quinta-feira, 28 de maio de 2020

TODOS OS DIAS, TODAS AS SEMANAS


SÁBADO - FIM DE ANO
Eu sei...
Em um sábado nublado aqui estou te escrevendo com a intimidade que não tenho.
O poeta existencial que habita minha alma teima em espirrar palavras para o mundo - não, não faço isso só com você...rs rs... -
Há outras vítimas a quem atormento com verbos e adjetivos que às vezes não têm muito sentidos.
Os sábios usam a meditação para se autoconhecerem...
Os simples mortais usam o tempo e as coisas que acontecem com o tempo para se pensarem e se reinventarem para o bem ou para o mal.
O poeta existencial que sou utiliza os versos para traduzir tudo que se produz na mente, que de outra forma explodiriam em atos nocivos contra mim e contra os outros.
E penso a vida profissional e a vida sentimental.
Principalmente nessa época - fim de ano... Natal.
Temos a ilusão de que as datas realmente mudam e que um novo ano começará com novas possibilidades novas alegrias e novos desafios.
Apenas ilusão...
Mas fingimos acreditar que tudo vai ser diferente.
E diferente para melhor.
E mesmo os mais frios agem como se realmente um ciclo se fechará e um outro virá - lindo, belo, diferente...
DIFERENTE.
É isso que queremos todos.
Que seja diferente para melhor.
Quem está só, deseja deixar de ser só.
Quem está desempregado, quer um emprego.
Quem está em um relacionamento desgastado, quer que tudo se resolva para melhor.
Quem está num emprego sem perspectiva, deseja novos rumos profissionais.
Todos nós queremos alguma coisa mesmo que não admitamos.

Você deve estar pensando.
O que esse doido está fazendo aqui falando tudo isso?
Ah, esse doido pensa que você o ouve...
Quero dizer: o lê. Rs rs...
Fazer o quê se isso não for verdade?
A vida é assim mesmo.
Então, aqui estou falando de forma monótona, essa tradução do fim de ano.
Essa metáfora da vida que cismamos que tem um princípio, um meio e um fim.
Mesmo que alguns princípios pareçam o fim e que o meio seja o início de alguma coisa.
Bobagens, bobagens, bobagens...
Na verdade, nada é muito sério nesse lindo e maravilhoso mundo...
Então...
Chega desta correnteza de palavras...
Te desejo um ótimo fim de semana
E... Mil desculpas por tudo isso.

Proteus.

DOMINGO - ALMA

Então, te escrevo de novo como que para minha alma.

Há tanto a dizer a mim mesmo que transborda dizendo a você.
Perguntará: Que me importa os seus transbordamentos? 
A resposta? Nada... Ou talvez tudo. 
Não há muita diferença entre um ser e outro.
Todos temos nossas tristezas e alegrias.
Nossas vontades, gostos e segredos.
Há segredos que só contamos a nós mesmos.
Mas te garanto, nunca são originais. 
Todos nós um dia desejamos e sofremos por coisas parecidas. 
Seus segredos não diferem dos meus.
Como pode dizer isso se não são revelados? - Perguntará.
Dizer até posso mas nunca terei a certeza. Apenas a suspeita.
Mas, como humanos que somos, penso que pensamos parecido. 
Você sente. Eu sinto.
E sinto muito  te incomodar com tanta bobagem despejada como uma quase verdade.
A verdade é que tudo não passa de desculpas para te escrever.
Como já disse: você é o transbordar de minha alma.
Pois é...
Um bom dia bom e um beijo - só um.
Proteus.

SEGUNDA -
OLHAR DE MODIGLIANI:

Oi menina, olhando umas pinturas lembrei de você...
Você e seu olhar indecifrável de Modigliani.
O enigma a ser decifrado.
Quem não o é?
Todos nós somos seres indecifráveis em algum momento, para alguma pessoa.
Se fossemos de fácil leitura seriamos uns chatos e a humanidade teria desaparecido no sonolento mundo dos desinteressantes.
Todos somos chatos em algum momento, mas somos também enigmáticos.
Alguns - como você - possuem esse olhar de Modigliani.
E isso é um elogio.
Aquele olhar que tentamos descobrir o mistério...
E fazemos a óbvia pergunta:
O que guardam esses olhos?
Que mistério tem menina?
Sempre a indecifrável beleza do ser. 
O mistério escondido e nunca revelado mas subentendido nas entrelinhas de um olhar, em um sorriso na respiração.
O enigma a ser desvendado por toda uma vida.
Desculpa a brincadeira, menina de olhar de Modigliani.
um abraço e um beijo...
Só um. (Proteus).

TERÇA FEIRA - O BOM DIA NOSSO DE CADA DIA
Bom dia nublado...
Mas ainda assim um bom dia.
Ou pode ser.
Temos a mania de acharmos que bons dias precisam ser ensolarados.
Mas um dia de chuva pode ser um bom dia para um abraço. 
Pode ser um bom dia para uma leitura ou para encontrarmos nós mesmos dentro do carro ou do ônibus e termos surpresas.
Todo dia tem sua própria novidade.
Mesmo os dias nublados de manhã de quase frio. 
Possibilidades existem todos os dias. 
E mesmo que pareçam iguais, são sempre diferentes. 
Parecidos mas diferentes.
Que façamos boas escolhas.
Que esqueçamos mágoas ou pequenas raivas e tristezas. 
Mesmo que seja nublado o dia,
 nossa alma não precisa ser nublada.
Sigamos a vida um passo de cada vez. 
Bom dia. 
Olha só!
 E não é que o sol apareceu? (Proteus).

QUARTA FEIRA  - MÁSCARAS:
Em tempos de máscaras sejamos originais.
Façamos máscaras com zíper para fumantes e tomadores de cerveja.
Façamos máscaras de algodão... Doce para crianças e amores.
Façamos máscaras com estampas de sorrisos para estarmos sempre felizes.
Façamos máscaras com estampas de pinturas de grande artistas e com trechos de poesias.
Façamos máscaras com fotos de entes queridos, para que saibam que os amamos.
Em tempos de máscaras devemos tirar as máscaras defeituosas das nossas imperfeitas personalidades e vestir as máscaras da solidariedade, da empatia, do amor, amizade, companheirismo e companhia.
Sejamos piegas, agradavelmente ridículos, ridiculamente alegres.
Vistamos as máscaras boas dos bons exemplos da humanidade.
Por que não uma estampa com Gandhi, Martin Luther King Jr, Madre Tereza, Irmã Dulce, Papa Francisco, Francisco de Assis, Chico Xavier, Buda, Jesus, "Che" Guevara, Vinicius de Morais, Caetano, Chico Buarque, Fernando Pessoa, Einstein, Carlos Drummond, Foucault, Modigliani, Rousseau, Osho, Sócrates...Tantos.
Antes que briguem comigo, essa é a minha eclética lista...
Incompleta e imperfeita como eu.
Eu sei... Mas minha lista.
Cada um que faça a sua sem preconceito e sem críticas.
Só estou dando algumas ideias. (Proteus).


QUINTA FEIRA - INTERESSANTE:

O dia está amanhecendo e um galo cantou.
Existem galos aqui no bairro. Verdade...
E de vez em quando ele canta.
Vai ver ele canta todos os dias mas eu só ouço algumas vezes...
Aqui é um bairro perto do centro onde todo mundo é conhecido ou familiar.
Ouço às vezes até mesmo um apito de Trem que atravessa vários quarteirões até chegar aos meus ouvidos que vasculham o silêncio.
Esse silêncio que ainda existe entre o fim da noite e o início da manhã.
Nada nessa quietude remete ao caos mundial causado pelo vírus.
Nada nesse quase silêncio nos remete à crise humana, moral e política da nossa nação.
Ninguém imaginaria essa situação há um ano atrás.
Essa é a grande verdade e o grande mistério da vida:
Sua completa imprevisibilidade.
Tudo pode ser novo de forma impensável todos os dias.
O ócio criativo permeia grande parte da população consciente que mantem um certo isolamento.
O não fazer nada esconde várias ações discretas cheias de criatividade.
Quinta Feira de novo.
Teremos quantas quintas feiras que forem necessárias e permitidas para aprendermos a conviver nesse novo velho mundo.
Comecemos o dia pensando: “Hoje farei algo interessante.”
Então, faça qualquer coisa que acha interessante.
Desde que não prejudique ninguém.
Melhor, que ajude alguém.
Comece assim e tudo sairá bem.
Faça algo interessante que ajude a você e a alguém.
Pode ser a doação de um alimento.
Pode ser um sorriso, uma frase amiga, um poema, um bom dia.
Faça alguma coisa boa e tudo ficará bem.
Bom Diaaa! (Proteus).

FERIADOU NUMA SEXTA FEIRA:

Então, é Sexta Feira de novo.
Mas não é uma Sexta qualquer.
É Sexta e feriado.
Todo mundo doido para emendar um feriado...
Dia do Trabalhador.
Pois é, Dia do Trabalhador e não dia do Trabalho como querem os patrões.
Ninguém comemora o Trabalho e sim quem faz e produz o trabalho.
E não esqueçamos aqueles milhões de trabalhadores que estão desempregados e os que estão na informalidade.
Homenageamos os Trabalhadores. TODOS.
É o dia de quem produz alguma coisa para a sociedade. Quem sua a camisa pegando ônibus e metrôs lotados para se dedicar oito, dez ou até mais horas para tocar esse país.
A maioria de nós está ficando em casa para evitar a pandemia, mas muitos estão trabalhando para não deixarem a “Peteca Cair”.
A Peteca não pode cair e nem o trabalhador.
Esse dia do Trabalhador não vai ser como o de todos os anos.
Não haverá passeatas ou manifestações cheias de bandeiras vermelhas de lutas e conquistas.
Todas as manifestações serão aqui na internet, nisso que chamam de “Live” como se em português não houvesse uma palavra correspondente.
Deixemos isso de lado e pensemos na importância do trabalhador de todas as categorias nesse dia e nesses momentos, que deixam tão claro a importância de quem trabalha para a saúde de um país.
E falando de saúde, pensemos nos trabalhadores da saúde que não podem parar de trabalhar, e estão salvando vidas em condições muito difíceis.
Pensemos nos caminhoneiros que continuam fazendo com que as mercadorias cheguem nas cidades.
Pensemos nos caixas dos supermercados que estão sempre muito próximos de nós e não podem parar.
Pensemos em todas as categorias que continuam para que possamos continuar.
Pois é, sextou e feriadou.
Comemoremos o Primeiro de Maio como um dia de luta e recuperação.
Um dia pela Vida.
Porque sem vida não há trabalhador e sem trabalhador não há trabalho e produção.
BOM DIAAAA! (Proteus).


SÁBADO ORIGINAL:

Na minha limitada sabedoria, tenho pensado o mundo como movimento e transformação.
Estranho pensar assim, logo quando estamos nos obrigando a diminuir o ritmo e tentando ficar mais quietos.
Mas o movimento continua.
Nada para nesse mundo, mesmo quando parece parado.
Tudo está em constante mudança e transformação, criando novas possibilidades e caminhos para a humanidade e para o Mundo.
A força criativa da natureza se faz sentir em todos os lugares e substitui peças.
Transforma coisas e pessoas o tempo todo.
O dia vai nascer de novo e para um taurino que - gosta de uma certa rotina - é uma certeza.
Alguém pode perguntar: Como você pode garantir isso? Como pode ter certeza de que o dia vai nascer?
Realmente não dá para ter total certeza de nada, mas posso garantir com 99,99% que o dia vai nascer. Assim como sei que, de um casulo de uma lagarta vai sair uma borboleta.
Assim como sei que quando o Sol se põe, vem a noite.
Mas, como disse, há sempre uma novidade.
Nunca um dia é igual ao outro.
Nunca as pessoas são iguais ao que foram no dia anterior.
Mudança e movimento...
Esse Sábado é único e novo e tudo vai ser diferente de ontem, de anteontem e de Sábado passado.
Vai sim. Um novo dia é um livro aberto e em branco esperando para ser preenchido por você e por mim.
Façamos isso. Vamos escrever esse Sábado com a tinta boa que somos.
E ele poderá ser o melhor Sábado de todos os tempos.
Bom Diaaa!
(Proteus).


O DOMINGO E SUAS MÁSCARAS
Eu sei, é Domingo...
Dia de saber como ficou a política.
Como ficou a pandemia...
Como ficamos...
Todos os dia são dias de saber como ficamos.
Mas Domingo é dia de programas tradicionais na TV.
E dia de ficar em casa... De novo.
E será assim até que os hospitais aguentem.
Até que o vírus enfraqueça em sua fome por gente.
Nós vamos aprendendo a conhecer nossas casas e a usar um novo acessório que víamos sendo usado no Japão, China e Coréia e achávamos estranho.
As máscaras.
Sim, as máscaras vão virar coisa de moda.
Daqui a pouco teremos máscaras de mil reais.
Máscaras cravejadas de diamantes e fios de ouro.
O status social se fará notar pelo tipo de máscara que usaremos.
Máscaras de grife.
Máscaras artísticas.
Máscaras de time de futebol e de partidos políticos.
Teremos máscaras engajadas e de luta.
Reconheceremos as pessoas pelas máscaras.
Diga-me com que máscara anda e te direi quem és.
Pois é...
Muita gente que já usava máscaras nos relacionamentos e no dia a dia, agora estarão usando mais uma.
A vida continua sem e com máscaras.
Melhor com máscaras.
Bom Diaaaa! (Proteus).

VÁRIAS VIDAS – SEGUNDA FEIRA:
Lembrei de um livro que li há alguns anos.
Era a história de um prisioneiro que descobriu o poder de se ausentar do corpo durante o sono e a meditação, se transferindo para um outro corpo e uma outra vida.
Vivia uma vida inteira em um dia, desde o nascimento, juventude e morte.
Todos os dias uma nova vida, uma nova personalidade.
E todas eram ele, livre da prisão opressora e sua monotonia.
De certa forma era uma metáfora do que vivemos quando lemos um livro, vemos um filme ou novela.
Nesses momentos de isolamento, essa é a minha fuga. Mas sem me alienar ou me perder em falsos otimismos ou esquecendo a realidade.
É o que venho fazendo todos os dias: Me reencarnando nos personagens e vivendo suas vidas.
E posso ser uma criança, uma mulher, jovem, adulto, idoso...
Posso ser o que quiser, sendo ainda eu mesmo.
Não tenho mais o livro. Emprestei a alguém que se esqueceu de devolver.
Aprendi que livros não se emprestam.
Livros nós doamos, damos, presenteamos, deixa de herança, mas não se emprestam.
Livros são sagrados e pessoais. Precisa-se de um ritual de transferência e desprendimento se vamos passar para alguém.
Arriscamos a perder amigos ao emprestarmos um livro.
Divaguei...
Pois é...Aqui estamos em mais uma Segunda Feira e início de semana.
Que voemos em nossas fantasias nos transportando para mundos reais ou imaginários, livres de vírus e cheios de vidas e aventuras.
A vida sempre continua de uma forma ou outra.
Bom Diaaaa! (Proteus).

TERÇA FEIRA - VALE A PENA:

Bem,
comecemos com uma frase: A Vida vale a pena.
Pois é, toda Vida vale a pena.
Mesmo a pequena.
Desde a grande Vida à pequena Vida...
Se é que existe parâmetro para julgar se a Vida é pequena ou grande.
Notaram que escrevi Vida com “V” Maiúsculo.
Tem que ser.
A Vida é muito importante e merece destaque.
Ao contrário de algumas gentes – se é que podemos chamá-los de gente – que acham que economia é mais importante que a Vida.
Mas, voltemos à Vida, que sempre é mais importante que qualquer outra coisa.
Lembrando sempre que, sem Vida nada importa.
Pergunte a qualquer ser vivo.
Pergunte ao seu cachorro.
Ao peixinho do aquário.
Mesmo a uma barata.
Vida é a medida de todas as coisas.
Mesmo a Vida confinada, cercada de livros por todos os lados.
Ou de crianças, ou de cachorros, ou de música sertaneja...
Vida...
Tudo vale a pena quando se trata de Vida.
E todos os dias umas vão outras vem.
Ontem fomos privados de duas Vidas que valeram muito a pena.
Vidas produtivas, lindas, criativas.
Perdemos o ator Flávio Migliaccio e o compositor e poeta Aldir Blanc.
Todas as Vidas importam e alguns de nós sabem fazer grande proveito dela.
Que lição nos dão...
Pois é... Mas "o show de todo artista tem que continuar".
Façamos da Vida algo bom e de bom.
Nada de sair por ai arranjando sarna para coçar.
Nada de remoer passado caçando coisas e momentos ruins para motivar brigas com algum parente ou desafeto.
Já é tão curta a tal da Vida, para que fiquemos inventando motivos para transformar a quarentena numa “Infertena”. (Inventei a palavra. Nem pense em registrá-la se não transformarei sua vida numa Infertena).
Pois é, já que a tal da Vida é tão pequena, façamos dela algo que valha a pena.
Nessa Terça Feira, ligue para alguém que não vê há muito tempo.
Mesmo que não tenha nada a dizer, diga: “Só liguei para te dar um “oi”.”
Parece pouco, mas te garanto que tem muita gente querendo ouvir um oi.
Faça isso.
Dê um oi para alguém.
Faça a sua vida e a de alguém valer a pena.
Bom Diaaaa! (Proteus).


QUARTA FEIRA – A PASSEIO:
Então, vendo e ouvindo o filme Rock Estrela (1986) e a música de Leo Jaime agora na TV, uma frase da música me chamou a atenção.
Não pela originalidade, mas pela obviedade:
“Mas eu acredito que ninguém
Tenha vindo pro mundo a passeio.”
Será mesmo que ninguém veio a passeio nesse mundo?
A experiência monstra que alguns vieram.
Não muitos, mas vieram.
E alguns vieram para estragar o passeio dos que sofrem mais.
Daqueles que de passeio a vida não tem nada.
Pois é... No mundo do “E daí?” e do “Cala a Boca”, vemos os que vieram sacanear o pouco do passeio da maioria sofredora que já tem uma vida que nada lembra um passeio.
Essa Quarta Feira promete, assim como a Segunda e a Terça prometeram.
O bom de morar num país surreal é saber que todo dia é dia de barraco e ameaça à democracia.
E isso nos obriga a ficar sempre atentos e alertas para rebater os absurdos dos “Patriotas” zumbis que ressuscitaram nas terras tupiniquins.
Nada monótona essa quarentena viral.
E nessa Quarta, que antes era dia de jogo, um novo jogo se joga: O jogo da sobrevivência física e mental.
Meio da semana de novo.
Acordando de madrugada de novo para ver Leo Jaime magrinho e matar a saudade da bela ruiva da banda Metrô.
Tempos bons do Rockinho brasileiro, quando ainda comemorávamos a volta da democracia e a única preocupação era nos preparar para a gandaia da Quinta Feira, Sexta e Sábado.
Hoje, nossa preocupação é defender a democracia, a saúde e fazer café.
Lá vou eu fazer café. Depois... Defender a democracia batendo nos fascistas idiotizados.
Bom Diaaaaa! (Proteus).

QUINTA FEIRA  - IMORTAL
Pois é... Quinta Feira...
Lembrei, não sei porque, do Conde Fosca, o imortal, personagem de Simone de Beauvoir do pouco conhecido romance: “Todos os Homens são Mortais”.
Fosca – desculpem  minha intimidade – tenho o romance como livro de cabeceira há mais de trinta anos.
Pois então, Fosca, como disse antes, conseguiu se tornar imortal depois de testar a formula em um rato.
Sua intenção inicial era mudar o destino da sua cidade, mas cedo percebe que, todas as suas egoístas intenções esbarravam nas inconstantes emoções humanas.
Sua imortalidade incomodava os seres humanos.
Jogava nos seus cotidianos a triste realidade da morte.
Tudo o que movia os Homens era o esquecimento de sua triste condição de ser perecível.
A presença de um ser imortal era o tapa na cara dos frágeis seres humanos.
Tudo o que faziam deixava de ter sentido, por que não estariam lá para ver.
Por outro lado, Fosca também, ao longo dos anos, vai enxergando a humanidade como cadáveres ambulantes. Seres ridículos e prepotentes que, para se sentirem vivos inventavam sonhos de glórias, descobertas, amores.
Simone pega pesado nesse seu romance Existencialista.
Fosca é um personagem encantador e único, mas o livro é recheado de personagens encantadores e de certa forma também imortais.
Pelo menos dentro de mim.
Bem, onde quero chegar?
Se para Fosca, as ações humanas são meras brincadeiras sem sentido.
Para os mortais, todas as ações humanas, todos os seus questionamentos possuem sentidos pelos quais valem a pena viver e morrer.
Pois é... Mortais é o que somos e tudo o que fazemos - para o bem ou para o mal - são atos conscientes ou inconscientes, motivados por uma estranha vontade de sermos imortais nesses rabiscos e cicatrizes que deixamos na Terra.
Nesse momento em que vivemos uma pandemia mundial que já ceifou milhares de vidas, fazemos sempre o que sempre fazemos diante de catástrofes parecidas:
- Alguns desesperam com a constatação da nossa fragilidade;
- outros, mais realistas, tentam racionalizar os fatos e procurar soluções;
- outros terceiros se alienam na negação do fato, fingindo que tudo está normal e se apegando a uma fé salvadora sem base científica alguma.
A primeira e a terceira atitude são perigosas e não ajudam ou mesmo atrapalham a luta para superar o mal. Podem existir outras atitudes, mas essas três prevalecem.
Peguei pesado no tema de hoje. Eu sei...
Mas sejamos racionais. Não somos imortais como o meu amigo Fosca e seu drama existencial.
Somos seres finitos que somente conseguimos ser infinitos enquanto coletividade.
Está ai a nossa salvação: Devemos ser solidários, companheiros, pensarmos e agirmos com espírito de colmeia.
Só venceremos essa crise  – e já vencemos outras antes – enquanto sociedade e coletividade. Agindo em bloco.
O individualismo, o egoísmo e o desespero não nos salvarão.
Somos mortais e não carregamos a maldição de Fosca.
Triste sina de um ser que não consegue mais dormir porque é atormentado pelo mesmo sonho:
No fim dos tempos. No vazio de tudo, só ele está naquele silêncio da falta de vida...
Ele e o rato...
E hoje é Quinta Feira de mais um dia quase igual, mas diferente.
Mais um dia para fazermos o que melhor sabemos fazer: Sobreviver.
E sobreviver com classe, elegância, alegria e seriedade.
PARA FRENTE HUMANIDADE!
Bom Diaaaa! (Proteus).

SEXTA FEIRA – O GALO:
Madrugada ainda e daqui a pouco o Sol nasce,
Como sempre, acordei quase na mesma hora que acordo todos os dias.
E me veio à mente a história do galo que acreditava que era muito importante.
Ele dizia repetidamente que era o animal mais importante da fazenda, porque fazia o Sol nascer.
Se ele não cantasse o Sol não nasceria e a noite continuaria.
Nenhum animal da fazenda faria nada, porque tudo estaria na escuridão.
Claro que os animais sabiam que não era verdade, mas deixavam que aquele pobre galo achasse que tinha uma importante tarefa.
Eu me sinto como esse galo às vezes.
Fico achando que o dia não vai ser bom se eu não escrever qualquer coisa sobre ele.
E o pior que sei que poucas pessoas realmente se importam com o que escrevo.
Mas - ao contrário do galo - eu sei que o dia vai nascer e que, independente dos meus escritos, será um dia normal ou não.
Em um país como o nosso, nunca temos a garantia de que vai ser normal.
Na verdade, o nosso normal é diferente do normal dos outros.
No entanto, o dia nascerá.
Claro que não vou contar para o galo que ele nasceria com canto ou não.
E claro que vou continuar escrevendo qualquer coisa.
Vou continuar a encher linguiça todas as madrugadas para que alguns poucos leiam e comecem o dia um pouquinho melhor.
Sei que alguns sempre terminam os pequenos textos que escrevo pensando: “Perdi meu tempo de novo lendo esse cara”.
Perdeu nada.
Você está isolado e não está fazendo nada mesmo.
Pelo menos, por alguns segundos ficou na expectativa de que era algo interessante.
Sinto muito em informar que o texto está terminando e não tem nada de interessante.
Quem sabe amanhã...
Poia é... Sextou de novo.
Sem boteco, sem gandaia, sem cinema.
Mas sextou...
Oh! O galo cantou!
O dia já vai nascer. Bom Diaaaa!
(Proteus).

SÁBADO – O QUE VOU SER E O QUE VAI SER
Pois é...
Sábado...Sempre estranhei porque o Sábado não tem sobrenome.
Todos os dias da semana, depois do Domingo são da família “Feira”.
O Domingo até entendo, era dia de descanso e mesmo que, em boa parte do mundo existam feiras ocorrendo no Domingo, ainda era um dia especial para os Cristãos.
Ah, mas o Sábado também era para os judeus.
Sei que o Sábado, na tradição judaica é correspondente ao Domingo Cristão.
Dia de não fazer nada.
Então está ai a razão da falta do “Feira”?
Provavelmente.
Um dia vou me aprofundar mais sobre isso. Mas não hoje.
Engraçado que acordei agora de madrugada lembrando de uma tia avó, irmã de minha vó materna.
Tia Maroca tinha o dom de ler a sorte nas mãos.
Lembro do dia que ela leu a minha mão.
Eu era um garoto de uns onze anos.
Ela, com aquele jeito de tia que não existe mais, abriu a minha mão e disse um monte de coisas. Mas só lembro que ela disse que eu ia ser médico. Nunca esqueci a sua voz dizendo: “Você vai ser médico quando crescer”.
Minha mão devia estar suja e ela leu errado. Nunca fui e nunca serei médico.
Ser médico era algo que eu dizia para toda a família e é claro que ela sabia.
Não vou questionar o dom de Tia Maroca.
Ela errou feio. Mas foi um chute do bem.
Ela queria exaltar minha autoestima. Duvido que ela soubesse o que era autoestima, mas acho que ela queria agradar a um menino, já que a profissão que ela leu na minha mão devia ser algo incompreensível para ela.
Deve ter pensado: - “Historiador? Que diabo de profissão é essa?”
Pois é Tia, te dou um desconto porque essa profissão nem reconhecida legalmente é.
E recentemente nos foi negado o reconhecimento pelo atual governo.
É pedir muito para esse governo entender a importância de um historiador.
Tantas coisas que eles não entendem e não querem entender...
Então, lembrei de Tia Maroca e de tabela lembrei dos encontros enormes de família.
Aconteciam em dias comuns, mas na maioria das vezes, no aniversário de alguém em um Sábado. E era aquela bebedeira e comedeira regada a muita conversa, grito de crianças e jogo de buraco.
Minha família naquela época gostava muito de beber e jogar buraco. Tanto os homens quanto as mulheres.
E éramos tantos...
Continuamos sendo tantos, mas são poucos os que se reúnem.
Nos dispersamos e nos isolamos nos núcleos mais íntimos de nossas famílias.
Mas sei que a maioria não joga mais buraco.
Mas beber todos bebem. Não seriamos todos  “Amaral” se não bebêssemos.
Bons tempos. Bons Sábados.
Sei que cada um de vocês guardam alguma ou várias lembranças das reuniões de família e, principalmente de alguns parentes especiais.
É assim com todos nós.
Pois é... Hoje é Sábado de isolamento.
Que seja um bom dia para lembrar.
Bom Diaaaaaa! (Proteus).

DOMINGO – DIA DAS MÃES:
Então é Domingo...
E não venha me dizer que é mais um Domingo qualquer, porque não é.
Hoje é dia das Mães.
Dia do ser que se aproxima mais do Divino pela grande capacidade de amar.
Na verdade, Mãe é sinônimo de amor.
Não existe nenhum amor que se compare ao amor de Mãe.
E só quem teve uma sabe o que é isso.
Bem, não conheço ninguém que não tenha tido uma Mãe.
Mesmo que adotiva.
Quem somos nós homens para amarmos como uma Mãe?
Me desculpem os pais – e eu sou um pai – nunca vou amar as minhas filhas como as mães delas as amam.
Olhar uma mãe com sua cria é como ver a mais pura expressão de Deus.
Mãe não abandona os filhos, mesmo quando ele caminha por caminhos errados.
Vá a uma penitenciária e você verá a fila de mães em dia de visita.
A namorada falha. A esposa falha. Os filhos falham.
Mas a mãe, seja de que idade for, lá estará enfrentando a imensa fila para ficar algumas horas com o filho que errou.
Mãe entende o filho, seja ele o que for.
E esse é o meu primeiro ano sem mãe.
Sem a forte e frágil Dona Zilá que por quase 90 anos passeou por esse planeta se transformando em santa.
Passear... Que ironia.
Se tem uma coisa que ela não fez nessa vida foi passear.
Jovem ainda, teve que assumir a família que acabava de perder o pai.
Diante da fraqueza dos irmãos mais velhos, ela virou a líder da família.
E na pobreza extrema em que foram jogados sem os recursos do pai, tiveram que morar em um porão aqui em Belo Horizonte ao se mudarem de Santo Antônio do Monte.
Onze pessoas vivendo em um porão.
E quem dava ordem a essa família órfã substituindo a mãe desorientada?
Quem tomou a frente e deu um rumo para essa tropa já que a viúva não tinha condições e os dois irmãos mais velhos se alienavam na bebida?
Pois é.
Minha mãe, uma jovem de menos de vinte anos teve que segurar a onda trabalhando e controlando o dinheiro que entrava.
Mais tarde, quando se casou, viveu uma vida de classe média baixa com o seu bom e pacato marido funcionário público e se dedicou a criar os seus filhos e a fazer salgados para fora.
Passeios? Que eu lembre, umas idas a Caeté, Conselheiro Lafaiete ou Taquaraçú para ver parentes e ou a passeio.
Recentemente, umas idas a São Joaquim de Bicas para visitar a filha mais nova.
Sua grande lembrança - sempre repetida nas reuniões de família - foi uma viagem a Santos ainda jovem, para fazer com Tia Célia, os salgados de um casamento que aconteceu em um navio.
Pois é. Essa mulher se dedicou aos quatro filhos.
Tia Marocas – aquela de quem falei ontem – Quando lia a sorte dela, dizia que teria cinco filhos. Como sempre Tia Marocas ia além da convencional leitura.
Filhos mesmo, mamãe teve quatro. Mas teve um quinto na figura do primeiro neto que foi criado com a gente. Grande Vinícius, que também é o meu quinto filho.
Mas isso é outra história.
Minha mãe era toda amor para esses quatro filhos, mais um. Quatro filhos nada fáceis e nada comuns.
Ser mãe foi a grande vocação desta Dona Zilá.
Trabalho sem férias. Trabalho da vida toda.
Esse Domingo não é um Domingo qualquer.
É o dia dela. Mesmo sem ela.
Sempre será o dia dela enquanto nós cinco existirmos.
Fica a saudade. Fica a falta. Fica a dor.
E como dói...
Mas também é dia da Mãe de vocês e o das Mães das minhas filhas.
E dia da minha filha, Mãe da minha neta no seu primeiro ano de Mãe. Que Deus as abençoe.
Na falta de minha Mãe, quero deseja um especial agradecimento às Mães das minhas filhas pelo grande amor dedicado às elas.
Estendo essa homenagem as Mães de todos vocês.
Se vivem com suas mães, não deixem de abraça-las e beija-las.
Se não vivem com elas, não deixem de ligar mesmo que não tenham contato ou um presente para dar.
Definitivamente, hoje não é um Domingo qualquer.
Bom dia a todas as mães.
Bom Diaaaaa! (Proteus).


A LUZ NA ESTRADA - SEGUNDA FEIRA:
Uma nova semana se inicia.
Engraçado como a mente da gente funciona.
Lembrei - não sei porque - da chuva de meteoros que ocorreu em algum lugar há poucos dias.
E essa chuva de meteoros me lembrou de uma viagem de ônibus para a cidade de Espinosa, onde eu dava aulas. Isso foi no início de 1984.
Engraçado como uma coisa levou a outra.
E o que uma coisa tem com a outra?
Bem, nessa viagem noturna, quando quase todos dormiam, de repente uma luz estranha apareceu na lateral do ônibus.
Isso mesmo.
Uma luz branca começou a acompanhar o ônibus piscando a intervalos curtos. Todo mundo dentro do ônibus acordou para ver aquele fenômeno.
De onde vinha aquela luz?
Seria uma torre? Mas luzes de torres não acompanham um ônibus.
Um carro? Não era um carro. Não parecia luz de carro.
Um UFO? Acho que todos nós pensamos isso.
A luz não fazia nada.
Só acompanhava o ônibus monotonamente.
E isso durou alguns minutos.
O engraçado é que nos primeiros minutos todos nós ficamos olhando.
Passado cinco minutos, todos - de menos eu - já haviam voltado para suas cadeiras e reiniciado o sono.
Fiquei acompanhando a luz com os olhos tentando uma explicação.
Os outros passageiros se cansaram da novidade rápido.
Eu não. Depois de uns quinze minutos, a luz também cansou e sumiu.
O que a luz tem a ver com a chuva de meteoros?
Nada.
A não ser que tanto a chuva de meteoros como a luz, vinham do céu.
Mas voltando ao ônibus de 36 anos atrás, me admira a capacidade do ser humano de acostumar com as coisas.
Nós nos acostumamos com qualquer coisa.
Seja uma luz aleatória acompanhando um ônibus.
Seja uma pandemia que nos obriga a usar máscaras.
No início da pandemia eu relutei em usar máscara por vergonha ou por achar estranho.
Poucas pessoas usavam e eu achei que podia ficar sem usar.
Com o agravamento do isolamento e da pandemia, passeia a usar para ir ao supermercado e padaria.
Hoje já acho estranho não usar.
Estranho agora é quem não usa e continua a se expor e aos outros.
Uma menina que vende balas na porta do supermercado usa a máscara abaixo do nariz e todas as vezes que passo por ela chamo a atenção: “Tampa o nariz menina!”.
Ela, constrangida me obedece.
Mas é só eu virar as costas e ela abaixa a máscara.
Provavelmente não tem noção do perigo que significa o vírus.
Não é a única.
Ainda tem gente achando que é uma invenção comunista para conquistar o Brasil.
Somos assim. Acostumamos com tudo.
Isso pode ser bom e ruim.
Bom, porque nos adaptamos para sobreviver.
Ruim, porque nos acomodamos às mudanças e às vezes, perdemos o real sentido das coisas.
Máscaras foram feitas para nos proteger.
Mas não nos protegerão se forem usadas abaixo do nariz, dentro dos bolsos, ou penduradas nas orelhas.
Será que chegará o tempo que usaremos as máscaras como simples enfeite, esquecendo o seu real propósito?
Espero que isso não aconteça.
Espero que as pessoas não se acostumem com a pandemia e sim, que aprendam com ela.
Precisamos mudar se queremos que esse tipo de coisa pare de acontecer.
Precisamos valorizar e respeitar o planeta.
Mudar nossa atitude em relação a nossa vida em coletividade, respeitando as diferenças culturais, raciais, opcionais.
E, principalmente, respeitando a natureza.
Tudo parece lição de autoajuda de segunda classe, mas quando a coisa aperta devido aos nossos erros, tudo muda de figura.
Ou mudamos ou pereceremos.
Ah, o que era a luz?
Até hoje não sei.
E isso realmente importa?
Bom início de semana.
Bom Diaaaaa! (Proteus).

TERÇA FEIRA – ESTAMOS FICANDO VELHOS:
Terça Feira...
Logo o dia vai ficar claro e o Sol vai expulsar o friozinho.
Doze de maio...
Meu pai adorava essa data.
Era seu aniversário.
Eu sei... O meu também.
Nasci no dia do aniversário do meu pai, perto do Dia das Mães.
Fui um presentão para os dois, já que sou o primogênito.
Fico  imaginando a cara do jovem casal olhando para o menino louro que ganharam de presente.
Se bem que, ao longo dos anos – e em muitos momentos – devem ter questionado se teria sido mesmo um presente.
Fazer o quê... Ninguém é perfeito.
Pois é... Meu pai, aquele homem simples quase calado, adorava uma festa.
Adorava o Natal, fim de ano, Carnaval e o dia do seu aniversário.
Nesses dias ele sempre colocava Som alto com suas músicas preferidas.
Homem eclético no gosto, ouvia desde Roberto Carlos a Raul Seixas.
E era uma alegria só.
E dizia para mim com um sorriso: “Hoje é o nosso dia. Estamos ficando mais velhos”.
Eu nunca liguei muito para aniversários.
Tinha para mim, que aquilo que todo mundo tem não era tão importante que merecesse ser comemorado. Todo mundo faz aniversário desde que nasce, até o dia que deixa de fazer.
Parece frio e ilógico. Mas a verdade é que nunca liguei muito para a data.
Mas o Sr. Carlos sim. Meu pai adorava. Adorava a vida. E a festejava sempre que podia.
Mesmo que simples. Nunca o vi reclamando da vida.
Ele vivia com suas pequenas manias.
Lustrar os sapatos quase três horas e deixá-los brilhando como espelho.
Assistir TV sempre no mesmo lugar.
Tomar banhos frios demorados e ficar falando sozinho no banheiro.
Não era um homem de muitas falas e de intimidade.
Éramos quase estranhos. Mas era um homem bom como poucos.
Hoje é o aniversário dele e provavelmente, ele deve estar atormentando minha mãe com suas brincadeiras e suas músicas.
“Estamos ficando velhos”.
Estamos, pai...
Estamos...
Bom diaaaaa! (Proteus).

QUARTA FEIRA – SHANGRI-LA
Nesses tempos de nada fazer fazemos muitas coisas.
Resolvi assistir alguns filmes que me marcaram.
Quando tinha quinze anos assisti "Horizonte Perdido".
O filme despertou em mim a ideia de um lugar perfeito.
Um musical dos anos 1970 que, em sua aparente superficialidade trazia uma mensagem de esperança.
Quem é da minha geração deve ter assistido.
Os mais jovens não.
Pois é, assisti de novo - pela vigésima vez - segunda feira passada.
Sempre é diferente. Sempre descubro alguma coisa nova na estória. Desta vez prestei atenção nos diálogos e nas músicas.
Mas de que se trata o filme?
Bem, é a história de um diplomata pacifista que é obrigado a fugir de um país asiático em meio a uma revolução.
O avião é sequestrado e eles acabam caindo na neve de uma cordilheira - provavelmente os Himalaias.
São resgatados por uma caravana de monges que os encaminha para um mosteiro e uma comunidade em um vale preservado em clima ameno entre as montanhas geladas. Um paraíso na Terra chamado Shangri-la.
Esse diplomata e seus acompanhantes: seu irmão, um artista decadente, um engenheiro e uma reporte desiludida, cada um cria uma relação com o lugar de acordo com suas visões de mundo e da vida.
Já deve ter gente me xingando porque estou contando o filme.
Não vou contar mais.
Vou chegar onde quero chegar.
O interessante de tudo isso é que, nesse musical ameno e cheio de lugares comuns de mundo perfeito, está o retrato da nossa sociedade.
Nossa forma de relacionar com o mundo.
A maioria de nós, de alguma forma rejeita o mundo do jeito que ele nos apresenta: muita pobreza, guerras, doenças, superpopulação, poluição.
Quem fez tudo isso?
Sempre achamos que foram os outros. Que não temos nada com isso. Esquecemos que somos os outros dos outros. Nós fazemos parte disto querendo ou não.
Esses personagens do filme, cada um representa um tipo de gente do nosso mundo.
Há o que gostaria de mudá-lo.
Há o que está querendo fugir do mundo.
Há o que gosta do mundo como é e o aceita assim.
Eu, adolescente já acha que o mundo tinha que ser transformado. Melhorado.
Por isso o filme marcou tanto. Os caminhos e opções que escolhi - quem diria - foram influenciados por um musical.
Agora, que vivemos um enredo de filme catástrofe hollywoodiano, toda essa visão de um mundo perfeito volta a povoar os sonhos até mesmo de gente que nunca havia pensado sobre o assunto.
Pois é... Bela oportunidade para lembrarmos que temos uma parcela nessa droga toda que está acontecendo e temos responsabilidade também.
Não adianta fazer essa cara de quem não concorda.
Você sabe muito bem que tem alguma coisa com tudo isso. Pode até ser pequenininha, mas tem.
Ninguém é uma ilha Fazemos parte e vivemos nessa bagunça toda.
Pois é...
Cabe a todos a mudança.
Somente uma mudança de atitude de todos nós vai impedir que esse mundo caminhe para aquele final que todos sabemos.
De novo, vou terminar o texto com a frase:
Ou mudamos ou pereceremos.
Desculpa, mas é necessário.
Bom diaaaaa! (Proteus).

QUINTA FEIRA – O MUNDO
Hoje é Quinta Feira e o Céu está avermelhado e logo ficará amarelo da luz do Sol.
Será mesmo que está avermelhado?
Não será apenas a minha visão? Outro o veria de outra cor?
Estive pensando...
Olhando uma nuvem branca, ela me pareceu um coelho.
Outra pessoa veria um cão ou um gato.
Não seria o mundo uma espécie de nuvem com várias formas para diferentes visões?
Diferentes visões do mundo coabitando, se relacionando, se discordando, se atritando, confrontando, brigando?
Daí o caos.
Todos se achando com a razão. Todos “certos”...
E na verdade, nenhum está certo.
Não é porque vejo um coelho na nuvem, que ela seja um coelho, ou o gato que você viu.
O mundo não se transforma no que eu ou você pensamos dele.
O mundo não é o que penso dele
O mundo não é o que você pensa.
O mundo é o que é.
Está além do que pensamos com a nossa vã visão arrogante.
E tanto mal é feito pelas prepotentes visões de mundo.
Alguém que acende ao poder impõe sua visão aos outros, ou tenta.
E o estrago nós conhecemos.
Porque, querendo ou não, sua visão é sua visão.
A visão do outro é a visão do outro.
Haverá confronto mais cedo ou mais tarde.
E temos a discordância, as discussões, as brigas verbais e físicas.
A harmonia é rompida pelas visões. Pelas ilusões.
Equivocadas visões sobre a imagem na nuvem.
Coelho, cão ou gato, nenhuma destas visões é a nuvem.
A nuvem sempre será nuvem,
Assim como o mundo sempre será o mundo.
Essas visões diferentes já nos colocaram e nos colocam em muitos problemas.
Quem sabe nessa Quinta Feira não possamos todos vermos a nuvem como simplesmente ela é?
Nuvem.
Um Bom diaaa! (Proteus).


SEXTA FEIRA NO MUNDO LOUCO DOS BANANAS:
Sexta Feira...
E aqui estamos na ilha do caos de onde não podemos fugir.
Na nau sem rumo e sem capitão, navegando ao infinito mar pisando em corpos.
Há de ser duro quando a orquestra toca a marcha fúnebre e quem devia tentar dar uma direção fica olhando o piercing no umbigo, rindo do buraco causado pelo iceberg.
E nesse País das Maravilhas o Chapeleiro Maluco ainda encontra público para os seus chás de cloroquina enquanto o mundo que inicialmente ria, agora se assusta com suas loucuras.
Haja coelho gritando “é tarde, muito tarde” o lugar vai ficar vago de novo e a culpa sempre é do outro da vez.
Ah, mas falemos de flores...
Das flores rápidas jogadas nas covas improvisadas enquanto um louco prega churrascos e passeios no lago como se tudo fosse um nada. Uma gripezinha.
Enquanto isso, o pequeno exército de malucos ataca jornalistas, artistas, instituições e quem faz alguma coisa para manter os botes na água.
São cegos seguindo o herói palhaço que faz inveja ao “It.”
Ontem falei do coelhos nas nuvens...
Como viramos o país que olha as nuvens enquanto o barco afunda?
Como ninguém joga o capitão ao mar?
Como ninguém derrama o chá na cabeça do Chapeleiro Maluco colocando-o no seu devido lugar?
Será que já é tarde... muito tarde?
Quantos crimes vão se acumular no currículo repulsivo do maestro do caos?
Quantos fantasmas são necessários para acordar uma nação antes que o barco afunde?
Vamos esperar o corte da última árvore da ilha?
Vamos enterrar o último índio no esgoto aberto do Tietê?
Nesse Samba do Presidente louco todo mundo dança sobre a lápide do país do futuro.
Esse futuro é um túnel escuro onde ninguém quer ver a luz.
E o show continua com os monstros fazendo a festa, queimando florestas, destruindo culturas, matando índios, expulsando negros e tirando direitos.
Será um bom dia no reino dos bananas?
Mais um dia de muito trabalho para enfermeiros, médicos e coveiros?
Sextou?
Para não perder o costume: Bom Diaaaa!
(Proteus).



O SÁBADO NOSSO DE CADA DIA:
Então é Sábado... De novo.
A vida humana virou uma sucessão de Sábados, domingos e dias de Feira.
Sucessão de dias que parecem iguais mas nunca são.
Não nesse país surreal que daria um filme de comédia trágica,
Daquelas que a gente sai pensando: Como esse roteirista conseguiu criar um lugar tão maluco e irreal.
Que “sorte” a nossa de viver em um lugar nada monótono.
E ainda temos os dramas pessoais...
As famílias malucas.
A história de um homem que se fecha no quarto com dez livros e fica pulando de um para o outro sem terminar nenhum.
Na cabeça, ele cria uma estória incomum formada pela colagem das melhores partes de cada livro e vira um plagiador enquanto passa o café.
Uai! Isso daria um livro!
Samba do Escritor Doido.
Estou ficando sem criatividade. Esse  título é parecido com o do texto passado, que por sua vez não era criativo.
Nós Seres Humanos e a nossa fome por um sentido para a vida...
Inventamos sentidos. Motivações para que a vida seja melhor ou interessante.
Perda de tempo?
Como dizia Che Guevara: “A vida não se resume em festivais”.
Eu sei, Che nunca disse isso.  Foi Madre Tereza de Calcutá...
Vamos às frases feitas que possam nos ajudar: “Nem só de pão vive o homem”. Já dizia Fernando Henrique Cardoso.
E, se não vivemos só de pão e festivais que vivamos de esperança, essa que é a última que morre.
E para não deixar as citações de lado, como dizia Frei Beto:
“Se chover cê panha a roupa”. Se ele não disse, pensou.
Hoje é Sábado. Façamos alguma coisa.
Invente uma briga com o vizinho xingando o seu sapato velho cheio de Corona estacionado no corredor do andar.
Assista “Como se fosse a primeira vez” pela décima segunda vez.
Vai jogar o lixo fora.
Bom diaaaaa! (Proteus).

DOMINGO – JOGO DO CONTENTE:
E o Domingo começou nublado.
Estou até feliz.
Se está nublado não dá para ir a praia ou a piscina.
Se tivesse Sol ficaria pensando:
“Poxa, um dia tão lindo e eu não posso ir à praia por que estou em Minas e estou em confinamento. Não posso ir à piscina por que não sou sócio de clube nenhum e estou em isolamento.”
Uma espécie de Jogo do Contente  maluco.
Mas acho que Polyanna iria aprovar.
Nós seres humanos somos assim.
Tipo uma das mulheres que reivindicava a criança diante de Salomão.
Aquela que não era a mãe verdadeira.
Ela pensou: “já que não posso ficar com a criança inteira concordo que ela seja dividida.”
 Assim nem ela nem a mãe verdadeira ficariam com o recém-nascido.
Quantas vezes já nos pegamos incapacitados para ir a algum lugar legal, uma festa, um show, um bar, porque temos que terminar algum trabalho ou por falta de grana?
E então, acontece algo – começa a chover ou o show foi cancelado, o encontro no bar dançou.
Lá no íntimo você fica feliz. “Ah que bom, não perdi nada.”.
Será que só eu  é que já senti isso?
Egoísta ao ponto de não pensar nas pessoas que podiam ir e não foram por causa da chuva e do cancelamento do show?
A mente, que na maioria das vezes está ao nosso lado, nos dirá que não foi nossa culpa. Foi um contratempo.
Já que “não aconteceu”,  todo mundo perdeu e eu fico um pouco mais feliz por saber que não estou perdendo nada.
Vocês não concordam?
Eh, acho que eu era um ser humaninho ruim no passado...
No passado eu pensava assim. Me perdoem.
O Sol está saindo. Vou perder a praia que não iria.  Vou perder a piscina do clube que não sou sócio.
Ah! Mas estamos de quarentena e as pessoas de consciência e espertas não irão a praia e os clubes estão fechados.
Todos os inimigos do vírus em casa.
Que bom...
Vai ser um bom Domingo, vocês vão ver.
Bom Diaaaa! (Proteus).


SEGUNDA FEIRA – FÉ E CIÊNCIA:
Acabei de ver na TV uma missa de uma igreja Ortodoxia grega em que o padre, com uma colher, oferece o vinho na boca dos fiéis durante a comunhão.
Perguntado por um repórter se não tinha medo de pegar o vírus, um fiel disse que a comunhão é sagrada e que não há como pegar o vírus de coisas sagradas.
Com todo o respeito à fé do povo grego - que não é diferente da fé do nosso povo – é um absurdo que religiosos cometam uma negligência anti-higiênica como essa.
Em pleno século XXI, ainda existem pessoas que acreditam que podem descuidar da saúde se fiando na fé, arriscando pegar o vírus ou outra doença.
Um absurdo medieval que só aumenta o contágio e disseminação do vírus.
Nada contra a fé, mas, se você não se cuida e não segue as recomendações de especialistas, não tem fé que te salva.
Se você não faz por onde, como quer ser ajudado pela sua crença?
A camada que separa a fé da ignorância é muito fina e muitas vezes transparente.
Isso já levou milhares de pessoas para o encontro mais cedo com o deus que acreditam.
Podem continuar acreditando mas tenham juízo e respeito pelos médicos e pela ciência.
Se cuidem e se respeitem.
Mais uma semana começando.
Se cuide. Fique em casa.
Se tiver que sair use máscara e mantenha distância.
Que Deus te proteja. E ele vai proteger se você se proteger.
Bom Diaaaaa! (Proteus).

TERÇA FEIRA – QUEIJO SALGADO E PINGA:
O dia nascendo e lembrei de uma manhã fria em uma terra quente.
Estava dormindo sobre sacos de milho dentro de um depósito de cereais em uma pequena fazenda do município de São Francisco.
Acordei com os gritos de crianças que faziam às vezes de uma trilha sonora improvável para as dores do meu corpo mal descansado e deveria ser umas cinco horas da manhã.
Vocês podem me perguntar: O que eu fazia nesse  lugar?
Isso foi em 1985, praticamente meu primeiro trabalho externo no IEPHA.
Eu e a arquiteta Beth, éramos parte da equipe que realizava o Inventário de Proteção ao Acervo Cultural do município de São Francisco e naquele dia estávamos fazendo o levantamento em parte da grande área rural, quando nosso carro – um heroico FIAT- pifou numa obscura estradinha rural.
Ferreira, nosso motorista, conseguiu carona para ir à cidade buscar ajuda e eu e Beth ficamos na fazendinha que encontramos.
A família simples e com poucos recursos nos recebeu com o que tinha.
Nos ofereceram queijo (Muito salgado), carne e pinga.
O patriarca, um sujeito bronco, de maneiras grosseiras logo notou que eu não comia a carne, e começou a insistir:
- Por que não está comendo a carne?
- Eu sou vegetariano... Eu não como carne. – Respondi.
- Por quê? – Quis saber o anfitrião. Fiz o que sempre fazia quando questionado por pessoas mais simples. Disse que se tratava de uma promessa mas que estava adorando o queijo. Menti. O queijo era insuportável de tão salgado e eu tirava o gosto com a cachaça forte que ele me oferecia.
O fazendeiro pareceu se conformar com a minha explicação, mas durante a nossa conversa - regada a cachaça - sobre o que fazíamos na região eu notava a sua indignação com a minha recusa em comer a carne.
- Come a carne! – Exclamou grosseiramente, no que me pareceu uma ordem.
- Eu não posso. É promessa. – Disse sem graça. Entedia que a forma grosseira não era intencional.  Simplesmente era o jeito dele de se comunicar.
E ele voltou a perguntar porque eu não comia. E de novo tive que repetir que se tratava de um promessa que tinha feito há 6 anos, mas que estava adorando o queijo.
Dizia isso e comia aquele pedaço de sal com leite e tomava um gole de pinga.
Essa tortura durou mais umas duas horas. O Homem de tempos em tempos voltava a perguntar porque eu não comia carne.
Eu, cada vez mais constrangido tentar explicar – ajudado pela Beth - morrendo de medo de levar umas porradas e ser obrigado a comer à força.
Finalmente a cachaça e o cansaço venceram o nosso anfitrião, que nos levou para os nossos cômodos.
Não lembro onde Beth dormiu. Eu dormi naquele quarto sobre sacos de milhos e acordei com aquele meninos fazendo a maior algazarra.
Ferreira não demorou muito para chegar nos salvando.
Ainda bem que não tomamos café como o nosso amigo Fazendeiro.
Vai que ele nos oferecesse carne com queijo salgado e pinga...
Engraçado lembrar desta história hoje.
Durante toda a minha vida de vegetariano sempre tive que explicar para gente de todos os tipos, por que não comia carne. Mas essa foi a mais complicada de todas.
Mais até que ter que explicar que vegetariano não come só salada.
- Ah, você é vegetariano? Vou fazer uma saladinha...
- Não. Não faz não. Detesto salada. – Respondia. Ai a coisa piorava.
- Mas você não come salada? Então você come o quê?.
Eu explicava didaticamente:
- Monte o seu prato. Agora tira a carne... Frango e linguiça também é carne, tá?. Pois é, eu como o que ficou. Como arroz feijão, batata frita, verduras cozidas....
Pois é, todas essas outras abordagens eu sempre tirei de letra.
Mas a do fazendeiro bronco me deixou assustado e marcou.
Marcou tanto que a conto aqui.
Bom diaaa! (Proteus).

QUARTA FEIRA – O SENTIDO DA VIDA:
Quase cinco horas da manhã.
Está tudo escuro lá fora exceto  uma janela solitária com alguém solitário como eu, acordando para fazer alguma coisa que poderia ser feita em outra hora.
Há um silêncio enorme lá fora e eu também tento não fazer muito barulho para não acordar Gaya e Natália.
Ninguém na rua.
A mais perfeita quarentena só acontece de madrugada...
Está tão silencioso hoje que posso ouvir o som mágico do Universo.
O mantra OUM do movimento do mundo.
Falei cedo. O pessoal da padaria chegou em alegre algazarra como se o mundo fosse deles.
De certa forma é.
Acabaram de conquista-lo cortando o silêncio com suas animadas conversas despretensiosas.
Gaya está chorando agora. E não foi eu. Foram as meninas da padaria.
Não dá para manter o mundo quieto por muito tempo.
Os vivos precisam continuar.
O mundo é dos vivos e da Vida.
A Vida sempre dá o seu jeito de driblar as catástrofes e se impor.
Sei que muitos estão questionando o sentido da vida e o próprio sentido das suas vidas nesses tempos difíceis.
Haveria um sentido para nossas vidas?
O sentido – para mim  – é viver da melhor forma possível.
Da melhor maneira possível.
Lembrando que não somos e estamos sós.
Que precisamos uns dos outros para continuarmos nesse planeta.
Somos elos de uma mesma e enorme corrente que se estende por todo o globo.
Só superaremos a crise - como já superamos outras crises antes – agindo em conjunto e com respeito a cada elo da corrente.
Não se caminha sozinho nunca nesse Universo.
Todas as coisas, vivas ou não, estão interligadas e se relacionam para que cada uma possa sobreviver e realizar o grande sentido da Vida que é simplesmente viver.
Façamos isso nessa Quarta Feira.
Vivamos da melhor forma e maneira possível.
Amando a Vida e os seres vivos. Amando a Vida e todas as coisas que nos cercam.
Bom diaaaaa! (Proteus).


QUINTA FEIRA - QUE SEJA ASSIM
Pois é...
Nesse mundo em que os que se foram eram números pequenos e agora são milhares com rostos.
Rostos que deixam sofrendo outros tantos milhares, me veio a pergunta:
“O que somos importa?
Será mesmo que somos alguma coisa?”
Eu mesmo me respondi após alguns segundos:
O que sou e o que você é Importa sim.
Importa também o que fomos e o que seremos.
Fomos ontem, somos hoje e seremos mais Amanhã.
Por sermos dinâmicos, crescer é a nossa meta.
Sempre seremos mais, um dia depois.
Que bom que seja assim.
Te vejo melhor a cada dia.
Me vejo diferente e melhor a cada dia.
E tudo depende de nós.
Temos que querer e acreditar nesse crescimento e nessa importância que temos.
Temos que saber o que queremos.
- “Hoje vou conquistar o Mundo”. O meu pequeno Mundo limitado a minha casa será a minha conquista.
Ler algumas páginas de um livro será a minha conquista.
Escrever um texto será a minha conquista.
Me alegrar porque o salário finalmente vai sair é a minha conquista.
Saber o que quer...Mas sabendo com sabedoria.
Pagando o preço do querer.
Mas há as dores, as mágoas e a solidão que também importam.
Há aquele sentimento de impotência diante de algo que não temos controle, que também importa.
Sim... Até esses sentimentos importam porque podem nos dar o real sentido da vida e a nossa limitação perante ela.
Tudo isso nos constrói
Nos moldam para que o futuro seja mais feliz.
O que passou e o que passa importam sim.
O que está acontecendo está nos construindo com uma pele mais forte e resistente para refazer e mudar o Mundo.
E não devemos esquecer que a dor está ai batendo na porta de muitos e de nós mesmos.
Lembrar é bom...Aprender com as lembranças melhor...
Viver é o grande objetivo.
Mas viver com olhos abertos e consciente do que está acontecendo.
O mundo é para ser olhado, admirado, apreciado, MELHORADO.
Escute sim. Aprende-se muito escutando... Ouvido...
Quem dera pudéssemos tocar e também sentir ao tocar.
Mas por enquanto não.
Somente em quem está isolado com a gente e as coisas ao nosso redor: uma flor, uma planta, uma imagem, uma foto.
Tocar e ser tocado. Isso é bom...
O mundo é nossa Casa  e importa.
Você importa. Eu importo. E o outro.
Que bom que seja assim...
Somos todos importantes e devemos importar uns com os outros para superarmos tudo isso com uma nova armadura cheia de solidariedade, humanidade, esperança e amor.
Vamos lá gente importante!
Bom Diaaaa! (Proteus).

SEXTOU – A MÁSCARAS NOSSAS DE CADA DIA:
E sextou de novo.
E estamos aqui.
Ainda bem que estamos aqui.
Outros tantos mil não estão.
E mesmo assim as ruas continuam cheias.
A pracinha do bairro com seus habituais bêbados...
Todos sem máscaras.
A menina que vende bala na porta do Supermercado ao me ver levanta a máscara.
Coitada. Virei seu fiscal particular.
Sim, eu também estava na rua.
Tenho que fazer compras e pagar contas.
"- Compra pela internet. Pague a conta pela internet." Você dirá.
Infelizmente não. Sou tradicional e não confio em compras ou pagamentos virtuais.
Arrisco? Sim. Mas comigo vai ser assim.
Sou teimoso. Sou Taurino... Dizem que Taurinos são teimosos.
Eu sou.
Pois é... As ruas estão com gente, mas a maioria está usando máscaras.
Alguns usam penduradas na orelha.
Outros no queixo.
Outros tantos só tampam a boca.
A Máscara virou um assessório mágico como um crucifixo ou um amuleto.
Basta usar. Não importa onde. No bolso, no queixo, na orelha...
Se está com a máscara está protegido.
Enquanto isso as mortes acumulam.
E tem político virando garoto propaganda de remédio milagroso.
Um comentarista comparou com o “Homem da Cobra”.
Aquele que fica nas praças vendendo raízes e elixires feitos por índios, que curam qualquer coisa.
E tem gente que compra. Para quê médicos? Para quê pareceres de cientistas mundiais?
O “Homem da Cobra” sabe tudo. Está sempre certo.
Pois é... Se não bastasse o poder mágico das máscaras ainda temos o “Homem da Cobra”.
Mas ainda estamos aqui.
De novo bato na tecla da solidariedade, da empatia, da consciência de que não é estória da carochinha.
A Pandemia é real - MATA!
“Ah, mas e os cem mil curados? Você não fala neles.”
Realmente não falo. Eles não são o problema.
O problema são os mortos e os familiares dos mortos.
O problema são os que ainda vão morrer pela negligência, irresponsabilidade, alienação e desprezo pela vida de muitos que estão saindo atoa para passear ou fazer compras em lojas de roupas de donos irresponsáveis que abrem escondido.
Vai ter gente que não concorda comigo.
É um direito não concordar.
Só não é direito transmitir o vírus. Espalhar o vírus pela cidade ajudando a aumentar o número de infectados e de mortos.
Desculpa. Vou continuar falando dos mortos porque eles já não podem falar.
Sextou.
Juízo moçada. Muito Juízo, respeito e solidariedade.
Lembrando sempre que:
O outro somos nós diferentes.
Bom diaaa!
(Proteus).


SABADO - O CERTO E O ERRADO:
Pois é...
Estive pensando sobre os conceitos de Certo e Errado.
Ao longo da sua existência, a raça humana foi definindo esses conceitos de acordo com as suas necessidades. Necessidades coletivas, já que toda nossa existência se deveu a essa capacidade agregadora de viver juntos, se protegendo e interagindo para enfrentar os constantes problemas apresentados pela Natureza, pela vida.
De forma geral, o Certo significa o que é bom para todos os seres humanos. Para a coletividade.
O que facilita e permite a sobrevivência do grupo.
O Errado, seria o contrário do Certo.
Aquilo que, de alguma forma prejudica a existência do grupo.
Então, ficou aos poucos convencionado de que, manter a vida de uma única pessoa era certo, já que o grupo é formado de pessoas e sem pessoas não há o grupo.
Tudo que for favorável à manutenção da Vida de um ser humano seria bom.
Incluiriam nessa categoria, todo o aprendizado para se conseguir alimentos, vestimentas, moradia, manutenção saudável do corpo.
O indivíduo importa. E tudo que for bom para a sua continuidade - desde que não prejudique o grupo - é o Certo.
Da mesma forma, tudo que for contra a Vida e a sua manutenção. Tudo que for desagregador e nocivo à Vida de um e consequentemente, do grupo, seria o Errado.
Nessa categoria se incluiria o egoísmo excessivo, o individualismo extremo, as ações que prejudicam ao próximo e ao grupo.
Hoje é Sábado.
Talvez a primeira ideia de se criar um dia para o descanso geral do grupo, evitando o desgaste dos que trabalhavam como escravos ou como empregados assalariados de Sol a Sol.
A força da religião foi usada para impor como coisa Certa e sagrada, o descanso aos Sábados.
Claro, que com o tempo, o radicalismo mascarado de fé, tornou a imposição do descanso nos Sábados, quase irracional.
E foi necessário que um homem, dito Santo e depois elevado ao status de Deus, dissesse que a Vida é mais importante que o Sábado. Que o Sábado existia para o Homem e não o contrário.
A medida que a Humanidade evoluiu – em muitos aspectos, uma evolução questionável – o conceito de Certo e Errado foi variando e mudando.
Dentro dos grupos iguais, começaram a surgir vozes discordantes sobre o que seria Certo ou Errado.
Em algum momento da história humana, foi aceito como Certo a escravidão de homens pelos homens com justificativas frágeis que mascaravam o verdadeiro objetivo, que era explorar gratuitamente a força de trabalho do outro que pensava diferente ou tinha uma cor diferente ou pertencia a um outro grupo.
Depois de séculos de exploração, e de lutas constantes dentro dos grupos, se chegou a conclusão de que era Errado escravizar.
Mas era Certo fazer com que homens mulheres e crianças trabalhassem 15 horas por dia.
Até que um dia, depois de muita luta, isso também virou o Errado.
Então, ficou claro que a medida que os grupos humanos cresciam e aumentavam em número, o conceito de Certo e Errado que deveria ter sempre como parâmetro todo o grupo, passou a ter visões diferentes em defesa de categorias mais fortes mesmo que em menor número dentro do grupo maior.
Houve um desvirtuamento do que é Certo e Errado para favorecer o grupo dominante.
E esse desvirtuamento também ocorreu nos grupos religiosos, que passaram a considerar o Certo e o Errado de acordo com as suas crenças.
No fundo, bem lá no fundo, sabemos que o Certo é o que é bom para todos do grupo como um Todo, respeitando a diversidade e especificidades de grupos menores e categorias que o compõem, desde que não prejudiquem o Todo.

Então o Certo seria:
- Utilizar a natureza com moderação e respeito para que não seja destruída e não nos leve à destruição.
- Dar condições de trabalho digno, moradia, alimentação, estudos e saúde a TODOS os membros do grupo e ampliando para toda a Humanidade.
- Respeitar a diversidade cultural, étnica, racial, sexual de todos os grupos que compõem o Grupo Maior e toda a Humanidade.
- Respeitar a história e os suportes da memória de todos os grupos e da Humanidade.
- Pensar sempre no bem da coletividade para se preservar a Vida de todos os membros do que chamamos Humanidade, estendendo esse bem a todo o planeta como um todo.
- Manter uma justiça que leve sempre em conta toda a sociedade e suas especificidades, punindo justa e adequadamente os que prejudicam o Grupo Maior e os grupos menores dentro do Todo. Claro, que, permitindo o contraditório e a defesa justa.
Então, Certo é tudo que contribui para que um grupo ou nação se desenvolva com criatividade e diversidade, tendo como meta a qualidade de vida de TODOS que compõem esse grupo ou nação.
Devo ter esquecido alguma coisa...
Bem, tudo que for contrário a isso deveria ser considerado Errado.
É errado tentar prejudicar parte dos homens para favorecer um grupo econômico específico.
É errado tentar subjugar outras culturas e visões culturais impondo o que se consideram Certo para apenas uma parcela privilegiada do grupo.
Na verdade, é Errado até mesmo que haja uma parcela privilegiada no grupo.
Todos deveriam ter oportunidade e chances iguais em tudo.
Qualquer visão que limita a expressão e comunicação dos Homens é Errada.
Qualquer visão que quer se impor à força sobre a maioria do Homens é Errada.
Qualquer visão que quer destruir o planeta explorando-o desesperadamente é Errada.
Qualquer visão que subjuga mulheres, opções sexuais, etnias, raças, minorias diversas é Errada.
Qualquer visão que não pensa na Vida em primeiro lugar é Errada.
Então, nós que hoje estamos perdendo uma média de mil indivíduos por dia para um vírus, devíamos pensar porque isso está ocorrendo.
Qual a atitude Certa de cada um de nós para que o vírus seja controlado?
Para que o vírus não espalhe mais?
Não crie um colapso na saúde superlotando de doentes os hospitais e matando nossa população?
Pois é, a Quarentena, o Isolamento ainda é a melhor defesa contra o vírus.
É o Certo.
O Errado é sair quebrando o isolamento para passear, se juntar em grupos nas ruas sem respeito à distância mínima.
Para o vírus essas são atitudes Certas. Estão ajudando a sua continuidade e sobrevivência.
Mas para nós seres humanos, a quebra do isolamento pelos egoístas e individualistas está prejudicando a nossa sobrevivência e fica difícil pensar em retornar à normalidade.
Não existe economia sem gente saudável para trabalhar. Sem Vida.
E tudo que for contrário à Vida é Errado.
Pois é, toda essa ladainha para te pedir:
Fica em casa. Se for necessário sair, use máscara e mantenha distância.
FAÇA A COISA CERTA!
Bom Sábado
Bom Diaaa!
(Proteus).

DOMINGO – COISAS DO VALE:
A memória é uma coisa interessante.
Do nada lembrei do Vale do Jatobá, onde morei dos dez aos quinze anos.
Cedinho, mesmo nas manhãs frias ouvia o grito do padeiro cortando o silêncio.
- Padeirooo!
Aquele grito, no início me parecia sobrenatural, solto no ar. Sem uma boca e garganta que o emitia.
E era mágico.
Sempre após a sua passagem, sabia que ia encontra na sacola de pano previamente esquecida no lado de fora da porta da cozinha, uma bisnaga de pão ainda quente.
Minha mãe recolhia a sacola e logo íamos tomar café nos preparando para ir para a Escola.
Um dia o grito do padeiro ganhou boca, garganta e corpo, quando o vi pela janela.
Uma figura de jaleco e boné brancos carregando uma enorme cesta abarrotada de pão.
Seria de se esperar que a magia se diluísse após esse encontro da boca que gritava a palavra mágica, que fazia surgir o pão que nos alimentava todas as manhãs.
Isso não aconteceu. Só aumentou o respeito e a curiosidade por essa pessoa boa que entregava pão de casa em casa.
Devia ser muito rica e sem muito o que fazer para sair com chuva ou com escuridão para levar pão para todo mundo.
Havia outras mágicas e constantes presenças sem as quais o dia não nasceria bem.
Logo depois do padeiro, vinha o Luís e o seu tradicional assovio chamando os seus três cachorros.
E então o dia podia nascer com todos os seus sons, Sol e correria para ir para a Escola.
Eu corria para ir para o Colégio SESI Minas "Hamleto Magnavacca", onde chegava às seis e meia, antes de todos os alunos e professores.
Encontrava o portão fechado sempre, já que a aula só começava às sete horas.
Fazia isso desde o grupo e depois continuei a fazer quando estudei no IMACO.
Era o primeiro a chegar na porta do Colégio escondido no meio das árvores do Parque Municipal.
A diferença é que no IMACO eu tinha concorrência. Um outro aluno queria me destronar do posto de “primeiro a chegar”. De certa forma isso animava o dia. Ter um concorrente nessa disputa sem prêmio ou troféu. Mas isso foi alguns anos depois, quando voltamos para a Sagrada Família.
O Vale do Jatobá sempre foi um lugar diferente e mágico para nós crianças.
Logo quando mudamos para lá - em 1968 - não havia água nem luz e as casas da COHAB eram todas iguais.
Quando íamos à bica buscar água, eu sempre me perdia. Demorava para acertar a nossa casa.
Acabei criando um método simples para saber qual era a nossa casa.
Um dia contei as casas. A nossa era a sexta depois que a rua 240 começava.
Não havia erro. Sempre acertava. Ela nunca saiu do lugar.
Com o tempo, humanos que somos, fomos deixando nossas marcas nas casas.
Uma cortina, uma cor diferente, um cercado de arame.
O bairro deixou de ser um pombal homogêneo.
Depois do Vale, nunca mais vi esse tipo de padeiro.
Ou alguém como o Luís e seu assovio.
Ah, tenho as meninas da Padaria e o pardal que canta às vezes.
A vida é dinâmica.
Eu, nem de longe, sou mais aquele menino acordando com o grito do Padeiro.
Hoje sou um quase velho acordando com a algazarra das meninas da Padaria.
Domingo... Vamos que vamos. Bom diaaa! (Proteus).

 SEGUNDA FEIRA - O CAFÉ NOSSO DE CADA DIA
Hoje dormi bem.
Acordei tarde para os meus padrões.
Nem ouvi as meninas da Padaria.
Nem café fiz.
Minha filha número quatro acordou mais cedo e fez.
Me senti um rei.
Voltei no tempo em que minha mãe fazia tudo
e eu não sabia nem fazer uma água doce.
E pensar que foi assim até o meu primeiro casamento, quando eu tinha 32 anos.
Filho mais velho com três irmãs, só entrava na cozinha para pegar as coisas.
Quando casei, nunca tinha fritado um ovo.
Lembro a alegria que senti quando fiz uma sopa.
Me vangloriei com o meu sogro que apenas sorriu.
Devia estar pensando. “coitado desse moço, fez essa sopa de tudo com macarrão derretido e está se achando.”
Sô José só pensou. Não disse nada. Era um bom sogro.
Antes de casar tive uma outra experiência na cozinha lá na casa da Selma, nos bons e saudosos carnavais que passávamos na Sabará dos anos 1980.
Fritei um ovo com limão.
Miguel – um arquiteto do IEPHA – percebeu logo que eu era amador e fez altas piadas sobre o ovo com limão, que por sinal ficou do jeito que nós sabemos que fica um ovo com limão.
Desculpa, nós não.
Acho que ninguém inteligente já tentou fazer ovo com limão.
Não culpo minha mãe pela minha pouca intimidade com a cozinha.
Fazia parte da visão de mudo dela.
Hoje sei fazer comida que só eu como.
Macarrão ao molho vermelho com omelete. Macarrão com molho branco acompanhado com o que tiver. Macarrão alho e olho com ovo frito e bolinho de soja.
Arroz socialista. (grãozinhos muito unidos).
Miojo. Lasanha e torta de palmito... Do Epa.
No passado as meninas até comiam minha comida.
Foram crescendo e ficaram metidas. Não sei por quê.
Preferem comprar comida pronta.
Falta de respeito com o pai.
Pois é... Hoje acordei tarde e tomei café da minha filha.
Estava bom...
Bom diaaaaa! (Proteus).


TERÇA FEIRA – TOC-TOC:

Pois é... Terça Feira.
Terça é o que podemos chamar de o dia em cima do muro.
Não estamos mais no início da semana e não estamos no meio,
E estamos longe do fim.
Terça, na verdade deveria se chamar Segunda.
Ninguém na verdade acredita que a Semana começa no Domingo.
Começa na Segunda, que deveria se chamar Primeira.
A falta do que fazer nos faz pensar o que poderia ser considerado ridículo.
Mas aqui estamos na Terça, um nome inventado pelo Ser Humano para diferenciar um dia do outro. Como se os dias precisassem ter nomes para serem diferentes.
Todos os dias são diferentes, mesmo que pareçam iguais, queiramos ou não.
Nosso corpo sabe e sente esse passar dos minutos, horas, dias, em que fios de cabelos ficam brancos, a pele ganha linhas e a mente, mesmo que um pouco mais lenta, ganha sabedoria.
E nesse acúmulo de dias, nossa memória detém aqueles momentos que, de alguma forma nos marcaram pela tristeza, pela alegria, por significar um marco de transição para uma nova etapa de nossas vidas.
Um desses dias foi a palestra sobre o “Mente Control” uma metodologia criada por um tal de José Silva. Não lembro quem me convidou ou como fui parar lá.
Só sei que a primeira palestra era de graça e eu entrei.
Isso ocorreu em 1980 e mudou minha vida.
Um simples condicionamento ensinado no primeiro dia da palestra acabou ou no mínimo, me fez controlar a timidez e eu me tornei o que sou hoje.
Foi uma revolução.
O cara tímido que não conseguia nem mesmo conversar com uma garota, virou um “galinha “.
O cara que não conseguia falar em público, passou a palestrar com certa desenvoltura para calouros na faculdade e até fez parte de uma chapa disputando uma eleição do DA.
Que revelação para os amigos. As filhas e o sobrinho sabem desta história.
Uma palestra de duas horas mudou a vida do Carlinhos.
Tudo o que sou se deveu àquela noite.
Às vezes me pergunto: O que eu seria se tivesse feito uma semana do curso?
Pois é...
Alguns momentos marcam e mudam a vida. Para o bem ou para o mal.
Vivemos momentos assim.
A oportunidade para nos transformar em algo melhor está batendo na porta de todos.
Muitos não estão ouvindo os “toc-tocs”.
A maioria ouve e não abre a porta.
Os poucos que abrirão serão transformados.
“PERA AI!” Dirão vocês. “Ensina para a gente o que você aprendeu naquela palestra.”
Eu não.
Já fiz muito em ser garoto propaganda do Mente Control.
Na verdade, nem sei se ainda existe.
Mas vou dizer uma coisa para vocês:
A oportunidade de mudança bate na nossa porta todos os dias.
Pode ser uma palestra.
Pode ser um texto de um amigo. Uma poesia.
Pode ser uma pandemia.
TOC-TOC...
Bom diaaaa! (Proteus).

QUARTA FEIRA – SIDARTA

Pois é.... Mais um dia.
Agora sim, meio da semana.
E temos que ter paciência e esperança...
Se isso é possível no país das Maravilhas.
Lembrei da frase de Sidarta – Personagem de Hermann Hesse,
que, no início da sua caminhada em busca da iluminação, sabia fazer três coisas:
“Sei pensar. Sei esperar. Sei jejuar.
Isso resolvia muita coisa para ele em um mundo mais simples.
Eu, sei pensar... Alias, pensar é o que mais faço hoje em dia.
Pensar vem me permitindo entender ou não entender muita coisa
que acontece no Mundo e principalmente nesse hospício surreal que o Brasil se transformou. Pensar...
Para muita gente pensar é que é o problema.
Quando a vida era dinâmica, pensávamos em pegar o ônibus, em terminar a tarefa que começamos ontem. Pensávamos nos simples problemas diários de uma vida que não se restringia só a nossa casa.
Não pensávamos muito em nós. Isso era coisa de filósofo e de gente em depressão.
Agora, para quem ainda cumpre o isolamento, pensar leva à depressão – são poucos os filósofos.
 Eu disse: para quem ainda cumpre o isolamento, já que tem gente que vive em outro mundo. No mundo de Alice onde nenhum mal chega.
“Sei esperar”.
Eh, como dizem quem espera sempre cansa... Ou algo assim.
Mas não temos escolhas. Temos que esperar.
Eu espero. Tu esperas,  Ele espera, Nós esperamos, vós esperais, Eles esperam.
Esperar pode significar não agir, não tomar decisões, não fazer nada.
Ou aguardar com calma ou não, que algo aconteça...
De preferência para o bem.
Nem sempre é assim na vida real, mas vamos esperar. Temos que esperar ou não vai passar. Para passar temos que continuar seguindo as orientações de quem realmente sabe o que faz e pensa na coletividade.
“Jejuar”.
Ai a coisa pega.
Ficar isolado não facilita essa prática para os menos pobres, os de classe média e os ricos. Ao contrário: o isolamento nos faz comer mais.
Como disse, para quem tem comida em casa ou dinheiro para comprar.
Grande parte de nós brasileiros está fazendo jejum obrigatório.
A coisa está feia e desculpem, mas vai ficar mais feia lá na frente.
Bem, eu não estou jejuando. E nem quero.
Na verdade, comer ajuda a pensar em outras coisas e a esperar pelo passar das coisas e a volta de uma nova normalidade no futuro.
Normalidade que virá, se conseguirmos manter o isolamento e esperarmos que o vírus canse de nós brasileiros.
Ou que alguém desenterre a cabeça de burro que enterraram em Brasília e  saiamos deste turbilhão surreal em que nos enfiamos.
Vamos lá.
Não somos Sidarta, mas cada um de nós tem que ser criativos pensando coisas interessantes para fazer enquanto esperamos.
Deixemos o jejum para os mais fortes e para os religiosos.
E quem puder, por favor, ajude a quebrar o jejum de alguém necessitado.
Bom diaaaa! (Proteus).

QUINTA FEIRA – O SENTIDO DA VIDA
Qual o sentido da vida?
Em algum momento, todos nós já paramos para pensar sobre isso.
Lembro da minha mãe contar que uma vez minha avó Carmem entrou em depressão pensando sobre o sentido da vida.
Devia ser uma novidade uma dona de casa com onze filhos ter tempo para pensar no sentido da vida.
Acho que não descobriu a resposta. Voltou ao “normal” aceitando a sua vida como era.
Pois é... Qual o sentido da vida?
Duvido que o Toby - nosso cachorro - algum dia tenha pensado sobre isso.
Os micos que apareceram na minha janela ontem, muito menos.
Somente nós, Seres Humanos, perdemos ou achamos tempo para pensar no sentido da vida
Como somos diversos, com culturas diversas, diversas crenças e realidades, acredito que teremos várias visões sobre o sentido da vida.
Generalizando, o sentido da vida de um artista plástico poderia ser realizar uma obra prima.
Para um poeta, seria escrever o mais lindo poema.
Para um pedreiro, seria construir a casa mais linda.
Mas não somos somente as nossas profissões e atividades.
Somos complexos e de várias leituras.
Para uma mãe, o sentido da vida poderia ser a realização e felicidade de seus filhos.
Para um jovem. pode ser conseguir terminar os estudos, ter uma profissão, construir uma família, ter filhos e viver bem. E isso não exclui outros sentidos como os religiosos.
Pois é... Qual o sentido da vida?
De uma forma fria, todas as vidas podem se resumir em: Nascer, viver e morrer.
Lembrei de novo do Conde Fosca – aquele imortal depressivo.
Ele diria: “É preciso muita força... Muito orgulho ou muito amor para crer que os atos de um homem têm importância e que a vida vence a morte.”
“Nem todo mundo consegue fingir que existe.”
“Por que viver, se viver é apenas não morrer?"
Bem, assim pensa Fosca. Não penso como ele.
Há os que pensam apenas em si mesmos ou em seu pequeno grupo familiar.
Que acham que a vida é para ser sugada, espremida, subjugada, dominada para lhe dar prazer e satisfazer seus desejos egoístas e prepotentes.
Temos exemplos evidentes no passado e no presente.
Não creio que esse tipo gente seja realmente feliz.
Não se pode ser feliz destruindo vidas e coisas para se tentar ser feliz.
Não penso como esse tipo de gente e nem como o Fosca.
Claro que não. Na verdade, acredito que para se viver não se precisa ter necessariamente um sentido. Viver já é o grande sentido da vida.
Desfrutar deste curto espaço de tempo que nos foi destinado, da melhor forma possível.
Sem prejudicar ninguém. Sem fazer mal a ninguém.
E tentar fazer as coisas que nos cabem fazer, pensando na continuidade digna da nossa espécie e do planeta como um todo.
Lá vem Carlinhos com papo de autoajuda.
E por que não? Querem um sentido para a Vida?
Vivam. Vivam com dignidade, respeito a vocês e aos outros. Respeitem aos outros seres vivos e à natureza. Vivam sem fazer mal a ninguém. Ao contrário, façam o bem todos os dias. Um pequeno bem que seja, a um conhecido, a um desconhecido. Não importa.
Façam o bem. Não sejamos como o Fosca ou os egoístas.
Talvez esse seja o sentido da vida.
Deixar essas pequenas ações que poderão ajudar a transforma o Mundo.
Bom diaaaa! (Proteus).



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