelos ficam
brancos, a pele ganha linhas e a mente, mesmo que um pouco mais lenta, ganha
sabedoria.
E nesse
acúmulo de dias, nossa memória detém aqueles momentos que, de alguma forma nos
marcaram pela tristeza, pela alegria, por significar um marco de transição para
uma nova etapa de nossas vidas.
Um desses
dias foi a palestra sobre o “Mente Control” uma metodologia criada por um tal
de José Silva. Não lembro quem me convidou ou como fui parar lá.
Só sei que a
primeira palestra era de graça e eu entrei.
Isso ocorreu
em 1980 e mudou minha vida.
Um simples
condicionamento ensinado no primeiro dia da palestra acabou ou no mínimo, me
fez controlar a timidez e eu me tornei o que sou hoje.
Foi uma
revolução.
O cara tímido
que não conseguia nem mesmo conversar com uma garota, virou um “galinha “.
O cara que
não conseguia falar em público, passou a palestrar com certa desenvoltura para
calouros na faculdade e até fez parte de uma chapa disputando uma eleição do
DA.
Que revelação
para os amigos. As filhas e o sobrinho sabem desta história.
Uma palestra
de duas horas mudou a vida do Carlinhos.
Tudo o que
sou se deveu àquela noite.
Às vezes me
pergunto: O que eu seria se tivesse feito uma semana do curso?
Pois é...
Alguns
momentos marcam e mudam a vida. Para o bem ou para o mal.
Vivemos
momentos assim.
A
oportunidade para nos transformar em algo melhor está batendo na porta de
todos.
Muitos não
estão ouvindo os “toc-tocs”.
A maioria
ouve e não abre a porta.
Os poucos que
abrirão serão transformados.
“PERA AI!”
Dirão vocês. “Ensina para a gente o que você aprendeu naquela palestra.”
Eu não.
Já fiz muito
em ser garoto propaganda do Mente Control.
Na verdade,
nem sei se ainda existe.
Mas vou dizer
uma coisa para vocês:
A
oportunidade de mudança bate na nossa porta todos os dias.
Pode ser uma
palestra.
Pode ser um
texto de um amigo. Uma poesia.
Pode ser uma
pandemia.
TOC-TOC...
Bom diaaaa!
(Proteus).
QUARTA FEIRA
– SIDARTA
Pois é....
Mais um dia.
Agora sim,
meio da semana.
E temos que
ter paciência e esperança...
Se isso é
possível no país das Maravilhas.
Lembrei da
frase de Sidarta – Personagem de Hermann Hesse,
que, no
início da sua caminhada em busca da iluminação, sabia fazer três coisas:
“Sei pensar.
Sei esperar. Sei jejuar.
Isso
resolvia muita coisa para ele em um mundo mais simples.
Eu,
sei pensar... Alias, pensar é o que mais faço hoje em dia.
Pensar
vem me permitindo entender ou não entender muita coisa
que
acontece no Mundo e principalmente nesse hospício surreal que o Brasil se
transformou. Pensar...
Para
muita gente pensar é que é o problema.
Quando
a vida era dinâmica, pensávamos em pegar o ônibus, em terminar a tarefa que
começamos ontem. Pensávamos nos simples problemas diários de uma vida que não
se restringia só a nossa casa.
Não
pensávamos muito em nós. Isso era coisa de filósofo e de gente em depressão.
Agora,
para quem ainda cumpre o isolamento, pensar leva à depressão – são poucos os
filósofos.
Eu disse: para quem ainda cumpre o isolamento,
já que tem gente que vive em outro mundo. No mundo de Alice onde nenhum mal
chega.
“Sei
esperar”.
Eh,
como dizem quem espera sempre cansa... Ou algo assim.
Mas
não temos escolhas. Temos que esperar.
Eu
espero. Tu esperas, Ele espera, Nós
esperamos, vós esperais, Eles esperam.
Esperar
pode significar não agir, não tomar decisões, não fazer nada.
Ou
aguardar com calma ou não, que algo aconteça...
De
preferência para o bem.
Nem
sempre é assim na vida real, mas vamos esperar. Temos que esperar ou não vai
passar. Para passar temos que continuar seguindo as orientações de quem
realmente sabe o que faz e pensa na coletividade.
“Jejuar”.
Ai
a coisa pega.
Ficar
isolado não facilita essa prática para os menos pobres, os de classe média e os
ricos. Ao contrário: o isolamento nos faz comer mais.
Como
disse, para quem tem comida em casa ou dinheiro para comprar.
Grande
parte de nós brasileiros está fazendo jejum obrigatório.
A
coisa está feia e desculpem, mas vai ficar mais feia lá na frente.
Bem,
eu não estou jejuando. E nem quero.
Na
verdade, comer ajuda a pensar em outras coisas e a esperar pelo passar das
coisas e a volta de uma nova normalidade no futuro.
Normalidade
que virá, se conseguirmos manter o isolamento e esperarmos que o vírus canse de
nós brasileiros.
Ou
que alguém desenterre a cabeça de burro que enterraram em Brasília e saiamos deste turbilhão surreal em que nos enfiamos.
Vamos
lá.
Não
somos Sidarta, mas cada um de nós tem que ser criativos pensando coisas
interessantes para fazer enquanto esperamos.
Deixemos
o jejum para os mais fortes e para os religiosos.
E
quem puder, por favor, ajude a quebrar o jejum de alguém necessitado.
Bom
diaaaa! (Proteus).
QUINTA FEIRA –
O SENTIDO DA VIDA
Qual o sentido da vida?
Em algum momento, todos nós já
paramos para pensar sobre isso.
Lembro da minha mãe contar que
uma vez minha avó Carmem entrou em depressão pensando sobre o sentido da vida.
Devia ser uma novidade uma
dona de casa com onze filhos ter tempo para pensar no sentido da vida.
Acho que não descobriu a
resposta. Voltou ao “normal” aceitando a sua vida como era.
Pois é... Qual o sentido da
vida?
Duvido que o Toby - nosso
cachorro - algum dia tenha pensado sobre isso.
Os micos que apareceram na
minha janela ontem, muito menos.
Somente nós, Seres Humanos,
perdemos ou achamos tempo para pensar no sentido da vida
Como somos diversos, com
culturas diversas, diversas crenças e realidades, acredito que teremos várias
visões sobre o sentido da vida.
Generalizando, o sentido da
vida de um artista plástico poderia ser realizar uma obra prima.
Para um poeta, seria escrever
o mais lindo poema.
Para um pedreiro, seria
construir a casa mais linda.
Mas não somos somente as
nossas profissões e atividades.
Somos complexos e de várias
leituras.
Para uma mãe, o sentido da
vida poderia ser a realização e felicidade de seus filhos.
Para um jovem. pode ser
conseguir terminar os estudos, ter uma profissão, construir uma família, ter
filhos e viver bem. E isso não exclui outros sentidos como os religiosos.
Pois é... Qual o sentido da
vida?
De uma forma fria, todas as
vidas podem se resumir em: Nascer, viver e morrer.
Lembrei de novo do Conde Fosca
– aquele imortal depressivo.
Ele diria: “É preciso muita
força... Muito orgulho ou muito amor para crer que os atos de um homem têm
importância e que a vida vence a morte.”
“Nem todo mundo consegue
fingir que existe.”
“Por que viver, se viver é
apenas não morrer?"
Bem, assim pensa Fosca. Não
penso como ele.
Há os que pensam apenas em si
mesmos ou em seu pequeno grupo familiar.
Que acham que a vida é para
ser sugada, espremida, subjugada, dominada para lhe dar prazer e satisfazer
seus desejos egoístas e prepotentes.
Temos exemplos evidentes no
passado e no presente.
Não creio que esse tipo gente
seja realmente feliz.
Não se pode ser feliz
destruindo vidas e coisas para se tentar ser feliz.
Não penso como esse tipo de
gente e nem como o Fosca.
Claro que não. Na verdade,
acredito que para se viver não se precisa ter necessariamente um sentido. Viver
já é o grande sentido da vida.
Desfrutar deste curto espaço
de tempo que nos foi destinado, da melhor forma possível.
Sem prejudicar ninguém. Sem
fazer mal a ninguém.
E tentar fazer as coisas que
nos cabem fazer, pensando na continuidade digna da nossa espécie e do planeta
como um todo.
Lá vem Carlinhos com papo de
autoajuda.
E por que não? Querem um
sentido para a Vida?
Vivam. Vivam com dignidade,
respeito a vocês e aos outros. Respeitem aos outros seres vivos e à natureza.
Vivam sem fazer mal a ninguém. Ao contrário, façam o bem todos os dias. Um
pequeno bem que seja, a um conhecido, a um desconhecido. Não importa.
Façam o bem. Não sejamos como
o Fosca ou os egoístas.
Talvez esse seja o sentido da
vida.
Deixar essas pequenas ações
que poderão ajudar a transforma o Mundo.
Bom diaaaa!
(Proteus).
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